04/07/2021

Nicola Sgueo – Dominique Venner e a Ética do Rebelde como Único Destino

 por Nicola Sgueo

(2017)

Em entrevista há alguns anos, àqueles que lhe perguntaram o que significava ser rebelde hoje em dia, Dominique Venner, antes de mais nada, respondeu: "Eu me pergunto acima de tudo como é possível não ser um! O Rebelde como o único caminho, como o homem saudável de evoliana memória.

Em 21 de maio de 2013, Dominique Venner tirou sua própria vida na Catedral de Notre Dame. Uma morte voluntária, realizada serenamente com aquele desapego frio de uma visão olímpica e heroica daqueles que não são objeto de dominação alheia, mantendo, ao invés disso, uma firme vontade e domínio do espírito. Certamente, Venner havia tido a oportunidade de se aprofundar nos ensinamentos do Sêneca.

Ele o fez para "despertar as consciências adormecidas" dos europeus, uma espécie de virada de mesa quando as coisas estão indo por água abaixo. Neste caso, é a Europa que estava indo por água abaixo. A Europa como unidade de destino, de pátrias e nações, de tradições ancestrais, aquelas tradições que não passam porque são eternas, sempre presentes.

Por outro lado, há essa Europa infeliz, a Europa mercantilista da financeirização da vida, da ditadura do BCE, da invasão de povos estrangeiros que inundam sistematicamente nossas terras, da terrível perspectiva de um Caldeirão Cultural que poluiria a substância de nossos povos, do hedonismo perpétuo, do materialismo, dos valores que se precipitam em um plano inclinado. O ocaso da Europa, o final dramático de um ciclo, a possibilidade de um destino selvagem e iminente que havia despertado secularmente as preocupações das maiores figuras nascidas em nossas terras. Observadores atentos da natureza humana e dos povos.

Sua personalidade profunda, última manifestação radical de uma ética de milícia voltada para o supra-humano, recordas outras figuras esculpidas pelo mesmo sentimento olímpico, exemplares em estilo e postura. Estamos falando de Drieu La Rochelle, Jan Palach, Alain Escoffier, Yukio Mishima, Bobby Sands, unidos em suas diferenças específicas por uma percepção comum, pelo mesmo drama.

O primeiro dos três patriotas europeus, Drieu, que escolheu completar a união mística da alma individual com a alma universal, cruzando o limiar da vida, não tolerando além da gravidade da derrota da Europa e com um olhar final voltado para as páginas dos Upanishads; os outros dois, almas jovens que se queimaram num fogo purificador para limpar a Europa da imundície da covardia que se manifestava em relação à opressão comunista que esmagava os povos do Leste; Mishima, um puro filho do Sol Nascente, que com o ritual de seppuku, o suicídio ritual, em perfeita adesão à tradição de seus antepassados, tirou sua própria vida em protesto contra a decadência do Japão, que curvado à ocidentalização dos costumes imposta pelo colonialismo americano, estava perdendo irreparavelmente o sentido daqueles valores espirituais, identitários e heroicos que sempre o haviam identificado; e o último, patriota irlandês e revolucionário que morreu em 5 de maio de 1981 após sessenta e seis dias de greve de fome na prisão de Long Kesh, após um protesto não violento contra o brutal regime prisional ao qual os prisioneiros republicanos foram submetidos.

Em "Um Samurai do Ocidente, o Breviário dos Rebeldes" (para a edição italiana ed. Settimo Sigillo, Roma, 2016) Venner, nos dá uma visão geral da situação atual, mas acima de tudo nos diz por onde começar de novo para combater o caos que reina. Devemos recomeçar a partir de nossas origens autênticas que nos foram tiradas (e que muitos fingem nunca terem existido), da Ilíada e da Odisseia, poemas fundacionais. Mas, acima de tudo, ele nos diz que devemos erguer a nós mesmos. Na verdade, entre os inúmeros exemplos a seguir, ele cita Epicteto com seu Manual e o Imperador Marco Aurélio com seus Pensamentos. Dois estoicos, um grego e um romano, que com estas obras nos convidaram a nos reunirmos diariamente dentro de nós mesmos e a entender quem somos, perseverando no caminho nobre sem nos importarmos ou nos submetermos a obstáculos, de qualquer natureza que fossem.

O Rebelde, portanto, deve partir de si mesmo, com dedicação, perseverança e conhecer-se até o fim, sem dar demasiada importância às consequências, ao custo de virar o mundo contra si mesmo. É proibido ao Rebelde rastejar. Apesar dos tempos que correm ele deve insistir, ele deve investir e lutar contra o nada que avança. Portar uma identidade e a própria personalidade para a própria nação e a própria linhagem. Um retorno às origens, precisamente, mas sem entrar em nostalgias triviais ou repugnantes, a Tradição reverbera no tempo sempre em formas e manifestações inesperadas. A Tradição das origens, portanto da perenidade, deve viver aqui e agora. Combatendo diariamente a pequena e a grande Guerra Santa.

Pensamento e ação são imperativos existenciais. Existindo apenas através daquilo que o distingue da massa inerme e homologada, ele deve ser um farol no escuro, uma personalidade ativa que com sua Weltanschauung consegue lidar com todos os aspectos da vida cotidiana, especialmente os mais difíceis. Deixe o banal de lado e voltar ao essencial. Porque, como muitos mestres já disseram e escreveram no passado, para qualquer tipo de mudança, antes de um programa político genérico, você precisa de homens, homens novos.

Estes homens terão tornado seu, traduzindo-o em fatos, um famoso aforismo de Nietzsche, que exige recolhimento e luta: "A vocês não recomendo trabalho, mas a batalha. Não recomendo paz, mas vitória. Que seu trabalho seja uma batalha, e sua paz seja uma vitória! Somente aqueles com flechas e arcos são capazes de permanecer em silêncio: todos os outros são tagarelas barulhentos. Que a sua paz seja uma vitória!"

Dominique Venner nos transmitiu uma grande responsabilidade: salvar a Civilização da nossa pátria continental. Salvá-la apelando para o seu significado autêntico, para a sua verdadeira natureza. Um compromisso que nós, europeus, já temos, há alguns anos, assumido com honra e coragem. Uma coragem que vale o dobro nos dias de hoje.

Encontrando no indubitável valor de suas obras (destas apenas quatro foram traduzidas para o italiano) o ensino e a motivação necessários.

"Os homens se definem, portanto, segundo o belo e o feio, o nobre e o vil. Ou, dito de outra forma, a beleza é a condição do bem. Mas a beleza não é nada sem lealdade ou coragem".


E com esse pressuposto, partimos, com um passo decisivo e desprendido, como o Cavaleiro de Dürer, através dos perigos e desafios que nos esperam. Sabendo que este é o nosso caminho e que não temos alternativa. Ao ser rebelde, especialmente hoje, não há alternativa.