por Pavel Tulaev
Uma das dúvidas principais do Mundo atual é saber que tipo de luta se está levando a cabo globalmente. Trata-se realmente de uma "luta contra o terrorismo"? Ou seria mais exatamente uma continuação da "Guerra Fria"? Onde está a fronteira entre a Terceira e a Quarta Guerra Mundial, se é que em realidade começaram tanto uma como a outra?
Entre os especialistas em teoria militar e os representantes do mundo político tampouco há um acordo tácito na natureza desse conflito. Ainda se discutem quais são suas causas, seus objetivos e como se manifesta.
Estabeleceu-se uma analogia com as outras grandes conflagrações mundiais, a saber: a Primeira, Segunda e Terceira Guerras Mundiais. Os argumentos são os seguintes: A Primeira Guerra Mundial (1914-18) foi uma luta entre potências imperialistas que acabou com grandes revoluções que fizeram desaparecer aos Impérios Russo, Alemão e Austro-Húngaro.
A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foi concebida como uma revanche da Alemanha por causa da humilhação a que foi submetida depois do Tratado de Versalhes. Acabou em um titânico conflito entre esta e a URSS, assim como contra os Aliados ocidentais.
A partir da Conferência de Yalta assistimos ao nascimento de uma nova ordem geopolítica, na qual a Rússia recupera seus territórios perdidos por causa da revolução de 1917, e inclusive anexa alguns mais. Por causa da expansão russo-soviética, os "ocidentais" criaram a OTAN. É então quando Churchill começa a falar de uma "guerra fria", o objetivo da qual é destruir a URSS como estado e a idéia do comunismo em si mesma.
Quem, depois de 1991, seria capaz de negar que estos planos foram finalmente levados a cabo com êxito?
A desintegração da URSS, a queda do Pacto de Varsóvia e do COMECON, o desmembramento da Iugoslávia e da Tchecoslováquia e a ingerência econômica nesses países por parte das potências ocidentais são uma prova do triunfo do sistema liberal-capitalista nessa "guerra fria" jamais declarada contra o mundo socialista.
Certamente ainda existem a "China Vermelha" e outros grupos de resistência nacional-comunistas ou antiglobalização que pretendem ser um ponto de referência na luta contra o Pentágono, porém que, nem muito menos se podem comparar com as contradições existentes entre as potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial.
A classe dirigente ocidental e os chefes da OTAN reconheceram abertamente ter ganho a "guerra fria". Desde a Rússia pós-soviética também se reconheceu esta vitória: no Encontro de Moscou de 20 de abril de 1996 entre os representantes do G7 e Rússia se reconheceu que "o fim da guerra fria e as reformas políticas e econômicas da Rússia abriram uma nova era em nossas relações; o Encontro do Kremlin é um grande passo para a realização de nossos objetivos".
Chegamos pois à conclusão de que a "Terceira Guerra Mundial" (chamada também "guerra fria") acabou com a queda do bloco socialista, e que o conflito atualmente em marcha só pode denominar-se "Quarta Guerra Mundial".
Visto desde fora este conflito não aparece como "quente" (caso das duas primeiras guerras mundiais) nem "frio", senão simplesmente "oculto"; não se expressa mediante grandes manobras nem declarações grandiloquentes, porém não obstante está aí, se está levando a cabo com toda minuciosidade.
Ainda apesar da rapidez com a que a OTAN, com os Estados Unidos à cabeça, se infiltrou nos estados que uma vez foram aliados da URSS, ninguém se deu conta a princípio da magnitude da infiltração, que causou uma hipnose coletiva nesses países, aprisionados pelo sonho das promessas de bem estar material e "moral" que prometiam os mensageiros do liberalismo ocidental. Inclusive na própria Rússia, metida em cheio no sangrento conflito na Chechênia, as vozes que se ergueram previnindo sobre as nefastas consequências dessa infiltração foram ignoradas por grande parte da sociedade, incluído o estamento militar, e somente encontraram eco em alguns setores minoritários da opinião pública.
