17/12/2025

Alfonso Piscitelli - Faye: Uma Vida Faustiana entre Evola e Marinetti

 por Alfonso Piscitelli

(2019)



A vida de Guillaume Faye foi uma grande diversão: provocações políticas, alto teor alcoólico, sexo, ideias fortes e até excessivas. Uma vida sob o lema "sexo, drogas e nova direita", parafraseando um velho ditado. Depois, a morte se apresentou a ele em toda a sua seriedade, anunciada pelo embaixador da dor, durante o curso de uma longa doença. Quem o conhece diz que ele enfrentou seu crepúsculo com o mesmo espírito faustiano dos anos de vigor: fazendo planos até o último dia, que foi 7 de março.

Faye cultivava em si o que os românticos chamavam de "streben", um impulso incansável de ir além, de buscar a superação, de estabelecer uma meta no infinito. É a mesma pulsão que Oswald Spengler identificou nas catedrais góticas, com seus pináculos projetados para o céu; e que Adriano Romualdi reconheceu nas próprias conquistas espaciais dos anos 1960. Indo além do tradicionalismo que na França teve René Guénon como mestre, Faye escreveu em seu livro-manifesto "Arqueofuturismo" que é preciso conciliar Evola e Marinetti, ou seja, a referência às raízes profundas que não congelam com um impulso à inovação e à criatividade do Homo Faber. Por outro lado, se nossa tradição é a dos europeus que surgiram nos primórdios da Idade do Ferro em carros de guerra (… as naves espaciais da época), então seria incoerente com nossas origens e, portanto, "anti-tradicional", tornar-se imobilista ou idolatrar algum período do passado, como fazem os tradicionalistas presos nos muitos labirintos mentais da nostalgia (medievalistas, bourbônicos, neofascistas, papalinos, neopagãos…).

Claro, Faye regava essa sua epopeia histórica com o alto teor de suas provocações: imaginava mutações genéticas no estilo Marvel, invocava o retorno a costumes arcaicos que, ao mesmo tempo, se conciliavam com as tecnologias mais ousadas. Em tudo isso, também foi capaz de acertar previsões audaciosas. Em meados dos anos 1990, a Rússia estava de joelhos, à beira da dissolução, mas Faye intuiu que o ponto cardeal Leste poderia se tornar uma referência para a revigorização europeia e oferecer um forte antídoto à crise do Ocidente.

O irmão italiano de Faye era Giorgio Locchi, um autor criminosamente esquecido. Como Locchi, Faye cultivava o gosto por quebrar as regras do linguagem "politicamente correto". Em "O Sistema para Matar os Povos" (1981), Faye já dizia que a globalização estava abrindo a caixa de Pandora de todos os males; em "A Colonização da Europa", ele repete seu não categórico à "substituição étnica" da Europa e à criação de áreas densamente islamizadas no continente. Em "Avant-Guerre", escrito logo após o 11 de setembro, ele anuncia, com uma evidente exageração polêmica, o advento de um período hobbesiano de bellum omnium contra omnes: um conflito interétnico no estilo de Ruanda. Sim, ele exagerava...

Mas é preciso dizer que ele exercitava a arte da provocação também em relação ao seu próprio meio, que, no fundo, era a extrema-direita mais do que a nova direita de Alain de Benoist. Em certo momento, ele escreveu que era preciso parar de acusar os judeus de todos os males do mundo e acabar com o negacionismo do Holocausto. Essa frase lhe rendeu outros inimigos e — podemos imaginar — mais diversão goliárdica.

Como considerar um autor que, em cada página, desafiou o equivalente francês da Lei Mancino e, ao mesmo tempo, atraía a acusação de "sionista"? Seria tentador defini-lo como um brincalhão, na melhor das hipóteses, um bon vivant. Mas basta refletir sobre esta passagem de "Arqueofuturismo" para entender que, por trás de seu dionisismo político, havia um Logos: "É preciso reconciliar — escrevia Faye no livro publicado no fatídico limiar do ano 2000 — Evola e Marinetti; pensar juntas a tecno-ciência e a comunidade imemorial da tradição. Nunca uma sem a outra. Pensar o homem europeu ao mesmo tempo como o deinatatos (‘o mais audaz’), o futurista, e o ser de longa memória. Globalmente, o futuro exige o retorno dos valores ancestrais, e isso para toda a Terra."

Para alguém como Faye, seria difícil formular o desejo fúnebre: "descanse em paz". Preferiríamos dizer: "descanse em streben"[busca].