por Maurizio Rossi
(2020)
Através do magistério de Adriano Romualdi, tivemos o privilégio de poder unir nossa alma com a alma mais profunda e remota da Europa, a pátria continental ancestral de nossos povos. Aproveitando suas energias sempre preciosas e sempre presentes, suas poderosas raízes espirituais, culturais, étnicas e políticas que foram plenamente incorporadas naquela longa marcha da revolução europeia que marcou de forma indelével o século passado.
Romualdi escreveu a este respeito, reconfirmando os imperativos de uma luta milenar:
"O primeiro dever é lutar pela restauração da Ordem. Não esta ou aquela ordem em particular, esta ou aquela fórmula política contingente, mas a Ordem sem adjetivos, a hierarquia imutável dos poderes espirituais dentro do indivíduo e do Estado que vê no topo aqueles ascéticos, heroicos, políticos e na base aqueles meramente econômicos e administrativos. Para a criação deste Rangordnung, da hierarquia renovada das fileiras defendida por Nietzsche, os homens dos movimentos nacionais se sacrificaram na catástrofe de 1945. Hoje, tendo extinguido a luz extrema da estaca que consumiu com a própria Europa a última elite política de nosso continente, grandes sombras, vastos silêncios caem cada vez mais espessos no crepúsculo do Ocidente".
Quarenta e sete anos se passaram desde aquele fatídico 12 de agosto de 1973 que anunciou a morte trágica e prematura de Adriano Romualdi. Um acidente de carro dizimou a existência terrena de uma figura magnífica, apagou a voz de um severo professor de vida e pensamento.
Uma personalidade já conhecida por sua consistência inexpugnável e por sua intransigência igualmente inabalável. Apenas quarenta e sete anos nos separam dessa catástrofe e, no entanto, parece que passou uma eternidade, pois houve tantas mudanças, metamorfoses e eventos que, para o melhor ou para o pior, especialmente para o pior, marcaram este segmento da história contemporânea. Nações e povos não são mais forçados a respirar a atmosfera mefítica criada pelos cenários da Guerra Fria, aquela estação plúmbea que, em meio às dobras de uma estagnação consolidada, permitiu, no entanto, vislumbres tímidos cheios de anseios de mudança e, ao mesmo tempo, cheios de expectativas que, no entanto, foram apagadas no dia seguinte à queda da "Cortina de Ferro", irremediavelmente desconsiderado, deixando o campo europeu indefeso contra a investida do projeto universalista e globalista do desenraizamento dos povos levado às extremas consequências pelo liberalismo na cultura e nos costumes e pela plutocracia capitalista na perversão das economias nacionais.
Foi justamente contra esta ameaça, contra a desfiguração da face da Europa, que havia sido engolida em uma Babel de um conjunto mundial de desenraizados e cosmopolitas, que as reflexões precisas de Adriano Romualdi se voltaram. Já naquela época ele advertia contra a desertificação moral e espiritual que surgiria dos futuros cenários pós-Guerra Fria, inclusive aqueles que seriam provocados pelo pós-marxismo, fazendo referência oportuna ao enorme perigo que uma Europa cada vez mais exausta correria. Em outras palavras, quando as culturas europeias seriam dissolvidas em nome do cosmopolitismo, quando todos os homens seriam homologados e quando todos os valores fundadores de uma civilização com mais de mil anos seriam obliterados pelo individualismo liberal, pelo materialismo hedonista, pela deformação da alma, pelo indiferencialismo racial e pela respeitabilidade burguesa.
Romualdi enfatizou a necessidade urgente de que os melhores europeus, os de bom sangue, promovessem uma Weltanschauung revolucionária e tradicional que recupere e valorize todos aqueles aspectos qualificados e importantes que caracterizaram e identificaram as experiências nacional-populares anteriores, para que possam ser criadas as condições para o surgimento de uma Weltanschauulicher Stosstrupp, uma tropa de assalto no campo da visão do mundo, enraizada pela Tradição, pelo laço de sangue, pelo poder do espírito.
A abordagem fideísta que uma certa esquerda progressista manifestou ao longo do tempo em relação aos Estados Unidos, e especialmente em relação ao americanismo, sua democracia e o perturbador modo de vida americano, só poderia ser a confirmação final da ligação que sempre existiu entre o marxismo e o liberalismo, da matriz comum que pode ser encontrada tanto no marxismo cosmopolita quanto no capitalismo global igualmente cosmopolita.
Algumas e poderosas referências eram então necessárias para substanciar a luta, tais como Evola, Nietzsche, Platão.
O próprio Platão, proponente da vida como a totalidade da alma e do corpo, da predominância dos valores políticos sobre a organização econômica e da total subordinação dos mesmos às necessidades da comunidade, aquele que foi o promotor de rigorosas medidas eugênicas visando a saúde do povo e de uma concepção qualitativa particular de educação e seleção no contexto de uma visão totalitária do Estado, era corretamente apresentado por Romualdi como o precursor ideológico dos movimentos nacional-populares do século XX, seguindo de forma consistente na esteira de Hans Friedrich Günther.
