por Soryu
(2018)
Em 19 de janeiro de 1960, foi aprovada a lei indiscutivelmente mais controversa da Dieta japonesa. A aprovação do "Tratado de Cooperação Mútua e Segurança entre os Estados Unidos e o Japão", ou "Anpo" para abreviar, causando protestos generalizados e foi provavelmente o único momento na história japonesa do pós-guerra em que um espectro completo da sociedade se uniu a uma causa e protestou contra o que era visto como um rolo compressor da democracia parlamentar. O então Primeiro Ministro do Japão, Kishi Nobusuke, utilizou as mecanizações democráticas para forçar este projeto de lei e tratado através da Dieta.
As ramificações políticas e geopolíticas do Anpo serviram apenas para reforçar e revisar um tratado de paz que havia sido assinado em 1951 (Tratado de São Francisco), que viu a castração do poder geopolítico japonês e de sua soberania. Os americanos puderam exercer legalmente sua influência e seus interesses na política interna japonesa sem consequências. Após a assinatura desse tratado, vieram os sangrentos protestos do Dia de Maio, que foi sem dúvida o protesto mais sangrento da história japonesa do pós-guerra. A aprovação do Anpo também justificou a ocupação de Okinawa, um território a ser utilizado para as aventuras ultramarinas dos Estados Unidos.
No contexto da Guerra Fria, forçou o Japão a estar do lado da América. Nas proximidades estavam a União Soviética e a República Popular da China, ambas encarando Anpo como uma ameaça direta. Havia a preocupação de que a América não via o Japão senão como uma garantia. Os protestos começaram a aumentar em maio de 1960, quando os soviéticos anunciaram que atacariam qualquer base que enviasse aviões espiões americanos. O Japão, castrado e sua soberania geopolítica praticamente inexistente, foi forçado a se tornar um alvo. O início do pós-guerra foi forjado com protestos como estes, e as tensões no Japão nunca mais atingiram um nível tão alto.