"Depois de chegados à superprodução e à condição de nações que, demográfica ou industrialmente, 'não tem espaço', impõe-se uma saída e, onde a 'guerra indireta' e as ações diplomáticas não forem suficientes, passa-se às ações militares, que têm, aos nossos olhos, um significado extremamente mais baixo que o que podem ter tido as invasões bárbaras. Este gênero de subversão tem atingido, no decorrer dos últimos tempos, proporções mundiais, sob a cobertura da retórica mais hipócrita. Têm sido mobilizadas as grandes ideias da 'humanidade', da 'democracia' e da 'liberdade dos povos', enquanto por um lado - no plano exterior - (...) se fez descer o ideal heroico ao nível policial, porque as novas 'cruzadas' não souberam encontrar uma bandeira melhor que a de uma 'ação contra o agressor'; e, do lado interior, para além das fumaças dessa retórica, a única força determinante tem sido a vontade de poder brutal e cínico de obscuras forças capitalistas e coletivistas internacionais.
Ao mesmo tempo, a 'ciência' conduziu a uma extrema mecanização e 'tecnicização' da aventura guerreira, pelo que hoje em dia não é tanto o homem que combate contra o outro homem, mas sim é a máquina que combate contra o homem, sendo em caso limite utilizados -com a guerra aérea 'total' indiscriminada, com as armas atômicas e as armas químicas - sistemas racionais de extermínio em massa, obscuros e inexoráveis, sistemas que anteriormente só podiam ser concebidos para aniquilar micróbios ou insetos. Que milhões e milhões de homens, arrancados maciçamente a ocupações e vocações completamente estranhas às do guerreiro, tenham sido feitos literalmente, como se diz na gíria técnica militar, 'material humano', e morram em aventuras semelhantes - isto sim, é que é uma coisa santa e digna do nível atualmente atingido pelos 'progressos da civilização'. O quê julgar de acordo com os valores da 'outra margem' não chegará na maior parte dos casos, a ver muito mais, no sangue que corre pelos campos, que o adubo de que a terra precisa."
(Julius Evola)