por François Bousquet
(2017)
Você sabe o que Sacha Guitry costumava dizer quando alguém lhe perguntava: "O que há de novo, querido mestre", ele respondia com sua voz enfeitiçada, tocando em veludo: "Molière! Por que Molière? Porque ele nos deu alguns tipos humanos que são tão atemporais quanto seu teatro. Basta pensar em seu gentilhomme burguês, uma prefiguração dos burgueses-boêmios, os bobos. E Tartufo, o falso devoto, hoje o modelo do antirracismo, exclamando com os mesmos ares indignados de seu antecessor: "Cubra estas raças que eu não posso olhar. [...] elas trazem à tona pensamentos culpados". E quanto às Preciosas ridículas e As Eruditas. Leiam as "escritoras" que são galopantes nos estudos de gênero e produzem o ABCD da igualdade, as Judith Butler e as Virginie Despentes? Poderíamos multiplicar os exemplos.
Imortal Molière, que teria direito, hoje como ontem, à mesma cabala de devotos. A educação não é uma exceção: os pedagogos, os pedagocratas, o pedagogismo estão em ação. Bem, aqui também, Molière tem algo a nos dizer. Lembre-se do Doutor Diafoirus, um charlatão que esconde sua incompetência científica por trás de palavras repetidas. E o pedante Trissotin, o "três vezes idiota". Diafoirus e Trissotin agora reinam sem contestação na Rue de Grenelle, no Ministério da Educação. Esta é a grande diferença com Molière: seus pedantes, seus clérigos, seus sacristas só exerciam sua capacidade de incômodo em um punhado de salões aristocráticos e entre alguns poucos plebeus que se encontravam em boa situação financeira. A pedagogia democratizou tudo isso, entrou em todas as salas de aula. É tanto um programa antieducativo (há sempre muita escola na escola) quanto um empreendimento de reeducação (a liquidação da alta cultura, a paixão pelo igualitarismo, o império do nivelamento, a desconstrução dos estereótipos).