23/12/2022

Eric Delcroix - Imigração: A Piedade como Arma de Destruição em Massa

 por Eric Delcroix

(2022)


A invasão da Europa pelas massas do Terceiro Mundo só é possível porque os imigrantes indesejados vêm até nós armados de nossa própria piedade - o que, aliás, só provoca neles desprezo e arrogância. De memória, em Os Sete Pilares da Sabedoria, T. E. Lawrence, conhecido como Lawrence da Arábia, escreveu: "Tive pena de Ali, e esse sentimento nos degradou aos dois". O estado de decadência dos ocidentais é tal que eles são incapazes, como Jean Raspail previu n'O Campo dos Santos (1973), de se oporem a um invasor de países em plena explosão demográfica. No Ocidente, sob o império dos direitos humanos e do antirracismo, os mendigos exóticos são sagrados e despertam uma piedosa má consciência. O caso típico do Ocean Viking em novembro é marcante a este respeito. Agora o governo francês está censurando o governo italiano por não se comportar como convém a uma ordem de irmãs caridosas... Organizações poderosas, organizações supostamente não governamentais (ONGs), estão armando (!) navios que buscam imigrantes em sintonia com os contrabandistas dos quais eles são cúmplices objetivos. Esta é uma política de destruição da homogeneidade do tecido civilizacional e étnico europeu; é uma política de grande substituição de nossos povos milenares, psicologicamente desarmados por décadas de ordem moral antidiscriminatória.


Estado soberano e controle de fronteiras


O deputado Grégoire de Fournas do RN foi sancionado por ter exclamado no hemiciclo, a respeito dos passageiros indesejados do Ocean Viking: "Deixe-os voltar à África". Por esta observação de bom senso elementar, ele foi sancionado por seus pares, não pela substância da referida observação, mas hipocritamente por ter provocado o caos entre seus colegas esquerdistas! Depois dos assuntos de Jean-Marie Le Pen perante o Parlamento Europeu, este episódio disciplinar fala muito sobre a decadência da inviolabilidade parlamentar.

Um Estado que não controla suas fronteiras, mesmo que em colaboração com outros, não é mais soberano.

É claro que existem soluções, apresentadas abaixo, para conter esta imigração indesejada, mas nenhuma delas é suficientemente humanitária para os direitos humanos (as soluções 2, 3 e 4 são de fato subsidiárias, pois a medida 1 parece ser capaz de eliminar os parasitas que são legião).

  1. Recusa de toda ajuda pública ou social;
  2. Restauração de um delito de permanência ilegal no território nacional para pessoas expulsas, com uma proibição vitalícia de solicitação de residência ou naturalização;
  3. Detenção administrativa ilimitada para aqueles que não provam seu país de origem ou não obtêm um passe consular daquele país (não obstante medidas de retaliação contra o referido país);
  4. Negação de asilo político àqueles que não fornecem provas confiáveis de sua identidade (mesmo Assange e Snowden indocumentados podem provar quem são).

Se não somos mais capazes disso, surge a questão de saber se é razoável manter um exército, incongruente em um Estado cujo objeto principal são os direitos humanos e o direito de asilo universal e ilimitado (Convenção de Genebra de 1951, agora obsoleta), daí a caridade universal.

Vontade e instrumentos jurídicos


Desde 1945, sob influência americana, os Estados europeus continuaram a se enredar em laços morais que os desarmam. Para não ficarmos atolados na multidão de convenções ou tratados, mencionaremos aqui apenas os três mais salientes.

  1. A Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos Humanos e seu protocolo adicional dão à Corte Europeia de Direitos Humanos o poder de condenar os Estados, em benefício de qualquer indivíduo. O Tribunal se dá a aparência de dizer o direito, mas na realidade julga com equidade, o que lhe dá licença plena para fazer pura e simplesmente moralidade (piedade), em ruptura com nossa tradição jurídica;
  2. A Convenção de Genebra de 1951 sobre o Direito de Asilo, que fazia sentido na época, era para garantir àqueles que fugiam da Europa comunista a não repulsão e o direito correlativo de viver no mundo livre. Hoje, a Convenção de 1951 torna potencialmente elegíveis todos aqueles que vivem em países não democráticos e seguros, ou seja, cerca de sete bilhões de seres humanos... O asilo político, como desfrutado por Victor Hugo nas Ilhas do Canal da Mancha, deve continuar sendo um privilégio raro. Julian Assange ou Edward Snowden deveriam ter sido beneficiados por isso, mas nunca pessoas improváveis. Naturalmente, nenhum subsídio deve ser pago a um requerente de asilo;
  3. O Conselho Constitucional deve ser recolocado em seu lugar original, aquele anterior a sua jurisprudência de 1971 e a reforma Sarkozy que o abriu a recursos individuais (2008) à maneira americana, que nunca tinha existido na França.

Dissolução da vontade soberana


Dito isto, entretanto e no final, quando confrontados com barcos de ONGs que afirmam estar envolvidos no resgate marítimo, como o Ocean Viking, existe alguma solução?

Estas embarcações ricamente subsidiadas (notadamente por nossas autoridades locais de esquerda!) solicitam objetivamente aos contrabandistas e coletam passageiros voluntários dos barcos, 99/100 dos quais não naufragam, depois se recusam a levá-los aos portos mais próximos. Estes portos, como o Sfax (Tunísia), são considerados inseguros, uma declaração falsa e racista (um porto em um país muçulmano seria inseguro por natureza?).

Para evitar que venham exclusivamente para os portos europeus, certamente temos uma marinha militar. Mas de que serve no estado de decomposição apática de nossa sociedade e, além disso, sob a ameaça da vigilância dos juízes?

No Campo dos Santos, Jean Raspail imaginou um exercício de teste, realizado por um comandante na ignorância da tripulação a pedido do Ministério: aproximar-se de um barco carregado de invasores desarmados, homens, mulheres e crianças, e fazer com que os homens se preparassem para atirar para detê-lo. Raspail imagina então um motim dos marinheiros do "escorteur 322": "Este é o torreão. Comandante! Comandante! Não vamos atirar! Não podemos!... Esta é a metralhadora avançada. Não é possível, Comandante! Não dê essa ordem! Nós nos recusamos a obedecer" (Capítulo XXVII).

Somos capazes de resistir? Será que nosso exército ainda tem uma justificativa? O império da misericórdia promete uma rápida, impiedosa e vergonhosa decadência de qualquer nação.