15/12/2012

Brittanicus - Tolkien: Mestre da Terra Média

por Brittanicus


Apesar do escárnio universal do establishment literário, que jamais pôde compreender seu espírito inerentemente nobre, o Senhor dos Anéis de J.R.R. Tolkien foi recentemente votado como a maior obra de ficção do século XX por milhares de clientes da Waterstones. A aclamação é bem merecida, pois a obra-prima de Tokien é um clássico do romance heroico. Recebendo inspiração da mitologia tradicional européia e de seu amor pelo interior inglês, Tolkien criou um mundo imaginário e inventou uma mitologia que se provou atemporal em seu apelo.

Publicada pela primeira vez em 1956, a Saga do Anel de Tolkien é composta de três livros, A Sociedade do Anel, As Duas Torres e O Retorno do Rei. Ainda que o saudoso Walt Disney tenha planejado produzir um grande filme de animação da trilogia, que provavelmente teria feito jus à colossal obra, os direitos cinematográficos foram infelizmente adquiridos por um produtor "húngaro" hifenizado. Ele despedaçou a história e perdeu totalmente o enredo, até mesmo retratando as tribos de elfos tolkienianos como mexicanos com traços orientais. Parece que uma versão de cinema digna da grande obra terá que esperar até que a vitória política do nacionalismo britânico desperte uma nova onda de energia artística culturalmente sadia. [Esse ensaio foi escrito antes que Peter Jackson dirigisse os filmes de O Senhor dos Anéis - Ed.] No meio tempo, felizmente, nós ainda temos os livros.

Mito Nacional

John Ronald Reuel Tolkien, ex-soldado, filólogo experiente e professor de anglo-saxão quando tinha apenas 33 anos de idade, afirmou ter escrito seus livros para preencher um desejo interior de "criar um mito para a Inglaterra". Para esse fim ele construiu um mundo extremamente complexo e intrincado, modelado mais ou menos segundo a mitologia nórdica e a ópera wagneriana O Anel do Nibelungo. O mundo fantástico, Terra Média, era habitado por várias raças de homens, elfos, anões, orcs, goblins, trolls e hobbits. O autor desenvolveu alfabetos e idiomas completos, tais como o "élfico", criou calendários, e desenhou mapas detalhados dos vários reinos e terras da Terra-Média.

Ainda que Tolkien não gostasse de alegorias, sua Terra Média é de muitas maneiras como a nossa, e realidades étnicas jogam um papel importante nas vidas de seus habitantes. Por exemplo, os numenorianos eram uma raça aristocrática de homens, "...alvos de rosto e altos, e a duração de suas vidas era o triplo da de outros homens da Terra Média. Estes eram os numenorianos, os Reis dos Homens, aos quais os elfos chamavam de dúnedain".

Mas três grandes males ameaçavam os numenorianos: praga; invasões por hordas de wainriders estrangeiros das terras do Leste; e miscigenação:

"Após o retorno de Eldacar, o sangue da casa real e de outras casas dos dúnedain se tornou mais misturado com o de homens inferiores. Pois muitos dos grandes haviam sido mortos no fratricídio. Essa mistura inicialmente não acelerou o crepúsculo dos dúnedain, como se temia, mas o crepúsculo ainda prosseguiu, pouco a pouco, como havia antes...

Pois os altos homens de Gondor já olhavam de soslaio para os homens entre eles, e era uma coisa inaudita que o herdeiro da coroa, ou qualquer filho do Rei, se casasse com uma de raça estrangeira e inferior...

Agora os descendentes dos reis haviam se tornado poucos. Seus números haviam sido bastante reduzidos no fratricídio...enquanto outros haviam renunciado a sua linhagem e tomado esposas de sangue não numenoriano. Assim se deu que nenhum pretendente à coroa podia ser encontrado que fosse de sangue puro...e todos temiam a memória do fratricídio, sabendo que se qualquer dissensão do tipo surgisse novamente, então Gondor pereceria."

Comparáveis aos avançados, bem dotados e inteligentes povos europeus de nosso próprio mundo, os dúnedain eram os grandes pioneiros, administradores, líderes e construtores de impérios, apenas de constituírem apenas uma pequena proporção da população total da Terra Média:

"Dito isso, os dúnedain eram assim desde o início bem menores em número do que os homens inferiores entre os quais eles habitavam e que eles governavam, sendo senhores de longa vida e grande poder e sabedoria".

