por Aleksandr Dugin
(2004)
1. A Rússia conservadora-revolucionária
Os autores que estudavam a Revolução Conservadora alemã ou a Revolução Conservadora de modo geral (Armin Mohler, Alain de Benoist, Luc Pauwels, Robert Steuckers, etc.) sempre destacaram o papel da Rússia no desenvolvimento do pensamento conservador-revolucionário e até mesmo no uso original deste termo. -- Yuri Samarin “Revolutsionnyi conservatism”. Não se pode duvidar também da "Ostorientirung" e de certa russofilia quase obrigatória desse movimento intelectual dos jovens conservadores até os nacionais-bolcheviques alemães, passando pelos geopolíticos da escola de Haushofer. Nesse sentido, as célebres ideias radicais de Jean Thiriart sobre "o império euro-soviético de Vladivostok a Dublin" e o famoso aforismo de Alain de Benoist sobre a preferência pela boina do Exército Vermelho em vez do boné verde americano permanecem dentro dos quadros tradicionais da lógica conservadora-revolucionária mais estrita.
Mas um estudo sério e suficientemente documentado neste domínio ainda está por fazer para apreciar todo o valor intelectual e geopolítico do pensamento conservador-revolucionário dos próprios autores russos. Esta tarefa é extremamente difícil devido à falta de traduções dos escritos dos representantes do pensamento conservador-revolucionário russo para as línguas europeias. Por outro lado, este movimento permanece quase inteiramente ignorado até mesmo na própria Rússia, porque os comunistas de ontem consideravam oficialmente este movimento como "pequeno-burguês" e "nacionalista", e os democratas de hoje pensam que se trata de "chauvinistas", "patriotas" e "antissemíticos", ou até mesmo "nazistas". Apesar de tudo, o interesse pelos autores russos da tendência conservadora-revolucionária na Rússia está crescendo cada vez mais, e pode-se esperar que suas obras e ideias sejam redescobertas e repensadas pela intelligentsia russa, que começa a despertar de um longo sono ideológico. Já se pode notar que o processo intelectual de descoberta do patrimônio nacional no domínio da cultura ainda hoje possui na Rússia vários traços conservadores-revolucionários, embora muitas vezes isso ocorra de maneira espontânea, inconsciente e natural. Pode-se até ousar dizer que a Rússia em si, em sua essência, é naturalmente conservadora-revolucionária, abertamente ou secretamente conforme as circunstâncias externas.