Discurso dado em Villepreux, 8/9/2007
Burguês. No passado, até o fim dos anos 70, a palavra "burguês" era considerada um insulto, tanto pelo proletário quanto pelo artista ou aristocrata decadente. Hoje ela desapareceu do vocabulário, para o benefício dos ricos, da alta-roda, provando assim que o dinheiro, e os valores que o acompanham, não é mais vergonhoso ou suspeito. Nem vergonhoso ou suspeito para as velhas elites de Gotha, que podem rivalizar em vulgaridade os "bem de vida" do showbiz da revista Gala. Nem vergonhoso ou suspeito para as classes populares que sonham elas mesmas com um sucesso individual meteórico raspando seu bilhete de loteria e assistindo "Saga", "Nouvelle Star". Nem vergonhoso ou suspeito para o lumpemproletariado imigrante que só sonha com tecidos, carros customizados e gostosas. O velho dinheiro, as pobres classes médias, os novos pobres, entre todos eles, em todo lugar, as ideologias liberais triunfaram, é primeiramente sobre isso que falamos quando falamos no burguês...
Primeira Parte: O que é o Mundo Burguês?
Uma comunidade humana, uma classe social tornada global com sua tomada de poder na Terra, e espíritos que se tornaram um só com a história do liberalismo. Para compreender a burguesia, o que ela é, como podemos reconhecê-la e atacá-la, nós primeiro precisamos entender a narrativa liberal, sua ascensão, seu domínio, suas mentiras, suas contradições, sua decadência.
O mundo burguês-liberal está baseado em dois pilares, um espiritual, o outro material, como toda sociedade, todo grupo humano. Saber qual é inferior ao outro (o que distingue a tese idealista e a tese materialista) é menos importante do que compreender que um não existe sem o outro, como a cabeça e as pernas. Assim, estes dois pilares são: individualismo, inaugurado e teorizado pelo cogito de Descartes ("Penso, logo existo"), uma afirmação/emancipação em relação ao velho mundo onde comunidade e fatum vinham primeiro, que contém as sementes de toda liberdade e arrogância do homem moderno.
O Mercado, que nesse mundo se originando do homem individual livre e pensando, se tornou este "nous" que a partir de então governa as relações entre homens-indivíduos em um mundo no qual Deus está em silêncio.
O duplo advento da racionalidade das ciências naturais contra a ordem divina e do interesse individual quantificável como motivo de ação criou um mundo baseado na Razão, o indivíduo livre em direitos senão de fato, e definiu claramente o interesse individual na era burguesa. Um homem livre, consciente de seus direitos, e buscando seu interesse individual bem definido define o "liberal" ascendente. A figura mais perfeita da ascendência liberal na França foi e permanece o irônico Voltaire.
A figura do homem honesto duplamente especulativo... Especulativo no esquema espiritual: o cogito de Descartes vem do dubito: dubito ergo sum res cogitens. Também especulativo no esquema dos negócios, este homem honesto também era um traficante de armas e comerciante de escravos, um liberal no sentido anglossaxão e thatcherita do termo.
Esquerda e Direita Burguesas
Belas ideias universais e abstratas tornadas possíveis pelas possibilidades materiais menos belas. O livre pensador e o burguês, é aí que está o problema... e é a razão pela qual "liberal" significa tanto "homem de espírito aberto", mas também "empresário calculista" em nossa imaginação contemporânea, homem de direita como homem de esquerda, porque a epistemologia racionalista liberal vem tanto de "Os Direitos do Homem" de um Rousseau como do egoísmo transgressivo de um Marquês de Sade. Marquês de Sade que jamais fez qualquer coisa além de empurrar o amoralismo intrínseco do pensamento liberal a suas conclusões últimas através da provocação literária.
O Épico Liberal: Combate de Direita/Esquerda
Essa dualidade inerente à concepção do homem na razão liberal, por trás da qual se encontra o homem do Mercado. O próprio mercado considerado como o único laço social racional (tão natural) entre os homens, que de repente se tornam Homo economicus.
Essa dualidade constituiria, em conjunto, a epopéia coletiva da burguesia, segundo o desenvolvimento de suas contradições, e determinaria a história da esquerda burguesa e da direita burguesa, a luta da direita econômica liberal contra a esquerda "humanista" dentro daquele pequeno teatro burguês chamado "debate democrático".
Esta dualidade problemática constituiria também a "sensibilidade burguesa", a história de sua sensibilidade cultural que podemos qualificar como "consciência dolorosa", na verdade a consciência dolorosa dessa contradição perfeitamente expressa e realizada nesta nova categoria artística que é consubstancial a ela: a história do romance burguês.
