por Maurizio Rossi
(2021)
Sua figura era comparável à de um convidado de pedra, ou seja, de alguém que se senta na presença da sociedade, mas que pertence a outros mundos. Por outro lado, o próprio Evola havia muitas vezes enfatizado que uma das tarefas fundamentais dos homens da Tradição era justamente a de atravessar este mundo, de agir nele, de penetrá-lo sem pertencer a ele, sem ser condicionado, sem ser corrompido, em constante e cuidadosa vigilância. Um ethos severo e desdenhoso. Como ele mesmo fez no decorrer de sua intensa vida. Com seu exemplo viril, sua linha de conduta radical, através da transmissão de seu pensamento e suas reflexões, através de sua imensa produção cultural.
Um homem de ação que chamava a uma reflexão em preparação para a ação, para a forma a ser dada à Ação. Um pensador completo e profundo - anti-intelectualista - que foi capaz de fornecer respostas claras e precisas em todos os níveis, desde o doutrinário e político até o espiritual e existencial, um símbolo ao mesmo tempo de resistência tradicional e de ofensiva revolucionária contra o mundo burguês. Uma Revolta contra o Mundo Moderno absolutamente total e global que não deixava espaço para hesitação. Um destruidor, então, como Nietzsche. Mais do que Nietzsche. Ao mesmo tempo, porém, um afirmador de uma Visão articulada do Mundo e da Vida.
Este foi Julius Evola, um fogo vivo, intenso e ardente que iluminou o caminho de muitas gerações de jovens militantes que foram verdadeiramente não-conformistas no longo e escuro inverno desta modernidade degradante.
Um empenho, importante, constante e coerente com os pressupostos doutrinários que o justificaram e que lhe renderam o nome sulfuroso de alma negra, de mau professor.
Julius Evola foi, e ainda permanece, para o establishment culto do antifascismo e do globalismo, a besta imunda que deve ser suprimida, um nome que deve ser apagado permanentemente dos registros do debate político e cultural, porque a força de seu ensinamento ainda é assustadora, é de um poder tal que faz tremer veias e pulsos, é uma poderosa cabeça de aríete capaz de quebrar as frágeis estruturas deste mundo em decomposição.
A excepcional qualidade de sua transmissão permanece sempre extraordinariamente intensa, é pensamento terribilis para os zelotas da homologação do cosmopolitismo, para os apóstolos liberais do pensamento fraco e da "sociedade aberta", para os exegetas masoquistas de tudo o que é disforme, deformado e contra a natureza.
Todas as críticas da Evola se voltam contra o "sentido" do mundo moderno, contra suas fatalidades, contra seus desvios dramáticos, seu plano inclinado de valores; querendo então contrapor os princípios e verdades expressas por aquele universo de valores, mítico e simbólico representado pelo mundo da Tradição e pela Civilização da Europa, tendendo à reafirmação de uma ordem qualitativamente hierárquica de tipo orgânico: a restauração concreta da Ideia tradicional do Estado e de uma aristocracia político-espiritual severamente selecionada, encarnando uma adesão total e incondicional à Visão do Mundo e disciplinada por um estilo existencial militar heroico, essencial, espartano e militar. A única saída. Uma perspectiva fascinante...
O que mais acrescentar às seguintes palavras da Evola, que em anos insuspeitos - nos primeiros trinta anos do século passado - já delineou com clareza lúcida e desarmante os cenários atuais: "Através da ilusão liberalista jacobina, ao reduzir a ideia da justificação do Estado para a mercantil e utilitária de um contrato social, o capitalismo moderno de fato toma forma e, finalmente, a Oligarquia capitalista, a Plutocracia, que, num regime democrático parlamentar, acaba controlando e dominando a realidade política - ou seja, o poder desce ao que em termos modernos corresponde ao nível da terceira casta, à antiga casta dos mercadores. Com o advento da burguesia, a economia vem a dominar em toda a linha e sua supremacia é proclamada abertamente sobre todo remanescente existente dos princípios, não digamos espirituais, mas simplesmente éticos, ainda vivos no mundo político ocidental".
E há mais a ser redescoberto...