13/08/2011

A elite esquerdista britânica esmagou virtualmente todos os valores sociais

por Melanie Phillips, pelo Daily Mail

*NT: O que no artigo original aparece como "liberal" foi traduzido como "esquerdista", haja vista que "liberal" significa coisas distintas para a tradição política anglo-saxã e para a continental.

Então agora as galinhas realmente voltaram pra casa para cacarejar. A anarquia violenta que tomou controle das cidades britânicas é o resultado absolutamente previsível de um experimento esquerdista de três décadas que devastou virtualmente cada valor social básico.

A família baseada no matrimônio, a meritocracia educacional, a punição dos criminosos, a identidade nacional, a execução das leis de drogas e muitas outras convenções fundamentais foram todas esmagadas por uma intelligentsia esquerdista fanaticamente decidada à transformação revolucionária da sociedade.

Aqueles entre nós que avisaram ao longo dos anos que eles estavam brincando com fogo foram zombados e anatemizados como malucos direitistas que queriam fazer o relógio correr para trás de volta a alguma idade dourada mítica.

Agora nós podemos ver do que eles estavam falando nas cenas horríveis e sem precedentes de violência grupal, com casas e lojas pegando fogo, e saques epidêmicos.

Claramente, há alguma direção e coordenação ainda não-identificada por trás da anarquia. Mas o que é tão notável e incômodo é que, após o primeiro dia quando adultos estavam claramente envolvidos, esse caos tem sido causado principalmente por adolescentes e crianças, algumas de até oito anos de idade.

A idéia de que eles não deveria roubar a propriedade de outras pessoas, ou espancar e roubar transeuntes, parece-lhes tão estranha e exótica quanto a sugestão de que eles deveriam voar até a lua.

Esses jovens sentem-se no direito de sair por aí roubado tudo que eles quiserem. De fato, eles são incrédulos que alguém possa sugerir-lhes que talvez eles devessem deixar essa oportunidade passar.

O que tem alimentado tudo isso não é pobreza, como tem sido tão previsivelmente afirmado, mas colapso moral. O que nós temos experimentado é a desintegração completa do comportamento civilizado entre crianças e jovens saída direto do romance seminal de William Golding sobre a selvageria infantil, O Senhor das Moscas.

Tem havido muito diálogo espantado sobre crianças "ferais" e chamados desesperados para que os pais tentem mantê-los em casa à noite e que perguntem-lhes sobre qualquer bem roubado que eles estejam levando para casa.

Como se houvesse pais responsáveis nesses lares! Nós não estamos enfrentando apenas crianças ferais, mas pais ferais.

É óbvio que esses pais sabem que seus filhos estão nas ruas. É óbvio que eles veem quando eles voltam carregados de produtos roubados. Mas eles estão ou bêbados demais ou drogados ou simplesmente não dão a mínima, ou então eles estão é ajudando nos saques também.

Como David Cameron observou ontem, claramente há bolsões da sociedade que não estão apenas quebrados, mas sim completamente doentios.

As causas dessa doença são muitas e complexas. Mas três coisas podem ser ditas com certeza: cada uma delas é culpa da intelligentsia esquerdista; cada uma delas foi instituída ou exacerbada pelo governo Trabalhista; e no próprio âmago desses problemas está a desintegração da família.

Pois a maioria dessas crianças vem de lares de mães solteiras. E o fator mais crucial por trás de todo esse caos é a remoção intencional do elemento mais importante que socializa crianças e transforma selvagens ferais em cidadãos civilizados: um pai que seja um membro completamente dedicado da unidade familiar.

É claro que há muitos pais solteiros que fazem um grande trabalho. Mas nós estamos falando aqui de um colapso social generalizado. E há áreas inteiras da Grã-Bretanha, tanto brancas quanto negras, nas quais pais dedicados são um fenômeno completamente desconhecido.

Em tais áreas, gerações sucessivas estão sendo criadas apenas por mães, através de cujas casas passam machos transitórios com os quais estas mulheres tem ainda mais filhos - e que inevitavelmente repetem o padrão de educação solitária e disfuncional.

O resultado são garotos sem pai que são consumidos por uma ira existencial e carência emocional desesperada, e que descontam o dano feito a eles atacando desde a infância todos que estão ao seu redor. Essas crianças habitam o que é efetivamente um mundo diferente do resto da sociedade. É um mundo sem quaisquer fronteiras ou regras. Um mundo de caos emocional e físico.

