por Mickaël Félicité
(2017)
A ascensão das contradições do nosso sistema social está se tornando, no mínimo, evidente. Da crise grega, que pode ser vista como o epifenômeno de um desastre mais global, às diferentes reformas econômicas (lei Macron), antropológicas (casamento para todos, GPA, gênero, chip RFID), judiciais (lei de vigilância), que enfrentamos impassivelmente, somando a isso o renascimento de conflitos religiosos mortíferos (jihadismo), podemos pensar que estamos na aurora de uma mudança decisiva para a nossa sociedade.
Constata-se, então, que inevitavelmente, sob a pressão dessas transformações, todo o nosso sistema político vai se decompor cada vez mais. E notamos, já, todos os dias, desde a aparição da abstenção como uma força política importante, até os diferentes casos envolvendo a liberdade de expressão, seja em torno de Dieudonné, Mermet ou mesmo de Zemmour[1], ou ainda os múltiplos escândalos democráticos e militares que as instituições de Bruxelas e a OTAN nos impõem, percebemos que atualmente é permitido apenas à nossa classe média “burguesa boêmia” pensar apenas na manutenção do seu pequeno poder de compra, a fim de mascarar o mal-estar civilizacional, de profundidade abissal, que nossa sociedade atravessa. Será essencial compreender que, nesse sentido, com os próximos anos, as críticas a esse sistema se tornarão automaticamente, de um lado, cada vez mais importantes para cada um, mas – e aí está o problema – elas também parecerão, por outro lado, tanto diversas e variadas devido à complexidade dessas evoluções.