Porém as qualidades especiais e atributos dos dúnedain foram gradualmente perdidos ao longo de anos de degeneração, diluídas e extintas pela mistura com outros tipos, de modo que sua nobreza e longevidade, concedida a eles por seu Criador, o "Pai Onipotente do Universo", foi derrubada ao nível de seus inferiores

Mal

O "mal da mestiçagem", como Tolkien o descreve, é um tema importante de seu escrito, e é naturalmente de muito interesse para aqueles que desejam ver os vários grupos raciais da humanidade preservados, ao invés de serem destruídos para sempre através da mistura de sangue.

Conforme ele escrevia seu épico, Tolkien enviava cada capítulo finalizado para seu filho, Christopher, que estava servindo na RAF na África do Sul entre 1944-1950. Coincidentemente, isso se deu precisamente em uma época em que aquele Domínio do Império Britânico estava instituindo uma política de desenvolvimento separado para diferentes grupos raciais.

Em total contraste aos numenorianos, homens do norte, elfos, hobbits e anões estão os orcs, uma raça esverdeada e ignorante de goblins gigantes que, segundo Tolkien, falavam a "língua dos escravos".

"Orc é a forma do nome que as outras raças tinham para esse povo profano, como era na língua de Rohan. Os orcs foram procriados pela primeira vez pelo Poder Escuro no Norte nos Dias Antigos. É dito que eles não possuíam uma língua sua, mas tomaram o que podiam de outras línguas, e as pervertiam ao seu agrado, porém eles produziam somente jargões brutos, escassamente suficientes mesmo para suas próprias necessidades, a não ser que fossem para maldições e abusos. E essas criaturas, sendo repletas de malícia, odiando até mesmo sua própria raça, rapidamente desenvolveu tantos dialetos bárbaros quanto havia grupos ou assentamentos de sua raça, de modo que sua fala órquica era de pouco uso para eles no intercâmbio entre tribos diferentes". 

Os orcs eram geralmente brutos bamboleantes e desajeitados, selvagens criadores pelo feiticeiro Morgoth e pelo Senhor do Escuro, Sauron, como bucha de canhão. Eles eram necessários para ajudá-lo a reunir os Anéis de Poder, os meios pelos quais ele seriam capazes de fazer emergir um império mundial maligno, e escravizar todos os povos da Terra Média.

Usura e Manipulação

O último livro de Tolkien, O Silmarillion, publicado na década de 70, levou esse tema ainda mais longe. Universalmente criticado pelo mundo literário, ele fala de uma raça subterrânea, maligna e maliciosa, que rasteja nas sombras, opera a usura, lida com necromancia e acumula ouro e jóias, manipulando os eventos por trás das cenas.

Ainda que civilização, liberdade, vida, honra e beleza pareçam ameaçadas pelas forças malignas reunidas contra o "Conselho Branco" de Aragorn e de Gondor em O Senhor dos Anéis, os exércitos de humanos, anões e elfos finalmente viram a maré com uma famosa vitória na Batalha dos Campos de Pelennor:

"A Leste cavalgavam os cavaleiros de Dol Amroth, repelindo os inimigos diante de si: homens-troll e variags, e orcs que odiavam a luz solar. Ao Sul cavalgava Éomer...e eles foram pegos entre o martelo e a bigorna. Pois agora homens saltavam de navios para os cais do Harlond e varriam o norte como uma tempestade...Mas diante de todos ia Aragorn com a Chama do Oeste, Anduril, como uma nova chama acesa...

Dura luta e longo labor eles ainda tinham, pois os sulistas eram homens ousados e duros, e ferozes no desespero, e os orientais eram fortes e endurecidos pela guerra e não pediam trégua. E assim neste lugar e naquele, em fazenda queimada ou estábulo, em outeiro ou aterro, sob muralha ou no campo, eles ainda se reuniam e lutavam até que o dia se foi.

Então o Sol desceu finalmente por trás do Mindolluin e encheu os céus com um grande incêndio, de modo que as colinas e as montanhas foram tingidas com sangue; fogo brilhava no rio, e a grama do Pelennor se encontrava vermelha no pôr-do-sol. E naquela hora a grande Batalha do Campo de Gondor havia terminado, e nenhum inimigo foi deixado vivo dentro do circuito do Rammas. Todos foram mortos, a não ser os que fugiram para morrer, ou para se afogar na espuma vermelha do rio".

Essa é a primeira vitória para os exércitos do Conselho Branco em uma guerra bastante longa. Os homens da Terra Média querem somente viver em paz e plenitude entre suas mulheres, famílias e entes queridos, porém eles sabem plenamente que é seu dever sagrado pegar em armas contra um inimigo que quer somente escravizá-los. Sua guerra é heroica e justa: os pálidos homens, elfos e anões jamais são cruéis ou torturam seus prisioneiros, diferentemente dos orcs, que não pensam em outra coisa senão decapitar prisioneiros por diversão.