Um mundo no qual uma criança responde à menor decepção ou discordância pelo recurso à violência. Um mundo onde o pai não quer ou é incapaz de prover a estrutura amorosa e disciplinada que uma criança necessita de modo a prosperar.

Porém ao invés de a família monoparental ser considerada uma tragédia para os indivíduos, e uma catástrofe para a sociedae, ela foi redefinida como um "direito".

Quando o Partido Trabalhista chegou ao poder em 1997, ele engajou-se sistematicamente em destruir não apenas a família tradicional, mas a própria idéia de que pais casados sejam melhores para as crianças do que qualquer outro arranjo.

Ao contrário, ele introduziu a libertinagem sexual da "escolha de estilo-de-vida"; afirmou que a idéia do homem provedor era um anacronismo sexista; e disse às garotas que elas podiam, e devia, ser mães solteiras.

Isso foi o resultado da derrota esmagadora de Tony Blair, nos dois anos após sua chegada ao poder, nas mãos das ultrafeministas e dos apóstolos da não-discriminação em seu Gabinete e partido que estavam determinados, acima de tudo, a destruir a família nuclear tradicional.

Blair estava sozinho contra eles, e perdeu.

Uma dessas ultrafeministas destruidoras era Harriet Harman. Outra noite, ela estava na TV absurdamente sugerindo que cortes nas bolsas educacionais ou para trabalhadores jovens tinham alguma relação com jovens incendiários saqueando lojas, roubando, e matando pessoas nas ruas.

Mas Harman foi uma das principais forças no governo trabalhista por trás da promoção do monoparentalismo e da marginalização dos pais. Se alguém deveria ser culpado por criar as condições que levaram a essas cenas atemorizantes em nossas cidades, certamente é a Sra. Harman.

E essa destruição da família foi ainda mais apoiada, recompensada e encorajada pelo Estado do Bem-Estar Social, que concebe a carência unicamente em termos de ausência de dinheiro, e que conseguintemente subsidia o monoparentalismo e o comportamento destruitivo que a ausência de pais traz consigo.

A dependência de auxílio do governo ampliou ainda essa cultura de subvenções que os saqueadores são egregiamente demonstram. Ela ensinou a eles que o mundo deve sustentá-los. Ensinou a eles que suas ações não tinham consequências. E ensinou a eles que o mundo girava ao seu redor.

O resultado dessa combinação tóxica de subsídios e não-discriminação foi uma explosão de monoparentalismo eletivo e comportamento disfuncional transmitido através das gerações no próprio fundo da montanha social - criando, efetivamente, uma classe à parte.

Outrora, as crianças teriam sido resgatadas de seu meio social problemático por escolas que davam-lhes não apenas educação mas estrutura e propósito em suas vidas.

Mas a intelligentsia liberal destruiu essa rota de fuga, também. Pois seu massacre contra o casamento - a instituição-base da sociedade - com um sistema de impostos que penaliza casais casados com uma esposa que não trabalha, foi replicado por um massacre sobre a compreensão e a própria identidade dessa sociedade. Ao invés de transmitir conhecimento às crianças, a educação passou a ser considerada um ataque contra a autonomia e auto-estima das crianças. 

Então ocorreu que os professores adotaram uma estratégia "centrada nas crianças", que esperava que elas não apenas aprendessem sozinhas, mas também tomassem decisões sozinhas a respeito de comportamentos como moralidade sexual ou uso de drogas.

O resultado foi que as crianças foram deixadas semi-alfabetizadas e incapazes de pensar. Abandonadas para vagar pelo mundo sem qualquer orientação, elas previsivelmente terminaram sem qualquer compasso moral.
Tudo isso foi agravado ainda mais pelo desastre do multiculturalismo - a doutrina que sustentava que nenhuma cultura podia ser considerada superior a qualquer outra porque isso seria "racista".

Isso queria dizer que as crianças não mais aprendiam sobre a nação na qual viviam, e sobre sua cultura. Então não apenas elas foram deixadas na ignorância sobre a própria sociedade, mas qualquer ligação a uma cultura compartilhada foi deliberadamente despedaçada.

Ao invés de forjar laços sociais, o multiculturalismo dissolveu-os - e introduziu ao invés uma guerra primitiva de todos contra todos, na qual os grupos mais fortes podiam destruir os fracos.