Acima de tudo, Adriano Romualdi é creditado por ter feito uma contribuição decisiva para reescrever a linguagem política, passando-a da escala nacional para a europeia, assumindo um amplo escopo continental. De fato, a partir daí, a reivindicação de um nacionalismo europeu interpretado como o vetor de uma terceira força de oposição aos imperialismos ocupantes equivalentes representados pelos EUA e pela URSS caracterizou um novo caminho militante emocionante.
Adriano Romualdi estava firmemente convencido de que a Segunda Guerra Mundial havia decretado o fim dos nacionalismos chauvinistas das pequenas pátrias, inaugurando ao invés disso a nova fase dos nacionalismos continentais. Fortalecido por esta convicção, sua profundidade ideológica e cultural voltou sua atenção principalmente para o nacional-socialismo.
Em essência, para Romualdi, a começar por Hitler e o nacional-socialismo, especialmente após a invasão americana do continente europeu, o choque não seria mais entre nações individuais, mas entre continentes. Era, portanto, uma oportunidade decisiva para a Europa recuperar a centralidade que lhe havia sido retirada pela irrupção das superpotências americana e soviética no cenário mundial.
Para Adriano Romualdi, o nacional-socialismo representou uma salutar e drástica ruptura com as antigas e ultrapassadas concepções diplomáticas e visões estreitas da política externa que haviam marcado as épocas passadas das nações europeias; a partir daquele momento, uma nova estação geopolítica seria inaugurada com base na convicção que Adolf Hitler tinha, isto é, que na era da constituição dos espaços continentais sem limites representados pelos EUA e pela URSS, era preciso pensar necessariamente em termos de grandes espaços geopolíticos de poder, portanto somente os vastos horizontes de um Grossraum europeu poderiam ter salvaguardado a continuidade de certas especificidades históricas e espirituais.
Com Adriano Romualdi, a imagem geopolítica da Europa e o mito da Europa voltaram à luz em todo o seu poder através da ciência das raízes indo-europeias e das origens arcaicas, com a constatação de que a própria concepção de civilização da Europa não tinha mais um mero valor histórico e folclórico, mas ser a expressão viva de uma espiritualidade arcaica e solar, de um sentimento de vida que se traduzia em uma visão ideal e agonística, de símbolos e personalidades com um caráter inato e não adquirido, qualidades que eram próprias do universo ário primordial. Ainda a este respeito, Adriano Romualdi voltou a propor o fascinante motivo indo-europeu como centro de gravidade da ideia revolucionária de um novo nacionalismo europeu fundado no sangue e no solo, na herança dos antepassados, como referência indispensável para o que ele conotou como as energias europeias sobreviventes, explicando que:
"Pela ideia ária, não queremos dizer apenas um sentido saudável de pertencimento à raça branca, mas a aceitação consciente dos valores nos quais a tradição indo-europeia toma forma na história da civilização. Uma unidade espiritual existiu desde a Islândia germânica até a Índia indo-ária, uma unidade que deixou sua poderosa marca em monumentos épicos como a Ilíada, o Mahabharata e os Nibelungenlied. Dentro desta unidade floresceu a Grécia e Roma, os valores aristocráticos, qualitativos e agonísticos do mundo clássico. A consciência desta tradição de sangue e espírito, seu contraponto às formas de religiosidade semítica que se infiltraram no crepúsculo do mundo clássico, e que retornam hoje como forças dissolventes, poderia ser de grande importância para a definição de uma visão de mundo especificamente europeia".
Um mito europeu que estava ligado à consciência do inevitável crepúsculo do Ocidente, um crepúsculo que pesava como uma rocha, já predito por Oswald Spengler e uma vasta literatura sobre a crise, muitas vezes de origem germânica, bem conhecida e estudada por Adriano Romualdi e que o levou a identificar da maneira mais prenhe o que os movimentos fascistas europeus e sobretudo o nacional-socialismo deviam ao trabalho de Nietzsche, ou seja, a uma consciência historicamente nova, a consciência do advento fatal do niilismo, ou seja, da iminência do fim da História. O cristianismo como um projeto mundano propagado por uma igreja cada vez mais secularizada, a democracia, o liberalismo e o capitalismo, o marxismo e o comunismo pertenciam todos coletivamente e indistintamente ao campo unitário do igualitarismo, do chamado humanismo.
Suas filosofias e ideologias podem ter diferido em detalhes e até mesmo contrastado temporariamente umas com as outras, mas em essência, como um todo, obedeceram ao mesmo sistema de valores.
Adriano Romualdi havia finalmente encontrado o princípio de ação no sistema de valores proposto por Nietzsche, e o destino comum na imagem cativante do novo homem que iria além do fim inevitável da história, ao qual dois mil anos de igualitarismo e humanismo nos haviam biblicamente condenado.
O apelo de Adriano Romualdi a todos os "bons europeus" para despertar de seu torpor e voltar a abraçar a batalha do orgulho europeísta através da consciência de um novo nacionalismo europeu militante que, ao renovar as raízes culturais e populares arcaicas e ancestrais das origens indo-europeias da Europa, encontraria as maiores motivações para justificar e legitimar perante a História sua ação política superior de retificação e reordenamento.