14/05/2024

Aleksandr Dugin - Por Uma Nova Idade Média

 por Aleksandr Dugin

(2024)


2024 foi proclamado o Ano da Família na Rússia, mas hoje não podemos falar sobre a saúde da família. Os números de divórcios, abortos e queda nas taxas de natalidade são catastróficos, portanto, se quisermos levar o Ano da Família a sério, teremos de recorrer aos clássicos russos e deixar de lado tanto os liberais quanto os comunistas, que só aceleraram a desintegração da família. É necessário dar um passo à frente e voltar às nossas raízes, porque, do ponto de vista histórico, sociológico e antropológico, a família é um conceito que está intrinsecamente ligado ao campesinato. Na sociedade russa, por "família" entendia-se, em primeiro lugar, a família camponesa unida pelo casamento e que vivia em uma casa comum com todos os seus filhos batizados. Às vezes, a família incluía o gado pequeno (ou grande, conforme o caso), a casa, o campo, os pomares, as ferramentas agrícolas e outros implementos, bem como os "trabalhadores" (as palavras rebenok, criança, e rab, escravo, têm a mesma raiz e significam "trabalhadores menores" porque o dever das crianças é ajudar o pai e a mãe). Nos povos nômades, há, é claro, diferenças em relação à organização do território habitado pela família: cada tribo, clã ou linhagem distribuía o território para pastoreio de maneira fixa, daí as tamgas que separavam os pastos nos diferentes clãs que habitavam as estepes da Eurásia.

11/05/2024

Clotilde Venner - Giorgio Locchi e Dominique Venner: Pensadores sobre a História

 por Clotilde Venner

(2024)


Dois caminhos diferentes, mas uma conclusão comum: a história é o lugar do imprevisto e é construída por seres humanos.

Dois pensamentos que ajudam a combater a atitude de "tudo está ferrado" tão frequentemente ouvida nos círculos de direita, contra a qual Dominique sempre se insurgiu.

Mas antes de desenvolver essa ideia do inesperado, gostaria de voltar ao itinerário de Dominique e sua relação com a história.

10/05/2024

Giacomo Petrella - Os Medos Humanos Diante dos Faraós da Técnica como Musk e Gates

 por Giacomo Petrella

(2024)


Há uma terrível dissonância entre os sorrisos com os quais as instituições cumprimentam figuras excepcionais e extraordinárias como Bill Gates ou Elon Musk e o medo íntimo que o homem comum tem desses faraós da tecnologia. Alguns intelectuais riem desse medo, julgando-o precipitadamente neoludita. Eles, como intelectuais, imaginam uma passagem pronta para a nave espacial que os levará para um lugar seguro, para Marte. Sua ironia é a mesma ironia que acompanhou toda terrível devastação histórica. E talvez, para alguns deles, seja realmente assim. Não nos é dado saber.

No entanto, o medo do homem comum é bem fundamentado. Nosso bom mestre em As Abelhas de Vidro advertiu, com frieza germânica, que "a perfeição humana e a perfeição técnica não podem ser conciliadas. Se quisermos uma, teremos de sacrificar a outra; nesse ponto, os caminhos se separam. Aquele que está convencido disso sabe o que está fazendo de uma forma ou de outra".

08/05/2024

Julius Evola - O Navegar como Símbolo Heroico

 por Julius Evola

(1933)


Se há uma característica das novas gerações, é a superação do elemento "romântico"; o retorno ao elemento épico. Elas não estão mais interessadas em palavras, complicações psicológicas e intelectualistas, mas em ações. E o ponto fundamental é este: ao contrário do fanatismo e dos desvios "esportivos" das raças anglo-saxãs, nossas novas gerações tendem a superar o lado puramente material da ação, tendem a integrar e esclarecer esse lado com um elemento espiritual, retornando, mais ou menos conscientemente, a essa ação, que é uma liberação, um contato real, e não estético e sentimental, com as grandes potências das coisas e dos elementos.

Agora, há ambientes naturais que propiciam mais particularmente essas possibilidades libertadoras e reintegradoras da epopeia da ação, e eles são as altas montanhas e os altos mares, com os dois símbolos de ascensão e navegação. Aqui, de forma mais imediata, a luta contra as dificuldades e os perigos materiais torna-se um meio de realizar simultaneamente um processo de superação interna, uma luta contra elementos que pertencem à natureza inferior do homem e que devem ser dominados e transfigurados.