08/05/2023

Alberto Lombardo - O Simbolismo do Carvalho

 por Alberto Lombardo

(2009)


O linguista genovês Giacomo Devoto escreveu: "a espécie vegetal mais importante do ponto de vista lexical é, na floresta, o carvalho, *dereu". Este nome italiano deriva do latim (arbor) quercea, um adjetivo de quercus, que por sua vez pode ser rastreado até a forma indo-europeia *perkwu, que sobreviveu apenas na área germânica (com a rotação consonantal normal), no Báltico (em nome do deus Perkùnas) e áreas celtas (o nome do latim silva Hercynia tem de fato origem gálica).

Além do *perkwu, porém, existe uma outra raiz fonética, atestada em um número maior de idiomas e também de maior significado linguístico. Trata-se de *dereu, designando o carvalho, mas do qual muitos outros significados foram derivados (incluindo os de "dureza", "bolota", "lança" e, sobretudo, na área germânica, "lealdade", como é o caso do alemão moderno Treue). Observando esta riqueza de significados, Devoto argumentou que o carvalho é, de todas as espécies florestais, a que teve maior resiliência lexical, mas que sua ampla difusão veio em detrimento da estabilidade semântica, ou seja, da preservação de seu significado original, dando assim origem a valores novos e genéricos.

A importância do carvalho entre os indo-europeus é testemunhada não apenas por dados linguísticos, mas também e sobretudo por seu significativo valor simbólico e religioso: esta árvore é de fato quase universalmente o emblema da força.

Além do referido deus báltico Perkùnas, ao qual o carvalho foi consagrado, na Grécia era sagrado para o pai dos deuses Zeus e a Dodona, enquanto entre os alemães era sagrado para Donar e Ziu (correspondente aos deuses nórdicos Thor e Odin). O clube de Hércules é feito de carvalho; na Odisseia, Ulisses consulta duas vezes a "folhagem divina do grande carvalho de Zeus". Além disso, de acordo com uma crença mágica, um ramo desta árvore, colocado por uma fonte na Arcádia, teria lutado contra a seca.

Lívio afirma que ela também era sagrada para os romanos: a confirmação sobre este ponto pode ser extraída do direito pontifício arcaico, que também tratava da botânica sagrada. Verânio, escritor do século I a.C. e autor, entre outras coisas, dos Pontificales Quaestiones, o menciona primeiro na lista de arbores felices, ou seja, "árvores auspiciosas". Como Renato del Ponte assinalou, o lugar de destaque ocupado pelo carvalho nesta "catalogação" hierobotânica não deve surpreender, pois, como a videira, era sagrada para o deus pai supremo dos romanos, Júpiter. Alfredo Cattabiani narrou precisamente o casamento simbólico do carvalho e da videira em uma história que ele escreveu há cerca de vinte anos, intitulada, sem surpresa, O Carvalho.

É sobretudo entre os celtas, porém, que o papel fundamental atribuído ao carvalho na esfera sacral é plenamente discernível. De fato, em sua História Natural, Plínio afirma que os sacerdotes druidas roborum eligunt lucos nec ulla sacra sine ea fronde conficiunt, "eles escolhem os bosques de carvalho e não celebram nenhum sacrifício sem aquela árvore". Vários estudiosos também argumentam que o próprio nome dos druidas, membros da primeira função soberana no mundo celta, teve origem na já mencionada raiz indo-europeia *dereu, que designa o carvalho - ao qual, de fato, os druidas estão ligados em várias crenças, como a bem conhecida, segundo a qual eles cortam o azevinho de grandes árvores em noites de lua cheia, usando uma foice dourada.

Este conjunto de dados que as religiões, mitos e lendas nos oferecem, juntamente com muitos outros que poderiam ser adicionados à lista, conforta e explica o sentimento de espanto e admiração que sempre se sente quando se encontra esta majestosa árvore sagrada.