por Marcelo Gullo
(2018)
Durante os primeiros meses de 1931, enquanto os quadros apristas [A] organizavam o partido e difundiam o pensamento aprista, Haya de la Torre multiplicava, de Berlim a Londres, a sua ofensiva escrita e, seu grande amigo, o argentino Gabriel del Mazo [B], pagou de seu próprio bolso a edição, em Buenos Aires, de um novo livro de Haya intitulado “Ideario y acción aprista” (Ideário e ação aprista). Pouco depois, é editado, em Lima, “Teoría y Táctica del Aprismo” (Teoria e tática do Aprismo). Ambos opúsculos reúnem, sem se aprofundar, artigos já publicados por Haya.
Dos dois livros, no entanto, apenas “Teoría y Táctica del Aprismo” contém um artigo novo, tanto no sentido de que não havia sido ainda publicado antes como no sentido de que nele se desenvolve uma temática sobre a qual Haya nunca havia tratado com profundidade. O artigo leva como título “El problema del Indio” (O problema do índio). Este artigo, como veremos, não só teve uma importância fundamental do ponto de vista do desenvolvimento ideológico do Aprismo, mas também uma importância estratégica, pois, com ele, Haya se opôs frontalmente a uma das principais linhas de ação política diagramada pela Internacional Comunista para a América Latina.
“Haya de la Torre se baseia no pensamento de Manuel González Prada [C], que denomina simbolicamente como seu “mestre”, para desenvolver a postura doutrinária do Aprismo frente ao – como era denominado nessa época – problema do índio.”