QUEBRAR E NÃO DOBRAR... Este era o lema de Hernán Pérez Del Pulgar, apelidado el de las Hanzañas (das Façanhas, dos Feitos). Este cavaleiro manchego, nascido na Ciudad Real, foi numa noite do ano de 1490 o protagonista de uma façanha que o imortalizaria.
Com quinze cavaleiros e na companhia de seu escudeiro Pedro, atravessou as linhas mouras, burlou seus guardas e penetrou na cidade sitiada de Granada. Sua intenção parecia ser por fogo na mesquita, porem ao não poder incendiar-la cravou sobre a sua porta principal um cartaz, escrito pelo próprio Pulgar; neste pergaminho se podia ler a oração da Ave Maria, e em seguida a frase:
“Sejam testemunhas da conquista de posse que realizo em nome dos reis e do compromisso que adquiro de vir ao resgate da Virgem Maria a quem deixo prisioneira entre os infiéis.”
Após aquela valorosa façanha, foi até a Alcaicería e lhe plantou fogo, saindo ao seu encontro a guarda granadina, à qual derrotou em sua própria cidade apesar do numero maior de inimigos. Posto a salvo, foi alardeada sua proeza e os Reis Católicos carregaram com flamejantes brasões seu escudo de armas. Também ganhou por esse feito o direito de ser sepultado no que seria pouco depois a Sagrada Igreja Catedral de Granada, que veio a ser construída sobre a mesquita que simbolicamente conquistara este cavaleiro.
Ao clarear as primeiras luzes da aurora, no dia 2 de janeiro de 1492, os capitães e soldados do exercito cristão vestidos em toda sua pompa, e chefiados pelo Cardeal Mendoza, foram aproximando-se da cidade de Granada. Penetraram na cidade, nos jardins do palácio da Alhambra, e no mais alto da Torre de La Vela alçaram uma cruz de prata maciça e o estandarte de Castela.
Retumbavam no espaço os tiros dos canhões, soavam os tambores e pífanos, e os gritos de júbilo aclamavam aos grandes e poderosos Reis Católicos, Fernando de Aragão e Isabel de Castela:
Granada, Granada, pelos Reis Don Fernando e Dona Isabel!
Boabdil, quebrado e não dobrado, fincava os joelhos ante os Reis Católicos e entregava as Chaves da Alhambra a Don Fernando, dizendo-lhe com lagrimas nos olhos:
“Teus somos, rei poderoso e exaltado; estas são, senhor, as chaves desse paraíso!”
E Granada foi devolvida à civilização.