por Corrado Soldato
(2020)
Em tempos de coronavírus e consequente impacto negativo da doença na economia globalizada, um "espectro", para parafrasear o incipit do "Manifesto" de Marx e Engels, perambula entre as redações da grande mídia e os think tanks do pensamento globalista: o da autarquia. Isto é confirmado por um artigo do Foglio que analisa um artigo do colunista do Financial Times Gideon Rachman ("Nationalism is a side effect of coronavirus") no qual ele teme, como um "efeito colateral" do coronavírus, o retorno do Estado-nação e, com ele, um renascimento das tendências protecionistas, da localização da produção e do fechamento de fronteiras, concluindo que, embora tais demandas possam parecer justificáveis no momento, elas não representam as melhores soluções para o período pós-pandêmico, já que a revitalização da economia global será mais difícil se os países individuais se moverem em uma direção "autárquica".
Como é evidente, neste como em outros artigos de teor semelhante, os termos protecionismo e autarquia (que não são sinônimos no sentido de que a adoção de medidas protecionistas é mais funcional à implementação de políticas autárquicas destinadas a tornar um Estado autossuficiente, restringindo o comércio exterior e produzindo por conta própria o que antes se procurava através do comércio internacional) estão carregados de conotações negativas e associados a um quadro sombrio de isolamento, exclusão e conflito potencial entre nações. O termo autarquia, na verdade, originalmente usado na filosofia no sentido ético (não econômico) da condição do homem sábio para o qual a felicidade consistiria em "bastar a si mesmo", não merece a auréola sinistra com o qual o pensamento globalista tende a rodeá-lo.