por Aleksandr Dugin
1 - Kiev assume uma posição de espera, concentra suas tropas na fronteira com a Criméia, e ameaça, mas não toma qualquer ação direta. Os EUA pressionam fortemente a Rússia, congelando contas, e travando uma ativamente uma guerra de informação, mas eles e a OTAN evitam conflitos diretos. Kiev recebe apoio substancial do Ocidente, mas foca em questões domésticas. A fronteira com a Rússia é fechada.
O referendo [na Criméia sobre a união com a Rússia] passa com mínimos problemas. A vasta maioria vota em favor de se unir à Rússia. Nenhum país reconhece o referendo com exceção da Rússia. A Rússia levanta a questão de ações retaliatórias caso receba a Criméia para si. Ambas as câmara da Duma prontamente ratificam a anexação. A Criméia é retornada à Rússia. Forças russas entram na Criméia.
O Ocidente exerce uma forte pressão sobre a Rússia. Militantes no norte do Cáucaso e quintas-colunas em Moscou são ativados. Putin é apoiado por todos. Sua popularidade entre a população atinge seu clímax. Isso o ajuda a lidar com desafios internos.
2 - Na Ucrânia oriental, Kiev começa a tomar medidas punitivas duras. Há uma clara ditadura nacionalista. Indivíduos tentam atacar a Criméia ou cometer atos de sabotagem. Eles começam a se vingar de russos e do leste e sul russófonos pela perda da Criméia. Isso leva ao início da resistência. A segunda fase do drama ucraniano começa: A Batalha pela Nova Rússia. As pessoas despertam rápido e de uma só vez. A Ucrânia estabelece um estado de emergência, em conexão com o que é definido como "agressão moscovita". Os últimos traços de democracia são abolidos. Eleições são realizadas em maio em estado de guerra.
3 - Os nacionalistas arranjam uma série de ataques terroristas na Rússia. Na própria Rússia, o regime evolui, e começa a limpar a quinta-coluna.
4 - Na Nova Rússia, a resistência aumenta e gradativamente passa à fase de rebelião direta contra os lacaios de Kiev. Há uma sangrenta guerra civil. A Rússia emprega uma estrutura de apoio massivo; simetricamente o Ocidente apoia Kiev. Em certo momento, em resposta à sabotagem na Rússia e às ações sangrentas dos nacionalistas e ao aparato repressivo de Kiev contra civis e o leste da Ucrânia, a Rússia envia suas tropas para o leste da Ucrânia. O Ocidente ameaça com guerra nuclear. Esse é o momento existencial para Putin. Mas ele não pode parar. Seguindo firme (possivelmente com perdas pesadas), a Nova Rússia é liberada. O lado esquerdo da Ucrânia é conquistado, com sua fronteira ao longo do Dnieper. Um novo governo é fundado - por exemplo, Ucrânia ou Nova Rússia. Ou uma versão da Criméia pode ser repetida.
5 - O lado direito da Ucrânia, que não reconhece a secessão (como a Iugoslávia sob Milosevic e depois a Sérvia contra Kosovo), forma um novo Estado ucraniano de facto. Bases da OTAN são imediatamente instaladas em seu território, detendo a possibilidade dos russos seguirem para Kiev.
6 - O novo governo rigidamente nacionalista da Ucrânia rapidamente entra em crise. Conflitos diretos começam entre grupos étnicos (rutenos, húngaros, poloneses, romenos e outras minorias) e por motivos políticos (culpabilização pela perda de metade dos territórios da Ucrânia. O Estado se enfraquece. O processo de novas secessões começa.
7 - A Rússia não se detém aqui, mas empreende atividades na Europa, agindo como o principal elemento da Revolução Conservadora Européia. A Europa começa a rachar: alguns países estão atrás dos EUA, mas começam a ouvir mais a Rússia. Contra o pano-de-fundo da crise financeira, a posição da Rússia se torna mais atraente. A Rússia assume a proteção da multipolaridade, do continentalismo e do novo conservadorismo (a Quarta Teoria Política).
8 - Na Ucrânia ocidental, Ucrânia-2, uma força política pró-européia (pró-alemã) chega ao poder e começa a suavizar sua política anti-russa e se distancia dos EUA.
9 - Através da Europa, o processo de desamericanização tem início. Uma força armada européia autônoma é criada independente da OTAN com base nas forças armadas alemã e francesa.
10 - Uma nova grande Associação Continental é formada, como uma confederação de Europa e Eurásia, a União Européia e a União Eurasiana. Russos, ucranianos e europeus estão de um lado das barricadas, os americanos do outro. A hegemonia americana e o domínio do dólar bem como a dominação do atlantismo, do liberalismo e da oligarquia financeira são liquidadas. Uma nova página da história mundial tem início. Os eslavos estão reunidos não contra a Europa, mas com a Europa no esquema de um mundo multipolar e policêntrico. De Lisboa a Vladivostok.