26/01/2012

Quem Financia o Fórum Social de Porto Alegre

Por La haine – 22 de Fevereiro de 2005



O Fórum Social Mundial (FSM) é o evento central do movimento antiglobalização (que agora prefere ser chamado alterglobalizador). Na teoria reúne pessoas e organizações que lutam contra o predomínio das multinacionais, a favor dos desfavorecidos e por “outro mundo possível”. Mas de onde vêm os fundos que financiam este evento?

Segundo os organizadores do V FSM, o orçamento total do Fórum Social Mundial é de 38.856.090 de dólares (29.935.354 €), dos quais somente 6,4% provêm das inscrições dos participantes. Isso significa que 93,6% dos fundos para o FSM originam-se de doações de outras fontes.

A fundação Ford financia totalmente a preparação do FSM com 2.269.000 de dólares.

Em relação ao financiamento do evento em si, a grande maioria das doações vêm de organizações não governamentais.

2.432.538 de dólares (6,2% do financiamento total) originam-se de ONG’s religiosas (católicas e protestantes).

12.006.821 de dólares (30,7%) vêm de doações de outras ONG’s (das quais 4.398.800 de Oxfam, fortemente vinculada à igreja: na Espanha chama-se Intermon-Oxfam).

É preciso ter em mente que se rastrearmos a origem dos fundos destas ONG’s veremos que em grande dos governos. A maioria dos fundos de Oxfam, do governo da Grã-Bretanha e os da outra grande patrocinadora, HIVOS (que coloca 3.645,502 de dólares) do governo holandês. Ambos os governos devem considerar-se pouco “antiglobalizadores”: possuem tropas estacionadas no Iraque a serviço dos EUA. Deve-se destacar que estas duas ONG’s financiaram conjuntamente 60% do IV Fórum Social Mundial, realizado em Mumbai (Índia).

14.323962 de dólares (36%) vêm das instituições governamentais do Brasil (7.916.550 do governo federal, 1.602.000 do Estado do Rio Grande do Sul e 4.805.412 da Prefeitura de Porto Alegre). Acontece que tanto o Estado do Rio Grande do Sul quanto o município de Porto Alegre estão sendo governados pela direita, enquanto o governo federal tem feito o pagamento da dívida externa que estrangula a prioridade econômica e política do Brasil (algo bem pouco “antiglobalizador”). Para isso é necessário adicionar 2.136.000 de dólares (5,8%) fornecidos pelos Correios e pela Caixa Econômica Federal, empresas públicas. 

A Fundação Irmãos Rockefeller (Rockefeller Brothers Foundation) contribui com 356.445 dólares. E os municípios italianos com 240.300 dólares.

Finalmente, as empresas Eletrobrás e Petrobrás e o Banco do Brasil (sociedades de economia mista pública e privada) colaboram com 8.098.500 de dólares (20%).

Sobre o papel “antiglobalizador” da Fundação Ford e da Fundação Irmãos Rockefeller não precisamos nem falar.

Todos estes fundos são administrados pela Associação Brasileira de ONG’s (Abong) e pelo Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas). Ibase, por sua vez, é fortemente financiado... pela Fundação Ford.

Cabe a pergunta: porque as ONG’s financiadas pelos governos mais pró-capitalistas e submetidos à vontade do governo Bush, as sociedades de economia mista, as Fundações Ford e Rockefeller, as igrejas, a direita brasileira e o governo Lula, servo fiel das receitas do FMI, financiam um evento que “organiza a luta contra a “globalização”, o “neoliberalismo” e o predomínio das multinacionais”?  Não creio que estejam equivocados. Não há dúvida de que sabem bem onde colocam seu dinheiro.

Mas então o que fazem os companheiros que de boa fé participam destes fóruns acreditando lutar contra as multinacionais e o imperialismo? Pois tenho medo do que estão fazendo...

*os dados financeiros e governamentais se referem ao mês de fevereiro de 2005