02/06/2012

Orion, ou a conspiração dos heróis


Por Alexander Dugin

1. Uma Entrada Aberta para o texto Oculto de Cesare della Riviera

“O Mundo Mágico dos Heróis” (Il mondo magico de gli heroi), o livro de Cesare della Riviera, foi publicado em 1605. Mais tarde, no Século XX, Julius Evola o republicou com os seus comentários, assegurando que neste tratado hermético podem ser achadas as afirmaçõs mais claras e abertas dos princípios espirituais, alquimia e arte hermética. No entanto, Rene Guenon nota na sua crítica, que o trabalho de della Riviera está longe de ser tão transparente quando assegurado no comentário de Evola.

E de fato, “O Mundo Mágico dos Heróis” é enigmático até o limite – primeiro, pela sua forma literária, e segundo, porque os conceitos com os quais o autor lida são, as vezes, extremamente misteriosos em si mesmos, nada claros, e não tendo nada equivalente na realidade concreta.

Mas, talvez, as dificuldades em entender o dado tema emerjam justamento por causa do “princípio heróico”, a figura do Heróis está longe da esfera do que nos rodeia hoje? Talvez este difícil texto seja claro como cristal para os verdadeiros heróis e não precise de nenhuma decodificação posterior?

Ele é claro como cristal e transparente como o gelo…

2. Cosmogonia do Gelo

No livro de Evola, voltado para os diferentes problemas da Tradição e da política, há sempre um apelo para o príncipio do Frio. O tema do Frio emerge cá e lá, independente do contexto tratar de tantra ou da posição existêncial do “homem solitário”, Budismo-Zen ou mistérios cavaleirescos da Europa medieval, arte moderna ou notas autobiográficas. “Frio” e “Distante” são duas palavras que, talvez, seja encontradas mais frequentemente do léxico do “Barão Negro”.

O heróis, pela própria definição, deve ser frio. Se ele não se separar daqueles à sua volta, se ele não congelar a energia do humanitarismo diário, dentro dele, ele não estará no patamar de praticar o impossível, ou seja, no patamar que difere o herói do meramente humano. O humano deve deixar as pessoas e viajar além dos limites do conforto social, para onde existam os ventos penetrantes de uma realidade objetiva, um rugido severo e não-humano. O solo e as pedras se opõe aos mundo animal e vegetal. E vegetação agressivo corrói os minerais, e animais selvagem ferozmente destroem as ervas obstinadas. Os elementos fora da sociedade não demonstram piedade. O mundo em si mesma é um triunfante banquete de substância, do qual o nível mais profundo se funde com os caroços do gelo cósmico. O herói é frio porque ele é objetivo, porque ele aceita a corrida de revezamento de forças, furiosas e cruéis, no mundo.
O caráter de todos os heróis – de Hercules até agora – são idênticos: eles é profundamente natural, elemental, abissalmente frio e distante dos compromissos sociais. Eles são todos portadores do abismo da objetividade.

Nesta maneira estranha e hermética, Cesare della Riviera então interpreta a palavra “Angelo” (anjo):ANGELO = Antico Gelo, ou seja “Anjo = Gelo Antigo”.

Isso está conectado com a próxima fase do feito heróico, não uma viagem pela realidade, mas uma fuga dos seus limites – escapar das suas amarras.

A Alquimia e a Cabala guardam muito conhecimento sobre o segredo da “Fortaleza de gelo”. Ela é uma fronteira que separa as “águas inferiores” da vida das “águas superiores” do Espírito. A frase de della Riviera tem um sentido estritamente teológico: deixando a esfera da vida emocional, o heróis se transforma em um pequeno crital de gelo, um anjo luminoso no oceano espelhado do Espíito, no qual um trono divino de Resi é fundado. A Rainha da Neve do conto-de-fadas de Andersen forçava o garoto Kai a moldar pedaços de gelo emu ma misteriosa palavra angelical – “Ewigkeit”, mas as forças cálidas da terra (‘Gerda’ significa ‘Terra’ em Alemão antigo) puxaram o infeliz herói, novamente, para uma vida miserável e sem esperanças. Ao invés de um anjo, ele se torna um Burgúndio Escandinavo da cara vermelho com cerveja e salsichas. Frio é um atributo de um cadáver e de um Iniciado. O corpo dos yogin congelam no processo de despertas a sagrada energia da serpente – o quanto mais alto a Kundalini sobre, mais sem vida as partes do corpo correspondente se tornam, até que o Iniciado tenha se transformado em uma estátua de gelo, um eixo de constância espiritual.

