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05/03/2025

Pierre Le Vigan - Heidegger: O Médico da Modernidade

 por Pierre Le Vigan

(2024)


Heidegger (1889-1976) continua no centro das preocupações do nosso tempo. O livro de Baptiste Rappin Heidegger et la question du management – um gestor que vai muito além do mundo empresarial – é uma prova disso. Assim como a influência de Heidegger no pensamento do falecido Pierre Legendre ou em Michel Maffesoli. Em outras palavras, Heidegger é inatual, o que lhe permite continuar sendo atual. O padre jesuíta William John Richardson (1963) distinguiu um primeiro Heidegger, até 1927, com a publicação de Ser e Tempo, de um segundo Heidegger, posterior a 1927. Essas periodizações não são inúteis, pois indicam uma mudança de perspectiva, principalmente porque Ser e Tempo está inacabado, e Heidegger considerou mais prudente modificar seu ângulo de visão, em vez de tentar completá-lo a partir de uma posição que já não era inteiramente sua. Foi o clássico passo ao lado que os grandes intelectuais deram. No entanto, uma mudança de perspectiva não exclui a constância de alcançar o mesmo objetivo. Esse objetivo é pensar sobre o que, em termos “acadêmicos”, chamamos de diferença ontológica. Em termos mais correntes, é o abismo, a "boca da sombra", a ameaça do nada, a consciência da presença do nada e o dever singular de encará-la sem se afundar nela. Como nos lembra Antoine Dresse, os antimodernos são frequentemente tão modernos que não têm ilusões sobre os ideais da modernidade. O que caracteriza Heidegger é seu repúdio ao niilismo, sem negar por um momento a realidade de sua ameaça.

31/10/2023

Pierre Le Vigan - Nietzsche e o Grande "Sim" à Vida

 por Pierre Le Vigan

(2023)


Nietzsche é um perspectivista, ou seja, um pensador que nos diz que tudo é uma questão de ponto de vista. Mas ele também é um vitalista, um modo de pensar que nos diz que a vida - ou seja, o movimento, a metamorfose, a morte e o renascimento - é o valor mais alto, é o que deve guiar a maneira como vemos o mundo. O que se interpõe no caminho da vida? Essa é a pergunta que Nietzsche faz a si mesmo. E, como qualquer médico, ele primeiro tenta entender, começa observando, não relendo seu guia prático ou suas escrituras sagradas.

No centro do pensamento de Nietzsche está a percepção de que não conseguimos "afirmar a vida". Não ousamos fazer isso. Não ousamos viver. Por trás de nossas opiniões, muitas vezes há algo oculto. Por trás de nossas racionalizações, muitas vezes se esconde um medo: o medo de nos afirmarmos, de sermos realmente nós mesmos. Essa é a filosofia da suspeita. Com Nietzsche, podemos ir de suspeita em suspeita, de caverna profunda em caverna mais profunda, cada vez mais rio acima. Podemos e devemos voltar. Não precisamos temer o que descobriremos nessa investigação. Uma jornada terrível, que obviamente inclui a ideia do inconsciente, ou pré-consciente (que precede a consciência, como um preconceito precede um julgamento).