por Ernst Nolte
(2015)
O conceito de "identidade" é usado em muitos contextos: fala-se, por exemplo, da identidade de um povo, da identidade de uma cultura, da identidade de um partido, e na maioria das vezes, de forma consciente ou inconsciente, também está em jogo o conceito de "perda de identidade". No entanto, esse conceito também enfrenta uma crítica fundamental, e, de fato, hoje em dia no âmbito científico ou jornalístico, frequentemente se fala, geralmente com um tom negativo, de "essencialismo". A "identidade" é equiparada à "essência", e a "essência", enquanto mesmidade perene, é concebida como um conceito que se opõe ao poder do tempo e das circunstâncias naturais e históricas, como uma abstração fixa que faz violência ao fluxo temporal e ao devir, não muito diferente das "ideias" platônicas. Estas, segundo a concepção de Platão, são origens cósmicas, "pensamentos de Deus", mas na verdade, assim se diz, representam apenas construções da razão humana, que busca tornar intuitível e utilizável a incompreensível multiplicidade do mundo. Contudo, quanto pode uma geração ser distante da anterior, embora nos genes ou no "sangue" estejam presentes continuidades inconfundíveis; quanto podem ser estranhos diferentes estratos de um povo, embora todos usem a mesma língua.