Foi unicamente a partir dos criminosos bombardeios sobre Belgrado, comparáveis por seu cinismo com os ataques atômicos sobre Hiroshima e Nagasaki, que se começou a ver que a "guerra fria" havia entrado em uma nova fase. Igualmente ficou claro este fato após a provocação global que foi produzida pelo 11 de setembro de 2001, pensada como uma farsa pública e um show político-militar.
A muitos especialistas não passou desapercebido que esse "ataque terrorista" que causou o desaparecimento das duas Torres Gêmeas, não foi mais que uma distração. Para a realização desse atentado se contou com a colaboração existente entre os serviços secretos americanos e israelenses. Bin Laden e os talibãs somente foram os "idiotas úteis". A finalidade do atentado era clara: Reforçar a presença dos EUA (e da OTAN) em todo o globo, e debilitar seus potenciais oponentes, ao mesmo tempo que relançar a estancada economia ocidental mediante a infiltração em diferentes mercados e a fabricação de armas ultramodernas.
A diferença principal entre a "Quarta Guerra Mundial" e a anterior "guerra fria" é que a primeira é levada a cabo não por nações nem estados mas sim por estruturas transnacionais. Com a ajuda das novas tecnologias expandiu-se por todos os cantos do planeta. Por exemplo, a empresa Microsoft, se expande pelo mundo conquistando novos mercados não por causa da força dos tanques e aviões, senão através dos canais informativos do ciberespaço.
As especificidades dessas agressões aparecem mais claras quando se observa o mundo não como um "todo", senão como composto de diferentes "realidades": A Biosfera (natureza); a geografia; a história (memória); a religião (sistema de valores); a ciência e a técnica; as comunicações; o ciberespaço (mundo virtual) e a esfera financeira. Todas estas realidades juntas constituem o que denominamos com uma simples palavra: "Mundo".
Tal como as forças e os sujeitos históricos que alguma vez pretenderam jogar um papel importante em tal ou qual circunstância deveram ter em conta todas essas esferas citadas anteriormente. Os conflitos, a diplomacia aberta e secreta e as lutas dos serviços de segurança, todos formam o que veio a se chamar a "guerra mundial".
O resultado é que sempre ganhará o que melhor compreenda a realidade do mundo circundante, o que melhor saiba utilizar as armas e recursos em sua totalidade. O simples conhecimento somente de uma esfera (por exemplo, religiosa ou geográfica) e a posse, igualmente, de um só tipo de arma (de fogo ou nuclear, façamos o caso) não dará nunca como resultado a vitória em uma guerra contemporânea.
O Ocidente sempre soube utilizar com proveito as velhas armas de seus rivais. A criação de disputas religiosas artificiais em uma determinada etnia, por exemplo, leva à destruição da nação. A proliferação de sistemas multipartidários desemboca, igualmente, na utilização ineficaz dos recursos humanos, à luta de classes e à divisão do estado em diferentes esferas de influência econômica.
Os conflitos nacionais no interior de um estado multinacional levam também às lutas religiosas e civis, ao secessionismo e à destruição dos grandes espaços geopolíticos. O financiamento de uma ou outra força em conflito dentro dos "pontos quentes" do planeta ajuda às potências mundiais a modificar em seu proveito o equilíbrio regional ou global. Exemplos dessa última tática seriam o apoio prestado pela OTAN aos muçulmanos albaneses ou à "oposição laranja" na Ucrânia.
Para desviar a atenção da opinião mundial dessas manobras e ocultar seus verdadeiros objetivos, o agressor mascara sua agressiva tarefa. Com este fim, se recorre à criação de uma imagem demonizada do "sujeito" inimigo (este "sujeito" pode ser uma pessoa concreta, uma organização terrorista ou um determinado país). Na história recente, Hitler, por exemplo, personificou como ninguém este medo do "inimigo". Com a queda do nacional-socialismo alemão e do comunismo soviético (com seus Gulags), criou-se um novo inimigo mundial, neste caso o "terrorismo islâmico".
