por Christian Bouchet
(2025)
Surgido há 192 anos na Espanha, o carlismo permanece bem vivo. Ele encarna uma fidelidade a uma visão de mundo tradicional e pré-industrial, próxima à dos legitimistas franceses.
A origem: uma questão de valores
Tudo começou em 1830, quando o rei da Espanha, Fernando VII, alterou a ordem de sucessão – que até então seguia a lei sálica – para que sua filha mais velha, Isabel, pudesse herdar o trono. O irmão do rei, Carlos de Bourbon, que seria o legítimo sucessor, recusou-se a jurar lealdade à sobrinha e, em 1833, após a morte de Fernando VII, autoproclamou-se rei da Espanha.
À primeira vista, parecia uma simples disputa dinástica, mas, na realidade, escondia algo mais profundo: um embate entre duas visões de mundo. De um lado, Isabel II agrupava a burguesia anticlerical, liberal e centralista; do outro, Carlos de Bourbon era o porta-voz do povo simples, dos católicos e da defesa dos fueros (privilégios regionais e locais).
