Relembremos os postulados de base da geopolítica – uma ciência que foi anteriormente igualmente apelidada de “geografia política” e cuja elaboração deve ser fundamentalmente atribuída ao cientista e perito em política inglês Halford MacKinder (1961-1947). O termo geopolítica foi utilizado pela primeira vez pelo sueco Rudolf Kjellen (1864-1922) sendo de seguida difundido na Alemanha por Karl Haushofer (1869-1946). Mas de qualquer maneira, o pai da geopolítica continua a ser MacKinder, cujo modelo fundamental está na base de todos os estudos geopolíticos posteriores. O mérito de MacKinder é que este conseguiu delinear e compreender as leis objetivas precisas da história política, geográfica e econômica da Humanidade.
Embora o termo “geopolítica” tenha surgido muito recentemente, as realidades designadas por este termo têm uma história plurimilenar. A substância da doutrina geopolítica pode resumir-se nos seguintes princípios: na história planetária apresentam-se duas abordagens opostas e em competição permanente para apreender o espaço planetário: a abordagem “terrestre” e a abordagem “marítima”. Conforme a abordagem à qual aderem os diversos Estados, povos ou nações – e de acordo com a sua consciência histórica, a sua política externa e interna, a sua psicologia, a sua visão de mundo, formam-se segundo regras completamente determinadas. Tendo em conta tais características, é perfeitamente possível falar de uma visão do mundo “terrestre”, “continental” ou mesmo “estepiana” (a “estepe” é a “terra” na sua forma pura, ideal), e de uma visão do mundo “marítima”, “insular”, “oceânica” ou “aquática” (denotaremos incidentalmente que as primeiras características de uma abordagem similar podem ser encontrados nos trabalhos dos eslavófilos russos, tais como Khomiakov e Kirievsky).
Na história antiga, as potências “marítimas” que se tornaram nos símbolos históricos da “civilização marítima” no seu conjunto foram a Fenícia e Cartago. O império terrestre que se opunha a Cartago era Roma. As guerras púnicas formam a imagem mais pura da oposição entre a “civilização marítima” e a “civilização terrestre”. A Inglaterra tornou-se, na época moderna e na história recente, o pólo “insular” e “marítimo”, “a senhora dos mares”, à qual se seguiu mais tarde a ilha-continente gigante, a América.
A Inglaterra, tal como a antiga Fenícia, utilizou em primeiro lugar como instrumento fundamental de dominação, o comércio marítimo e a colonização das regiões costeiras. O tipo geopolítico fenício/anglo-saxão, engendrou um modelo particular de civilização “de mercado-capitalista-mercantil” fundado, antes de tudo, sobre os interesses econômicos e materiais e nos princípios do liberalismo econômico. Por conseqüência, a despeito de todas as variações históricas possíveis, o tipo geral da civilização “marítima” está sempre ligado ao “primado do econômico sobre o político”.
Por antinomia face ao modelo fenício, Roma representava um exemplo de estrutura autoritária-guerreira fundada sobre uma dominação administrativa e sobre uma religião civil, sobre o primado do “político sobre o econômico”. Roma é o exemplo de um tipo de colonização puramente continental, não marítima, mas terrestre, com uma penetração profunda no continente e a assimilação dos povos submetidos, invariavelmente “romanizados” depois da conquista.
Na história moderna, as encarnações da potência “terrestre” foram o Império Russo e também os impérios Austro-Húngaro e o da Alemanha da Europa Central. A “Rússia/Alemanha/Áustria-Húngria” são o símbolo essencial da “terra geopolítica” na história moderna.
MacKinder demonstrou claramente que em todos estes últimos séculos a “atitude marítima” significa Atlantismo, tal como hoje em dia as “potências marítimas” são antes de tudo a Inglaterra e a América, quer isto dizer países anglo-saxônicos. Face ao “atlantismo” que personifica o primado do individualismo, do “liberalismo econômico” e da “democracia de tipo protestante”, perfila-se o Eurasianismo, que pressupõe necessariamente o autoritarismo, a hierarquia e o estabelecimento de princípios nacionais-estatais “comunitários” acima das preocupações meramente humanas, individualistas e econômicas. A atitude eurasiana claramente expressa é típica, antes de mais, da Rússia e da Alemanha, as duas potências continentais mais fortes, cujas preocupações geopolíticas, econômicas e – o mais importante – a visão do mundo são completamente opostas às da Inglaterra e dos Estados Unidos, ou seja dos “atlantistas”.