O destino do guerreiro está em suas próprias mãos. Portando sua espada e escudo ele ao menos possui uma chance de viver, ou morrer, através de sua própria habilidade de luta.

É claro através dos diários pessoais de Tolkien que ele detestava profundamente a guerra moderna, especialmente os bombardeios aéreos de civis na Grã-Bretanha e Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Ele considerava o uso de bombas contra bebês, mulheres e idosos indefesos desde milhares de pés sobre o chão, por aqueles que não podiam ver a devastação que causavam, como repugnante e bárbaro, indigno da civilização européia.

Patriota Britânico

Tolkien não era nenhum pacifista, mas ele acreditava que soldados britânicos só deviam ser chamados para lutar pela Grã-Bretanha e seu Império, não em conflitos estrangeiras que não eram de sua conta. A hipocrisia de declarar guerra contra a Alemanha Nazista, mas não contra a Rússia Bolchevique, que também havia invadido a Polônia em 1939, não estava perdida em Tolkien. Como outro gênio literário britânico da década de 30, Henry Williamson autor de Tarka a Lontra, ele acreditava em 1939 que outra guerra fratricida entre nações européias seria um "desastre total". Mais tarde em sua vida ele descreveu o sangrento conflito que se seguiu como "cinco anos de trevas".

No prefácio a O Senhor dos Anéis, Tolkien escreveu que:

"É necessário de fato cair pessoalmente sob a sombra da guerra para sentir plenamente sua opressão; mas conforme os anos avançam parece agora esquecido que ser pego na juventude em 1914 não era uma experiência menos horrenda do que estar envolvido em 1939 e nos anos seguintes. Por volta de 1918, com a exceção de um, todos os meus amigos próximos estavam mortos... O país em que eu vivia na infância estava sendo abjetamente destruído antes que eu tivesse dez anos de idade, nos dias em que carros eram objetos raros".

Paralelamente a seu desdém pela guerra moderna e impessoal, Tolkien cada vez mais começou a rejeitar e a se opor ativamente à penetração da mecanização, da automação e da urbanização da vida campestre tradicional. Ele foi um dos primeiros a fazer campanha em favor do campo.

"Hobbits são um povo reservado, mas muito antigo, mais numerosos antigamente do que hoje; pois eles amam a paz e o silêncio e a terra bem carpida: um campo bem ordenado e bem cultivado era seu refúgio favorito. Eles não entendem ou gostam de máquinas mais complicadas do que uma forja, um moinho de vento, ou um tear manual, ainda que eles fossem habilidosos com ferramentas".

A visão de Tolkien era a de uma Grã-Bretanha de fazendas familiares, vilas e pequenas aldeias, com cidades de arquitetura tradicional, onde cientistas desenvolveriam o poder da tecnologia, produzindo novas fontes de energia que não poluíssem o meio ambiente. Indubitavelmente, ele teria ficado horrorizado com a extensão do desenvolvimento urbano hoje.

Nobreza e Liberdade

Há muito com o que nacionalistas podem se identificar nos escritos de Tolkien: a nobreza de povos antigos e independentes; a camaradagem e espírito comunitário do Condado, com seu ar limpo e paisagem verdejante; a vida heróica e a luta até a morte por uma grande causa, entre as forças da luz, da liberdade e da sobrevivência racial, contra a conspiração da corrupção e da tirania.

Tolkien indubitavelmente acendeu um farol de inspiração na imaginação e corações de muitos de seus compatriotas britânicos, e de fato entre povos irmãos ao redor do mundo. O Senhor dos Anéis em particular continua a tocar um nervo profundo em nossa psiquê racial, que preocupa claramente os campeões perturbados do genocídio pela integração. Qualquer literatura popular que possua identidade étnica, e a necessidade de luta para protegê-la, como seu tema deve inevitavelmente despertar a hostilidade da rede de críticos artísticos e literários cosmopolitas, assim como deve merecer nossa atenção.

Os contos sadios, morais e idealistas de valor e verdade de Tolkien, portanto, constituem presentes de Natal e de aniversário particularmente bons para as crianças de famílias nacionalistas. O Hobbit é ideal para crianças mais novas, enquanto O Senhor dos Anéis agradará igualmente a adolescentes e adultos. Aqui não há perversão, não há degeneração, e não há politicamente correto. Dê uma olhada você mesmo!