(por Jean-Claude Valla)
Os povos europeus enganam-se de cada vez que querem fazer tábua rasa do passado. O seu drama foi terem sido cristianizados… e contudo o cristianismo que eles modelaram, melhor ou pior, para o adaptar ao seu génio próprio, faz parte integrante da sua herança. Mas sabemos que esta religião estrangeira contribuiu para desencantar o nosso mundo. Ela continha em si todos os germes da decadência e eis que, há cerca de meio século, a Igreja decidiu regressar aos miasmas originais do Evangelho: o igualitarismo e o universalismo. Esta ideia de igualdade universal acabou por se laicizar na ideologia dos direitos do homem. Depois de ter contribuído para a queda do Império romano, o cristianismo está em vias de nos minar a partir do interior. E pouco importa que já não haja muita gente na missa, já que a mensagem, recuperada por gentes que se enchem de laicidade, é-nos infligida todos os dias na televisão, nos outros Media e nos bancos de escola.
Como sair deste impasse? A nossa missão não é criar uma nova religião que, nestes tempos de confusão mental, arriscar-se-ia a não ser mais do que uma seita entre tantas outras. Se os europeus conseguirem não desaparecer, reencontrarão um dia as vias do sagrado. Enquanto esperamos é o combate pela sobrevivência que deve mobilizar todas as nossas energias, combate que deve ser travado com as ideias claras, sem nos enganarmos no inimigo.
Ora, dizer-se pagão é, hoje em dia, a única maneira de recusar o igualitarismo cristão e a sua moral do pecado, de substituir as funestas noções de Bem e Mal pelas de Belo e Feio. O Belo e o Feio são noções relativas, que podem variar de uma cultura para outra, mas na Europa, cada um sabe – ou sabia – o que é um belo gesto, uma bela acção, uma bela alma ou uma bela obra.
A sabedoria popular diz que não é bonito mentir. Aos jogadores violentos preferimos os que jogam bonito. Diremos de um velho que tem o olhar belo. De uma pessoa fisicamente feia que tem nela uma beleza interior. O que é belo não pode ser mau. Toda a história europeia está impregnada desta concepção estética da vida, indissociável do sentido de honra. E aquilo que mais reprovo na nossa sociedade actual é de nos querer impor o feio: o Centro Beaubourg, a Ópera da Bastilha, a pintura de Picasso e a arte moderna em geral, a música rap, techno, uma certa moda, etc. Ora, tudo o que é feio é pernicioso, porque todos os horrores que somos hoje chamados a admirar têm por função corroer os valores e destruir as referências sem as quais a civilização europeia não teria nunca atingido os cumes que lhe reconhecemos.