por Marco Maculotti
(2020)
Existiram homens, disseminados ao longo das rondas do devir, que parecem ter nascido para cumprir uma tarefa sacral e, para suas respectivas épocas, revolucionária. Não se trata de ministros de culto, pelo menos não no sentido estrito do termo: eles são antes visionários, videntes e poetas. Já Giorgio Colli [1] demonstrou como tanto a poesia quanto a filosofia helênica foram descendentes diretos da arte da mântica, filhos de segundo casamento do encontro com o Divino e com seu enigma imperscrutável: poetas e filósofos herdaram assim a sabedoria dos iatromantes.
William Butler Yeats, juntamente com outros que o precederam (Blake, Keats, Shelley), merece entrar por direito neste panteão de almas acima do tempo. Toda a sua obra — e antes ainda, toda a sua existência — foi consagrada a uma Visão: remontando a corrente em direção contrária, ele se fez bardo numa época que havia banido todo canto, esquecido a Arcádia, negado e ridicularizado o conhecimento dos antigos Druidas.