Embora o termo “geopolítica” tenha surgido muito recentemente, as realidades designadas por este termo têm uma história plurimilenar. A substância da doutrina geopolítica pode resumir-se nos seguintes princípios: na história planetária apresentam-se duas abordagens opostas e em competição permanente para apreender o espaço planetário: a abordagem “terrestre” e a abordagem “marítima”. Conforme a abordagem à qual aderem os diversos Estados, povos ou nações – e de acordo com a sua consciência histórica, a sua política externa e interna, a sua psicologia, a sua visão de mundo, formam-se segundo regras completamente determinadas. Tendo em conta tais características, é perfeitamente possível falar de uma visão do mundo “terrestre”, “continental” ou mesmo “estepiana” (a “estepe” é a “terra” na sua forma pura, ideal), e de uma visão do mundo “marítima”, “insular”, “oceânica” ou “aquática” (denotaremos incidentalmente que as primeiras características de uma abordagem similar podem ser encontrados nos trabalhos dos eslavófilos russos, tais como Khomiakov e Kirievsky).
Na história antiga, as potências “marítimas” que se tornaram nos símbolos históricos da “civilização marítima” no seu conjunto foram a Fenícia e Cartago. O império terrestre que se opunha a Cartago era Roma. As guerras púnicas formam a imagem mais pura da oposição entre a “civilização marítima” e a “civilização terrestre”. A Inglaterra tornou-se, na época moderna e na história recente, o pólo “insular” e “marítimo”, “a senhora dos mares”, à qual se seguiu mais tarde a ilha-continente gigante, a América.
A Inglaterra, tal como a antiga Fenícia, utilizou em primeiro lugar como instrumento fundamental de dominação, o comércio marítimo e a colonização das regiões costeiras. O tipo geopolítico fenício/anglo-saxão, engendrou um modelo particular de civilização “de mercado-capitalista-mercantil” fundado, antes de tudo, sobre os interesses econômicos e materiais e nos princípios do liberalismo econômico. Por conseqüência, a despeito de todas as variações históricas possíveis, o tipo geral da civilização “marítima” está sempre ligado ao “primado do econômico sobre o político”.
Por antinomia face ao modelo fenício, Roma representava um exemplo de estrutura autoritária-guerreira fundada sobre uma dominação administrativa e sobre uma religião civil, sobre o primado do “político sobre o econômico”. Roma é o exemplo de um tipo de colonização puramente continental, não marítima, mas terrestre, com uma penetração profunda no continente e a assimilação dos povos submetidos, invariavelmente “romanizados” depois da conquista.
Na história moderna, as encarnações da potência “terrestre” foram o Império Russo e também os impérios Austro-Húngaro e o da Alemanha da Europa Central. A “Rússia/Alemanha/Áustria-Húngria” são o símbolo essencial da “terra geopolítica” na história moderna.
MacKinder demonstrou claramente que em todos estes últimos séculos a “atitude marítima” significa Atlantismo, tal como hoje em dia as “potências marítimas” são antes de tudo a Inglaterra e a América, quer isto dizer países anglo-saxônicos. Face ao “atlantismo” que personifica o primado do individualismo, do “liberalismo econômico” e da “democracia de tipo protestante”, perfila-se o Eurasianismo, que pressupõe necessariamente o autoritarismo, a hierarquia e o estabelecimento de princípios nacionais-estatais “comunitários” acima das preocupações meramente humanas, individualistas e econômicas. A atitude eurasiana claramente expressa é típica, antes de mais, da Rússia e da Alemanha, as duas potências continentais mais fortes, cujas preocupações geopolíticas, econômicas e – o mais importante – a visão do mundo são completamente opostas às da Inglaterra e dos Estados Unidos, ou seja dos “atlantistas”.