29/03/2011

Meditação no Cume de uma Montanha

por Julius Evola

Está verdadeiramente desperto meu Espírito?
Quando olho para o alto, em meio ao céu azul,
O voto do existente se me apresenta como uma evidência;
E eu não temo a doutrina da realidade das coisas.
Quando volto meu olhar para o Sol e a Lua.
A iluminação se manifesta distintamente à minha consciência;
E eu não temo o embotamento, nem a torpeza.
Quando volto o olhar para o cume das montanhas,
O imutável da contemplação se apresenta distintamente à minha consciência;
E eu não temo a cessante inconstância do vão teorizar.
Quando olho para baixo, em meio aos rios,
A idéia da continuidade se apresenta distintamente à minha consciência,
E eu não temo a imprevisibilidade dos acontecimentos;
Quando vejo a imagem do arco-íris,
O vazio dos fenômenos fica experimentado no ponto central de meu ser interior;
E eu já não temo mais, nem aquilo que perdura, nem aquilo que fenece.
Quando vejo a imagem da Lua refletida na água,
A auto-liberação, desligada de todos os interesses, se apresenta diáfana à consciência.
E nenhum interesse tem já poder sobre mim.
Quando olho dentro de minha alma,
A Luz do interior do recipiente se apresenta clara à consciência:
E não temo a torpeza, nem a estupidez...