Fortemente ligada a isso estava a "cultura da vítima", na qual todos os grupos minoritários foram considerados como vítimas da maioria. Então qualquer comportamento negativo deles era desculpado sua culpa atribuída à maioria.

De maneira similar, todos os comportamentos criminosos foram desculpados com base em que o criminoso não podia agir de outra maneira, já que ele era vítima de circunstâncias tais como a pobreza, o desemprego, ou ainda cortes ilusórios nos gastos públicos. Os direitos humanos dos criminosos tornaram-se mais importantes do que a segurança de suas vítimas. Punição tornou-se uma palavra feia. Então todo o sistema de justiça criminal transformou-se em uma piada, com delinquentes juvenis safando-se com sentenças comunitárias pelas quais eles só nutiram desprezo.

O Sr. Cameron declarou que todos aqueles condenados por participarem nesses tumultos seriam presos.

Será? Não é mais provável que eles acabarão com alguma penalidade comunitária que levar-lhes-á em excursões às Alton Towers para compensar por sua criação desprivilegiada? Essa é a resposta normal de nossos funcionários sentimentalóides e aturdidos da justiça criminal.

Em resumo, o que nós vimos desenvolver-se diante de nossos olhos horrorizados nos últimos quatro dias na Grã-Bretanha é o verdadeiro legado dos anos de governo trabalhista.

A desintegração social e moral por trás dos tumultos foi intencionada deliberadamente pelos políticos esquerdistas da Grã-Bretanha e por outros ideólogos de classe-média que embrulham seu desprezo absoluto pelos pobres em um manto de não-discriminação "progressista".

Essas são as pessoas que - contra toda evidência de uma montanha de pesquisa empírica - vomitam execrações sobre qualquer um que dê a sugestão de que o monoparentalismo é, geralmente, uma catástrofe para os filhos (e um desastre para as mulheres); que promovem a liberação das drogas, opõem-se à educação seletiva (enquanto pagam tutores privados para os próprios filhos) e chamam aqueles que opõem-se à imigração ilimitada e ao multiculturalismo "racistas".

E as verdadeiras vítimas dessas pessoas que "sabem o que é o melhor" são sempre aqueles na base da pirâmide social, que não possuem nem o dinheiro ou os recursos intelectuais ou sociais para isolarem-se contra os efeitos mais catastróficos de toda essa baboseira.

A Grã-Bretanha foi outrora uma sociedade ordeira que era a inveja do mundo - a mais civilizada, mais cortês e mais obediente à lei.

Pode essa Grã-Bretanha devastada voltar aos eixos? David Cameron está falando com dureza: mas ele terá estômago para agir com firmeza?

Irá ele, por exemplo, remover os incentivos para que garotas e mulheres tenham filhos fora do casamento? Irá ele desmantelar o conceito de subvenções do Estado de Bem-Estar Social? Irá ele vigorosamente executar a legislação anti-drogas? Irá ele pôr fim ao tratamento com luvas de pelica dos "grupos vitimizados" e considerá-los responsáveis por seu comportamento exatamente do mesmo modo que a todos os outros?

Reparar esse terrível dano também significa, ouso dizer, um retorno à transmissão enérgica da moralidade bíblica.

Por acaso alguém ouviu o que o Arcebisbo de Canterbury tem a dizer sobre os tumultos? Alguém interessa-se por saber o que ele eventualmente dirá sobre eles? Dificilmente.

Quando os líderes eclesiásticos pararem de tagarelar por aí como assistentes sociais molengas e começarem a pregar, novamente, os conceitos morais que subjazem nossa civilização, e quando nossos líderes políticos decidirem opôr-se à guerra cultural que está sendo travada contra essa civilização ao invés de aquiescerem covardemente com sua destruição, então - e apenas então - nós começaremos a reagir frente a esse terrível problema.

Até então, entre os destroços de nossas cidades destruídas e incendiadas, nós apenas podemos olhar por sobre as ruínas da Bretanha que nós tão caramente amamos; a Bretanha que outrora liderou o mundo à civilização, mas que está agora liderando para fora dela.

fonte: http://www.dailymail.co.uk/debate/article-2024690/UK-riots-2011-Britains-liberal-intelligentsia-smashed-virtually-social-value.html