por Julius Evola
(1925)
Dois destinos, duas forças irredutíveis se enfrentaram e se manifestaram há dezenove séculos, uma e a outra se propuseram a conquistar o Ocidente e colher o legado do esplendor romano: o cristianismo e o mitraísmo.
Mitra: o Dominador do "Sol", o assassino do "Touro", emblema de uma raça real regenerada na "força forte das forças", dos Conquistadores, dos seres sem "bem" ou "mal", sem "necessidade", sem "desejo", sem "paixão".
Cristianismo: a voz dos escravos, de uma raça perturbada por ser problemática, doente, de infelizes que agitam a necessidade de amar, de acreditar, de se abandonar, de se perder; pessoas que são inimigas de si mesmas, inimigas do mundo, fanáticas, niveladoras, mortíferas para tudo o que é força, orgulho, sabedoria, aristocracia. A luta entre estas duas raças, longe de ter terminado, não começa realmente até hoje.
A vantagem dos cristãos no início da "sua" era de fato foi somente na superfície: a tradição real e solar dos Mistérios, por um lado, foi transmitida de chama em chama, de iniciado em iniciado numa corrente ininterrupta e secreta, enquanto ao mesmo tempo, através de influências sutis, agiu sobre as grandes correntes da história ocidental. Hoje, ela emerge novamente em plena luz nos esforços ainda confusos, nos seres quebrados sob o peso de uma verdade que ainda excede suas forças, mas que outros poderão assumir e impor: e quando for plenamente revelada, nela reconheceremos o verdadeiro e profundo significado de uma tradição - desde Descartes até o idealismo mais recente - e a veremos novamente subir em toda sua altura, dura, fria, diante de seu adversário.