Cada herói, necessariamente, viaja do polo ao coração da meia-noite. Lá ele aprende a amar a escuridão e a substância obscura, que é chamada de “nossa Terra” ou de “Magnesia dos filósofos” pelos alquimistas. A urna que contém as cinzas do Barão Evola está enterrada em uma grossa geleira nos Alpes, no cume do Monte Rosa. A montanha, provavelmente, recebeu este nome em honra da sagrada amada de Friedrich II Hohenstauffen, aquela que não morreu. La Rosa di Soria. A Rosa Polar.

3. A Viagem da Ninfa Polar

Cyliani, um misterioso alquimista do Século XIX, de quem o pseudônimo só fora desvendado com a ajuda de Pierre Dujols (Magaphon), amigo de Fulcanelli e... um Valois secreto, escreveu que a viagem heróica para dentro do “mundo mágico dos heróis” começou com uma estranha visita da “Ninfa da Estrela Polar”...

Para onde seus passos guiam?

Eles conduzem para dentro. Para dentro da Terra, onde uma matéria fantástica chamada “ácido sulfúrico dos filósofos” se esconde. Visitabis interiora terrae rectidicando invenies occultum lapidem. A pedra é completamente negra, como uma alma, no “antimimon pneuma”* dos Gnósticos. Lá, na negrura da insegurança pessoal do “Eu” indiferenciado, se esquivando de um nome, a façanha mágica começa. Se o heróis não se questionar do que se constitui sua essência aparente, ele está condenado. Mesmo os pais divinos não dão uma resposta para o problema da origem do “Eu”.

4. O Segredo do Dragão Celestial

A busca pela ninfa está ligada com o problema original da definição da estrela polar. O polo divino gira, como “Atalanta fugiens”. Certa vez, uma delgada criatura se escondia nos pelos da Ursa Maior, perto de Arcturus. Ela se chama de “Shemol”. Nos 12 mil elas ela falará de si mesma – “Eu sou Vega”. Mas o que é o Eixo em que o Eixo dos milênios gira em torno?

Ponto negro nos céus do norte. O Dragão gira em volta dela, tentado o firme observador, oferecendo os frutos duvidosos de conhecimento. A ninfa polar deu à Cyliani a chave da vitória contra este Dragão. Herméticistas a consideram uma qestão da matéria primordial. Dragão Celeste, o verdadeiro norte da eclíptica. Ele está protegendo o coração boreal contra a expansão negra, como uma espiral delineando um centro inexistente.

Descrição: Betelgeuse
5. O Segundo de Betelgeuse

Orion é a mais misteriosa de todas as constelações. O tempo está se escondendo em seu ombro direito. Ele é o herói principal do mundo subterrâneo (e não apenas subterrâneo!). Betelgeuse significa “Ombro do Herói” em Árabe. É neste mesmo ombro que se mantém o segredo de um livro, que primeiro Fulcanelli deu à Canseliet, e depois desistiu, proibindo a sua publicação. Está matéria diz respeito ao “Finis Gloria Mundi”, terceiro livro do adepto. Quando o leite de Virgem toca o ombro forte do “deus negro”, e assim ele perde as mãos sob as facas dos executores impiedosos, um incêndio mundial está chegando, a esfera está a derrubar. Os céus caem. Eles são feitos de rocha, como todo mundo sabe. Os Heróis estão secretamente preparando choques terríveis para a sociedade. A sociedade se consola com o fato de que os baniu da história, mas onde está a fronteira precisa entre literatura e gama nuclear, entre um canto escuro para meditar e um tapete de bombardeios?

Para nossa informação, os agente de Betelgeuse, habitants do “mundo mágico dos heróis”, disfarçados de agentes de Estado, abriram caminho para a casa-das-máquinas da autoridade. Há apenas certezas de sequências celestiais e ciclos processionais em suas mentes. Um fogo nuclear no Hemisfério Norte é uma via ao Olimpo, o fogo de Hercules para eles. Além do externo, Evola tinha uma missão secreta.

6. A Floresta de Rambouillet

“A floresta de Rambouillet é uma floresta de sangue” – Jean Parvulesco hipnoticamente repetiu na sua novela. Um veado branco com sua garganta cortada é achado lá, então o cadáver nu de uma mulher com ferimentos idênticos. O bosque mágico em que Dante perdeu se perdeu de seu caminho. “Floresta dos Filósofos” Em uma certa inscrição, ilustrando a “Tabula Smaragdina” de Hermes Trismegistus, o homem com uma cabeça de alce dá a Lua à Eva. Mais tarde, se acreditarmos em Parvulesco, eles se encontrarão o jardim de Rambouillet.

Um encontro sem alegria.

“Um dia a Apollo retornará, e dessa vez, pra sempre”, - dizia a última profecia de um Pitonisa de Delfos no Século IV d.C.

*Espírito Falsificado