23/08/2025

Gianfranco de Turris - Evola e os Outros

 por Gianfranco de Turris

(2022)

 

Julius Evola tinha uma personalidade multifacetada, ou pelo menos um caráter variável, humorístico, ou até mesmo lunático, como também já foi dito? É o que se poderia pensar ao ouvir os relatos daqueles que tiveram a oportunidade de conhecê-lo e frequentá-lo, já que oferecem representações diferentes, muitas vezes muito distintas e até contrastantes entre si, a ponto de parecerem invenções ou descrições de pessoas distintas.

Foi o que me ocorreu ao ouvir amigos ou desconhecidos que me contaram sobre seus encontros com o filósofo, sempre me perguntando qual era, por outro lado, a minha impressão pessoal: mesmo descontando o tempo passado, eram imagens tão distantes que eu não podia deixar de buscar uma explicação. Como repito a todos que me questionam sobre isso, especialmente aqueles que, pela idade, não puderam conhecer Evola pessoalmente, eu sempre o encontrei uma pessoa "normal", sem excentricidades ou bizarrices, exceto pelo hábito de pegar do gaveta da escrivaninha um monóculo e colocá-lo na presença de senhoras e senhoritas; nenhuma atitude de superioridade ou de "mestre", nenhuma presunção, e isso desde a primeira vez que o visitei, acompanhado por Adriano Romualdi, como acontecia com quem era jovem entre o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970. Certamente foi depois de 1968, quando eu havia escrito sobre ele no mensário L’Italiano, fundado e dirigido por Pino Romualdi, e no qual Adriano me havia convidado a colaborar (e eu até era pago por isso!).

Com ele, conversava-se calmamente sobre tudo, infelizmente não sobre algumas questões cruciais das quais só mais tarde, aprofundando sua vida e pensamento, eu gostaria de ter falado, com a sabedoria retrospectiva. Questões um pouco mais "profundas" só foram abordadas perto do fim de sua vida, em dezembro de 1973, quando fui visitá-lo com Sebastiano Fusco e tivemos uma longa conversa gravada, que publiquei postumamente, doze anos depois, como apêndice à segunda edição de Testemunhos sobre Evola (Mediterranee, 1985).

Evidentemente, ele formou uma opinião positiva de mim, embora nunca tenha dito nada a respeito, mas o fato é que ele concordou em responder às minhas perguntas para uma série de entrevistas (pelo menos quatro) em vários jornais e revistas, já tomado pela minha mania "jornalística" de divulgar suas opiniões, que sempre permaneceram em círculos restritos, mais do que qualquer outra pessoa havia feito até então — e agora reunidas em Homenagem a Julius Evola (Volpe, 1973), publicado por seus 75 anos. E, sempre por causa dessa minha mania, promovi várias delas, incluindo uma, escandalosa, que apareceu na Playmen (para grande escândalo dos moralistas de direita e de esquerda), realizada em 1970 por Enrico de Boccard, que só muito depois descobri ter sido um dos "jovens" próximos a ele nos anos 1950.

Uma opinião positiva dele e de Adriano, que só vim a conhecer recentemente, quando foram publicadas parte de sua correspondência italiana (Cartas de Julius Evola, organizada por Renato Del Ponte, Arktos, 2005) e as cartas de Adriano ao comum e infeliz amigo Emilio Carbone (Cartas a um Amigo, organizadas por Renato Del Ponte, Arya, 2013), tanto que o filósofo me propôs como colaborador da revista que o saudoso Gaspare Cannizzo queria publicar, embora ele o tivesse desaconselhado, e que saiu em 1971 como Vie della Tradizione, e também para o Cahier de l’Herne dedicado a Gustav Meyrink, publicado após sua morte.

Uma pessoa que falava de tudo e de todos, até no limite da fofoca, contando piadas como um velho amigo, sem arrogância, presunção ou atitudes de "guru". Pelo menos comigo, ele não tinha nenhum sotaque ou inflexão "romana", embora tivesse nascido e crescido na capital, com algumas viagens na infância a Cinisi, a cidade de origem de sua família, onde ainda existe a casa ancestral. No máximo, ele arrastava a letra "r" inicial das palavras "à siciliana", por ter vivido em uma família daquelas origens.

