11/11/2025

Andrea Scarabelli - Drieu: História de uma Adolescência

por Andrea Scarabelli

(2016)
 


Yukio Mishima escreve suas Confissões de uma Máscara entre os vinte e trinta anos. É 1949. Embora não admita, trata-se de uma autobiografia, e justamente por isso não deixou de provocar polêmicas, por razões que deixamos aos profissionais do escândalo. O livro fala das primeiras incursões na vida de um adolescente que vive em si mesmo o desequilíbrio de seu tempo. Pois é aí que reside a grandeza ou a miséria de uma vida: ou ela percorre as etapas de uma civilização inteira, encarnando suas fraturas, exibindo suas lacerações, ou então é simplesmente pouco interessante.

Três décadas antes, em 1921, Pierre Drieu La Rochelle tem vinte e oito anos. Publica État Civil (Estado Civil): «As memórias de um fascista que morreu suicida», anuncia a manchete estampada na capa por Longanesi, que o publica em italiano em 1968. Pena que não se fale de suicídio ali, como escreve Stenio Solinas em sua introdução à nova edição do livro, recém-lançada pela Bietti. E sobre o «fascismo» de Drieu também se poderia discutir longamente, já que, como intitula um excelente documentário de alguns anos atrás, muitas são as cores do negro...

Estamos em 1921, como se dizia. O jovem Drieu havia publicado apenas dois livros: Interrogation (Interrogação), em 1917 (recém-traduzido para o italiano por La Finestra), e Fond de Cantine (Fundo de Cantina), três anos depois. São duas coletâneas de poemas. Ele ainda não havia se lançado na escrita de Os Cães de Palha, nem denunciado as Comédias de Charleroi ou medido sua França. Ainda não era um «socialista fascista», nem havia tentado marcar o século, e o lirismo crepuscular de seus magníficos Diários estava distante, assim como Gilles e Fogo Fátuo. Antes de mergulhar naqueles trabalhos que o tornariam um autor geracional, o jovem Drieu tinha uma pequena conta a acertar: a sua adolescência.

Com que idade se escreve uma autobiografia? Depende, dir-se-á, da vida que se viveu. Mas também de quanto, como se disse antes, essa biografia reproduza o Zeitgeist, o espírito do tempo, tornando-se um diorama do século. Pois bem, Estado Civil não é apenas um relato de anos fugazes, das primeiras experiências na escola, da descoberta de um mundo, das primeiras culpas e expiações... É a narrativa da juventude de um século que se partiria em duas guerras mundiais, chegando atrasado ao seu encontro com o destino. Um século eternamente atrasado em relação a si mesmo: daí a importância de livros como este, vanguardas de uma Europa que poderia ter sido, mas não foi, e que o gesto suicida de Drieu o impediu de ver. Um ato de extrema compaixão, talvez, cometido pelo autor em relação a si mesmo.

«Todo crepúsculo alhures é uma aurora», escreveu Ernst Jünger. Se Drieu evoca suas experiências juvenis, não é para fechar a porta à infância, mas para preservar intacta toda a sua frescura. Basta ler algumas páginas de Estado Civil, autobiografia na ausência de biografia, para perceber: «As crianças não pertencem à mesma época, à mesma raça, ao mesmo continente que os homens. Vivem em eras já passadas ou ainda por vir... Armadas com todos os seus sentidos de uma extraordinária capacidade de adivinhação, falam com todo o universo uma língua mística que logo esquecem, e habitam terras virgens». São semelhantes aos selvagens: «Como eles, se deixam domesticar, e como eles morrem se perdem a liberdade». Um jovem Robinson Crusoé do século XX, Drieu tem horror dos adultos, que colonizam o imaginário com a tirania do fato consumado e a máscara do cinismo, afirmando a supremacia de uma vida tranquila, a salvo do risco e da aventura. São eles os carcereiros dessa mística da infância que, em sua inocente culpa, ultrapassa os domínios humanos para captar verdades cósmicas: «Vivi o mistério da solidão de nosso planeta entre os astros, como jamais saberia revivê-lo com o artifício da inteligência». A criança retratada por Drieu sabe muito sobre a história do mundo e do homem, e não está nada disposta a renunciar a essa consciência. Quer que a chama de seu verão encantado, como Ray Bradbury o chamaria, continue a brilhar: «Escondido no fundo do jardim com meu cão e meu rifle, conheci a angústia, a própria base de nossa história humana; uma angústia que só voltaria a encontrar no turbilhão de um obus, na terra deserta, sob um firmamento que desmoronava».

Ele levará essa infância consigo nos anos que virão, nos encontros e nas relações, nas noites de gala e nas tempestades de aço, a infundirá em suas obras e nos artigos para aquelas revistas que lhe custarão a excomunhão pela cultura oficial e o acesso ao panteão da Pléiade apenas em 2012, numa edição, aliás, bastante expurgada e higienizada por aqueles que não se cansam de reescrever nosso passado. Mas que nada tira do valor de livros como este. O «maldito» Drieu nos conhecia muito bem...