por Constantin von Hoffmeister
(2023)
Com a ascensão de Stálin, a ideologia da União Soviética mudou para uma direção decididamente imperial. O nacional-bolchevismo é uma ideologia imperial (mas anti-imperialista), enquanto o nacional-comunismo é uma ideologia anti-imperial. O nacional-bolchevismo, como estabelecido pelo Czar Vermelho Stálin, baseava-se no princípio da Grande Rússia: a Rússia como a Terceira — e última — Roma, o centro e a luz guia para as massas oprimidas no grande continente onde todas as tradições hiperbóreas tiveram suas origens. Os nacional-comunistas denunciavam a chamada “ditadura de Moscou” e endossavam ativamente as tendências separatistas dentro do império soviético e do Pacto de Varsóvia.
O KPD/ML (Partido Comunista da Alemanha/Marxista-Leninista) da Alemanha Oriental postulava que a liderança da República Democrática Alemã (RDA) era ilegítima, pois supostamente consistia de vassalos de Moscou. Em certo sentido, o KPD/ML estava certo. Afinal, a RDA ainda estava ocupada por forças soviéticas, e a Alemanha ainda estava dividida e não era um país neutro. No entanto, a alegação do KPD/ML de que a RDA era um Estado “social-fascista” que fazia as vontades de uma União Soviética “social-fascista” é ridícula. Ao fingir que a Alemanha era o ponto focal e algo que precisava ser salvo de uma América imperialista e capitalista e de uma União Soviética “social-fascista”, o KPD/ML demonstrou sua crença infantil na primazia das nações como entidades. Não entendia que as nações são conceitos que traem o destino imperial do trabalhador como criador de um novo cosmos (no sentido elaborado por Ernst Jünger). O KPD/ML era essencialmente reacionário, pois via o princípio nacionalista (o bem da Alemanha) como superior ao axioma internacionalista (o bem do império). O nacionalismo é um resquício ideológico da burguesia, enquanto o internacionalismo é a filosofia orientadora da imperialidade dos trabalhadores.
Nesse contexto, é interessante notar que um grande número de comunistas imperiais (nacional-bolcheviques) que lutaram na Ucrânia contra os comunistas nacionalistas (nacional-comunistas) eram judeus assimilados. Enquanto o nacional-comunistas apenas adapta o comunismo para promover causas nacionalistas reacionárias e retrógradas, o nacional-bolchevismo é uma filosofia eurasianista universal que supera as nações e inaugura a era messiânica da dominação e libertação universal dos trabalhadores.
A Segunda Guerra Mundial não representa uma confrontação ideológica, mas étnica: Russidade vs. Germanidade. O aspecto mais importante foi a defesa da pátria contra inimigos estrangeiros. Assim, a “Grande Guerra Patriótica” está inserida em uma longa tradição de agressão anti-russa (Cavaleiros Teutônicos, suecos, poloneses, Napoleão, etc.), que deu origem a uma série de defensores maiores que a vida, de Alexander Nevsky a Marechal Zhukov. Os alemães nunca poderiam ser vistos como libertadores. Um nacional-socialismo russo nunca teve um futuro porque os símbolos nazistas não são entendidos ideologicamente, mas etnicamente. É por isso que a suástica é considerada um símbolo alemão e nada mais. Deve-se lembrar também que, desde que Stálin introduziu o princípio de “construir o socialismo em um país”, a União Soviética tornou-se significativamente menos internacionalista em sua perspectiva. A fórmula de Lênin — “nacional na forma, socialista no conteúdo” — inverteu-se com Stálin, um etnopluralista, que não negava a existência de diferentes raças. A seguinte citação, que pode ser lida no memorial soviético no Parque Treptow em Berlim, mostra isso: “A ideologia que está enraizada em nosso país é a ideologia da igualdade entre todas as raças e nações; a ideologia da amizade dos povos venceu a ideologia hitler-fascista do nacionalismo bestial e do ódio racial.”