por Petr Suvchinsky
(1921)
"O que acontece se uma pessoa ainda não começou a ser perturbada,
enquanto outro já se deparou com uma porta trancada
e bateu violentamente sua cabeça contra ela?
O mesmo destino aguarda todos os homens, por sua vez, a menos que caminhem na estrada salvadora da humilde comunhão com o povo."
- Dostoiévski (Discurso de Pushkin) [1]
No momento atual, está ocorrendo um evento de importância global, cuja verdadeira essência e consequências são impenetráveis até mesmo para os mais perspicazes. Esse evento é a Revolução Russa, não em seu significado e importância sociopolítica, mas em sua essência nacional-metafísica. Como manifestação de uma ordem sociopolítica, ela provavelmente está fluindo de forma submissa pelo curso de água da legitimidade revolucionária. Seu segredo está em sua soma nacional e global.
O Ocidente, ao tentar cercar a Rússia com barreiras, não teme apenas o contágio comunista. A Europa compreendeu (embora de forma pouco clara e sem confiança), ou melhor, sentiu, o futuro resultado da Revolução Russa e já estremeceu diante dele e, finalmente, tomou medidas defensivas. Ela entendeu que esse resultado é definido não pela energia revolucionária do comunismo russo, mas pela predestinação histórica de todo o povo russo. Ela entendeu que, diante dos olhos do mundo, uma antiga província europeia está se erguendo e crescendo em força; uma província que inevitavelmente terá de entrar em combate, uma província que atacará primeiro, sem nem mesmo esperar por um desafio grandioso, e se envolverá em uma guerra de reprovação, censura e raiva contra seu recente e aparentemente eterno Estado-mãe.