Em suma, longe de ser o personagem que surge em outras lembranças. Por exemplo, um amigo que não é "evoliano" me contou que, ao visitá-lo junto com um devoto do seu pensamento, este, ao entrar no seu quarto, prostrou-se no chão e depois absorveu em silêncio os preceitos um tanto absurdos e fora do tempo que Evola lhe ditava! Não posso acreditar que esse amigo tenha inventado tudo. Por outro lado, certa vez, com outros que foram até ele com um espírito demasiado superficial, acabou por dispensá-los, como recordou Renato Del Ponte, presenteando-lhes uma cópia de Tex, a revista em quadrinhos de faroeste então (e ainda hoje) mais duradoura e difundida, como que dizendo, na minha opinião: vocês são mais adequados a esse tipo de leitura. A bons entendedores...

Tudo isso, porém, se conecta com o que o próprio Adriano Romualdi me contava na época. Por exemplo, que diante de certos indivíduos que se apresentavam a ele dizendo: "Mestre, nós nos reunimos às segundas para ler Cavalgar o Tigre, às terças Os Homens e as Ruínas, às quartas Revolta Contra o Mundo Moderno...", Evola os interrompeu e perguntou: "E quando vocês se decidem a ler Metafísica do Sexo?". A outros, inflamados, ele aconselhou, para ganhar dinheiro, a se dedicarem ao tráfico de armas ou, melhor ainda, ao "tráfico de brancas", como se dizia na época. Em uma de suas últimas entrevistas, creio que à Panorama ou naquela publicada postumamente pelo Il Messaggero, ele disse que "o povo deve ser tratado com o chicote"...

O que significam essas afirmações singulares em relação à personalidade "normal" que eu conheci e que outros também conheceram? Depois de tanto tempo, cheguei a algumas conclusões.

O filósofo aceitava ver, falar com todos, sem preconceitos, mesmo sem conhecer seus interlocutores, fossem jovens ou menos jovens de outras cidades que vinham especificamente a Roma para conhecê-lo após ler seus livros. Marcavam um horário e iam até ele, e quando ele não estava em casa, a governante tirolesa com quem falava em alemão, ao sair, deixava a chave da entrada sob o capacho, e quem chegava, avisado antes, a pegava e abria a porta (e, em tese, até mesmo alguém mal-intencionado poderia ter feito isso). Em seu escritório, Evola recebia os visitantes ou na cama ou sentado em sua cadeira, de frente para a máquina de escrever. Ali, creio eu, ele formava uma ideia dos recém-chegados graças à sua perspicácia psicológica, mas sobretudo ao seu intuito "sutil", e comportava-se de acordo, usando atitudes, argumentos e, principalmente, palavras adequadas à situação. Ou então não usava nenhuma: como Gaspare Cannizzo relata em um artigo, certos encontros com ele consistiam em longos silêncios. Eis a razão pela qual ele parecia "diferente" ou singular para quem o visitava, talvez apenas uma única vez.

Ele se comportava como um mestre zen ou sufista, um pouco como Pio Filippani-Ronconi também fazia: dizia coisas absurdas, usava expressões paradoxais, provocadoras, extremas, quase como que, ao provocar, quisesse sondar as reações de quem estava à sua frente, como que para testá-lo, sondá-lo, observar as reações exteriores, mas também interiores. Os devotos, os "evolomaníacos", como ele mesmo os definira, talvez levassem ao pé da letra o que ele dizia e formavam uma impressão equivocada. O mesmo valia para quem se aproximava dele com uma atitude demasiado superficial, ou para os facciosos, que se consideravam "homens de ação" e saíam do encontro com impressões péssimas, chegando a defini-lo como um "veado", como se pode ler no livro-entrevista com um preso perpétuo "fascista" (Io, l’uomo nero, Marsilio, 2008). O problema, se assim podemos dizer, é que o filósofo fazia o mesmo até com quem não o conhecia ou já estava predisposto contra ele, como jornalistas nada amigáveis que, também tomando suas palavras ao pé da letra, as reproduziam ipsis litteris e traçavam um perfil obscuro e "maldito", o do "Barão Negro", confirmando seus próprios preconceitos (lembremos que isso ocorria no auge da "contestação" e da violência, embora o verdadeiro terrorismo ainda não tivesse surgido).

Não se tratava, portanto, de uma personalidade multifacetada, de um caráter inconstante, mas o seu agir assim tinha um propósito: servia como um espelho da personalidade e da índole de seus interlocutores, sérios ou não, preparados ou não, cultos ou não, ingênuos ou não, amigos ou inimigos. Sua atitude e linguagem serviam para entender quem eram aqueles tantos que queriam vê-lo, encontrá-lo, falar com ele, talvez até para zombar sutilmente de suas exageros, mesmo que eles não percebessem.

Daí, embora obviamente não lhe importasse, surgiram algumas lendas urbanas a seu respeito que nem sempre lhe fizeram bem.