Porém, quem organiza este jogo, denominado "luta pela paz", "nova ordem mundial" e "luta contra o terrorismo"? Existe em realidade uma única força capaz de controlar todo o orbe terrestre?
De fato, uma força única como tal não existe. Há, isso sim, uma união das elites dirigentes, coordenadas para conseguir a dominação mundial. Seus órgãos de trabalho são organizações internacionais como a OTAN, a Comissão Trilateral ou o Clube Bilderberg. Igualmente, diferentes igrejas, ordens, e clãs familiares e econômicos colaboram na consecução desses objetivos.
O tão utilizado conceito de "judaico-maçonaria" não ajuda a explicar, nem muito menos, quem está por trás de todas estas manobras. Os judeus e os maçons não são a mesma coisa. Dentro do próprio judaísmo existem lutas internas (por exemplo, entre sionistas e ultraortodoxos). À parte, forças que parecem não entrar neste esquema, como os japoneses, participam desse jogo pela dominação mundial.
Muitas vezes, em lugar de uma visão real do conflito mundial que se está levando a cabo, somente vemos os dois pólos enfrentados; os "judeus-maçons" por um lado, e os "terroristas" pelo outro.
Deixando de lado os valores ideológicos, religiosos ou emocionais, a esfera técnico-científica é uma das mais importantes. Ao longo da história houve tentativas de qualificar à genética como "propaganda burguesa", à cibernética de "invenção dos judeus", aos satélites de "armas comunistas" e à internet de "rede do anticristo"; porém todas estas denominações não carregam nenhuma crítica séria. A ciência e a técnica são instrumentos úteis em mãos de gente livre. Podem ajudar e reforçar qualquer ideologia. Não se deve temer a tecnologia; ao contrário, deve ser utilizada para os próprios fins. De outro modo, se corre o risco de ficar no meio do caminho. Com sabres cossacos e padres com cruzes no melhor dos casos chegaremos ao paraíso, porém não ao progresso.
Se o solo foi o campo de batalha das guerras dos séculos anteriores e no século XX foram os espaços marítimos e aéreos, a esfera da guerra atual e das futuras, será o que se veio a chamar de "noosfera", isto é, a inteligência humana e os produtos técnico-científicos que dela derivam. Toda a união da técnica moderna, telecomunicações, meios de transporte, armas modernas...dependem do gênio humano, de seu talento, e estes, por sua vez, da genética e da saúde. Dessa forma, os espiões ocidentais aproveitando o aparecimento da "perestroika", a primeira coisa que fizeram foi enganar alguns de nossos melhores especialistas. Não puderam comrpar todos, porém compraram muitos, de tal maneira que as perdas produzidas em nosso país ainda se deixarão sentir por muito tempo.
É por isso que no centro de todas as nossas manobras nessa Quarta Guerra Mundial devemos situar um novo sujeito, um herói fundador e libertador. Frente à degeneração e a robotização que causa esta "guerra oculta" devemos opor uma Guarda Branca do século XXI. Os membros dessa devem ser fortes geneticamente, íntegros e intelectualmente preparados. Tem que formar uma nova casta, educada nos mistérios de nossos antepassados porém, ao mesmo tempo capazes de utilizar toda a técnica moderna, sem renunciar nunca a sua herança. Dessa forma nunca cairão nas armadilhas que, sutilmente, vai tecendo a modernidade.
Esta é a tarefa a que se deve dedicar nosso exército e nossos serviços secretos. Da chamada "classe média", formada por "novos russos", antigos funcionários e "privatizadores", assim como os imigrantes do sul e outra fauna que povoa nossas megalópoles, nunca poderemos esperar indivíduos com as qualidades exigidas. Somente o que haja combatido na guerra contemporânea pode sê-lo, porém não o que haja lutado nas montanhas da Chechênia e do Daguestão, senão o que lutou nas frentes de batalha da Quarta Guerra Mundial.
A Revolução Branca! A glória em nome dos Antepassados; o esforço pela liderança em prol de novos espaços; a luta pela Vitória; eis aqui os objetivos que devemos ensinar à juventude para devolver à Rússia seu prestígio e glória.