(por Bernard Marillier)
"A raça da alma…tudo o que é forma do carácter, sensibilidade, inclinação natural, “estilo” de acção e reacção, atitude em face das suas próprias experiências." (Julius Evola, Elementos para uma educação racial)
Para a cavalaria, as bases desta raça são um conjunto de normas específicas que actuam como outras tantas forças psíquicas e psicológicas que “obrigam”, criam uma tensão interna e dão forma, por vezes sob o plano somático, a um tipo humano particular, o cavaleiro, o qual, pela sua inserção no seio de uma “via”, deixa de ser um individuo indiferenciado para se tornar uma pessoa diferenciada pelas suas qualidades, a sua natureza própria e uma série de atributos que se articulam em função da natureza da “via” e das suas escolhas pessoais. Essas forças são a honra, a fidelidades – a fides –, a coragem, a abnegação, o amor pelo combate, valores dependentes de um ethos heróico-viril pagão, aos quais a Igreja acrescentou a piedade, o desejo de paz, o amor ao próximo, a protecção de outros, a caridade, etc.…ideias em relação às quais o cavaleiro não oferecia frequentemente mais do que uma obediência meramente formal.Juntamente com um modo de vida profano comum a todos os cavaleiros tudo isso criou um “estilo” caracterizado por relações claras e abertas de homem para homem, a afirmação de uma impessoalidade activa que ia mesmo até ao sacrifício dos próprios interesses e da própria vida de maneira anónima, o gosto pela hierarquização e pelas relação de comando/ obediência, o “todo” organizando-se numa ordem orgânica tecida por múltiplos vínculos recíprocos que se articulavam verticalmente. Estas especificidades, admiravelmente colocadas em prática na Idade Média, são de resto as de toda a “sociedade de homens” a que se resume, in fine, a cavalaria (…)
Se é verdade que a totalidade dos cavaleiros se pretende cristã, frequentemente, de modo não ortodoxo, não é menos verdade que os ideais de base da sua ética são saídos de valores pagãos. Assim, avançando com as noções de fidelidade, de honra, de sacrifício, de respeito pela palavra dada, são as noções de cobardia e vergonha (mais do que o pecado) que mancham a honra do homem e da sua linhagem, ao lavar a injustiça com sangue (mais do que o perdão cristão), ao querer a paz pela vitória nas armas (noção romana), etc., o cavaleiro afirma claramente uma ética heróico-pagã no seio de um universo apenas superficialmente cristão.