por Dan Canuckistan
"Eu vejo todo esse potencial, e eu vejo desperdício. Maldição, toda uma geração enchendo tanques de gasolina, servindo mesas - escravos de colarinho branco. A propaganda nos põe correndo atrás de carros e roupas, trabalhando em empregos que odiamos para comprar merdas que não precisamos. Nós somos os filhos do meio da história, cara. Sem propósito ou lugar. Nós não temos nenhuma Grande Guerra. Nenhuma Grande Depressão. Nossa Grande Guerra é uma guerra espiritual...nossa Grande Depressão é nossas vidas. Nós fomos todos criados pela TV para acreditamos que um dia seríamos todos milionários e astros do cinema e rock stars. Mas nós não seremos. E nós estamos lentamente aprendendo esse fato. E nós estamos muito, muito putos". - Clube da Luta
No final da década de 70, a Frente Nacional Britânica se encontrou nos estertores de uma luta interna entre sua ala de soldados políticos e uma facção direitista reacionária. Uma questão que contribuiu para esse racha foi a sugestão por Patrick Harrington - um jovem nacional-revolucionário dos escalões superiores da Frente - de que os membros do grupo deveriam praticar a "expropriação" no local de trabalho para promover os objetivos da causa nacionalista (roubar suprimentos de papelaria, fazer fotocópias não autorizadas, etc...).
Os reacionários ficaram horrorizados, considerando que tais atividades escusas não só seriam anti-eticas como também uma influência corruptora sobre todos aqueles que participassem nelas. E, como regra geral, eles estavam completamente corretos. Fora de uma estrutura revolucionária e carecendo de uma justificativa ética superior, a expropriação no local de trabalho pode levar à dissolução moral do indivíduo e coletivamente a uma cultura de corrupção. Porém o que Harrington propôs - se adequadamente refletido, explicado e implementado - pode muito bem ter o efeito oposto ao abrir uma nova esfera da luta nacional-revolucionária, uma que não só é reta em um sentido moral, mas que também emprega táticas eticamente superiores (ou seja, não-letais e dirigidas principalmente contra a propriedade).
A resistência no local de trabalho, é claro, vai muito além da mera expropriação de bens. Ela pode incluir um vasto espectro de atividades, incluindo liberar o próprio tempo da tirania do relógio (o assim chamado "furto de tempo), atrasar o trabalho (a "subtração consciente de eficiência", como os antigos wobblies chamavam), revelar segredos (à lá Wikileaks), sabotagem, pregar peças, grafitagem e panfletagem revolucionária, atrapalhar chefes e fura-greves, difundir dissenso e solapar a moral geral, hackear computadores, e assim por diante. Para usar uma expressão anarquista recente, há toda uma verdadeira "diversidade de táticas" disponível.
Em primeiro lugar, é importante para nacional-revolucionários situar o local de trabalho em seu contexto estratégico adequado. Muitas vezes nós relegamos os espaços nos quais trabalhamos - e perdemos tanto de nosso tempo - como mundanos ou monótonos, separados de nosso ativismo político. Atos de resistência no local de trabalho são desprezados como mera criminalidade ou rebelião juvenil, mas essa é uma abordagem completamente equivocada.
O tamanho e poderio econômico de grandes corporações supera em muito o PIB de diversos estados-nações. O Wal-Mart, por exemplo, é valorado acima do Paquistão, a Exxon supera a Nova Zelândia, a British Petroleum faz sombra sobre a Ucrânica, e o Citigroup sobrepuja a Romênia. A gigante brazileira de mineração, a Vale, que opera uma mina em Newfoundland, é mais rica do que a província que a hospeda. Essa concentração sem precedentes de riqueza tem permitido às corporações despejar exércitos de lobistas com baldes de dinheiro para capturar os processos políticos de muitas nações modernas, impondo legislações danosas para maximizar seus lucros (ou seja, promover o trabalho barato através da imigração em massa) e se defender de regulações.
É preferível olharmos para nossos hipermercados "locais", redes de restaurante de fast-food e redes varejistas corporativas como entrepostos da globalização, território inimigo em uma vasta luta geopolítica colocando as forças do consumismo padronizado e da exploração capitalista ("eles") contra as forças do tradicionalismo radical e da justiça econômica ("nós"). A resistência no local de trabalho é uma forma atualizada e eficaz de guerrilha ou conflito assimétrico perfeitamente adequada às realidades modernas. À longo prazo, por exemplo, o furto em pouca intensidade/risco de fios de cobre é muito mais eficaz em enfraquecer o sistema do que qualquer número de bombas de fertilizante ou massacres aleatórios. Isso pode não ser tão "másculo" ou hollywoodiano como um ato terrorista explosivo, mas a resistência no local de trabalho é muito mais vantajosa tanto de um ponto de vista econômico como de um ponto de vista da propaganda revolucionária.
E as multinacionais estão em uma desvantagem estratégica distinta: a natureza de suas operações demandam que eles nos permitam acesar - como consumidores e trabalhadores - suas fortalezas corporativas (lojas, shoppings, centros corporativos, fábricas, centros de distribuição, etc.). Em termos militares, isso é o equivalente a permitir que um time de comandos se infiltre por trás de suas linhas ou até mesmo estender o tapete vermelho para eles.
Os nacional-revolucionários precisam explorar essa rachadura na armadura corporativa e reorientar nossa luta contra a infraestrutura econômica difusa da economia capitalista. Nosso povo, alienado e gasto em suas precárias vidas de trabalho, serão encontrados lá. E eles serão receptivos a uma mensagem de resistência quotidiana prática combinada com uma visão positiva da economia futura e da justiça social. Nós devemos nos tornar novos wobblies...Trabalhadores Industriais Nacional-Revolucionários do Mundo, uni-vos!