Ascendência, Ideias, os Iluminadores
Mas se a ética burguesa da liberdade e da igualdade formal, fundada no direito natural e na Razão, permitiu a ascensão da burguesia e sua sedução sobre o mundo das idéias pela ideologia do Iluminismo e, finalmente, sua tomada do poder do Antigo Regime de destino e direito divino... Foi o lucro burguês, o seu domínio pelo dinheiro, que tornava-o cada vez mais a classe mais poderosa, a ponto de gradualmente passar da sua ética humanista, como exacerbação insustentável de suas contradições. Uma ética burguesa logo reduzida a uma retórica tão dessecada quanto o escolasticismo do Antigo Regime poderia ser, mantendo menos um humanismo racionalista do que o cientificismo... O progresso científico tinha a grande vantagem de testemunhar a superioridade do espírito burguês por uma prova concreta de sua dominação sobre a Natureza, mas sobretudo através da constituição, através do progresso tecnológico, de uma das chaves do volume de negócios e do crescimento do lucro. Assim, progressivamente, a classe social da "dúvida criativa" e da igualdade jurídica tornou-se a classe da expansão técnica impulsionada pela atração do lucro. A valorização do Capital, que é outro nome para o Mercado, e seu corolário, a democracia do Mercado, tornou-se a nova religião dos filisteus que, após dois séculos completos de poder pleno, acabam lamentando a velha ordem e a nobreza do Antigo Regime! Mas essa epopeia burguesa, ainda que triunfante, não foi bem sucedida, esses confrontos foram apenas a prova e, inclusive, a encarnação de suas contradições morais e práticas.
O Proletariado, Prova da Mentira Burguesa
Mas se a classe burguesa ultrapassou a aristocracia do Antigo Regime, também criou o proletariado e sua miséria de trabalho, a prova da História e a realidade concreta de que, por trás do empreendedor, criador de riqueza, empregos e progresso pela valorização capitalista da tecnologia, está o especulador, criador da exploração e das desigualdades... A história da luta, por suas vítimas, contra essa violência constitui também a história do movimento operário. Daí o marxismo... A miséria material e moral da classe operária, em flagrante contradição com as promessas do Iluminismo e sua ideologia econômica da "mão invisível", que supostamente traria o bem-estar coletivo através do egoísmo individual, que está, não se esqueçam, na origem da crítica marxista enquanto projeto comunista, uma ideologia de combate criticando, em turno, a classe dominante, como a burguesia ascendente fizera com a nobreza, a esquerda reformista, a esquerda radical... a ideologia que recusa a mentira do igualitarismo formal como destino divino, cuja estratégia em si era dupla: ou o sindicalismo do compromisso, ou o sindicalismo revolucionário. Por um lado uma esquerda científica, positivista, tentando superar a burguesia, mas preservando suas conquistas. Por outro lado, uma esquerda mais romântica, mais radical, convencida de que a ética e a epistemologia são uma só coisa, e para escapar a uma, devemos também questionar a outra... Uma esquerda radicalmente anti-burguesa, contrária ao compromisso social-democrático (para a qual problema se limita à elevação do poder de compra) que tentou, sem jamais alcançá-lo, superar a era burguesa-liberal, tanto no plano epistemológico quanto no ético, através da ideologia do "homem novo" que levará ao mais forte comunismo, recorrendo em parte aos valores do velho mundo, como a valorização da família com Proudhon, o heroísmo ascético greco-romano querido por Sorel, mesmo que isso significasse fazer alianças táticas com forças anti-burguesas vindas do Antigo Regime e das idéias da direita...
Outras Alternativas Tentadas ao Mundo Burguês
A epopeia marxista-leninista, a mais importante na sua duração e ambição: a criação de um novo homem e de uma sociedade sem classes, não deve ocultar que houve outras tentativas de escapar à dominação liberal-burguesa, à sua lógica puramente capitalista, a qual, após a derrota do sovietismo e do triunfo da esquerda social-democrata, significa apenas a satisfação do consumidor pelo constante aumento do poder de compra permitido pelo crescimento...
Idealização do Passado, Exotismo ...
O romantismo era o vôo poético individual ao passado mitologizado através da idealização da Idade Média. Um vôo igualmente individual, não no tempo, mas no espaço, através do exotismo, consistia em fugir do mundo burguês ocidental para ir viver noutras sociedades, muitas vezes mais tradicionais, a sociedade de castas na Índia, a sociedade tribal na África... Uma abordagem de ruptura [com a sociedade burguesa] através da fuga que estava na origem, não se esqueçam, do movimento hippie. Mesmo que essa tentativa tenha sido finalmente transformada pelo mercado, por sua vez.
Fascismo, nazismo ...
Ambas as formas de idealização do passado não devem ser confundidas com as experiências mescladas, semi-reacionárias e semi-futuristas do fascismo e do nazismo. Experiências sociais e políticas que buscavam reter a tecnologia burguesa, mas a serviço de uma ética tirada do período pré-burguês, das antíteses do Iluminismo... A tentativa nazista e fascista misturou racionalismo tecnológico e irracionalismo ético, e também falhou. E a esquerda, para manter sua liderança moral, muitas vezes finge confundi-los com essas construções muito sutis do espírito que eram as ideologias da "terceira via". Estes projectos da revolução conservadora que colocam seriamente a questão dos limites progressivos à ideologia do progresso na Rússia, na Alemanha e na França.
Terceira Via: Círculo Proudhon
Uma tentativa na terceira via foi realizada nas margens do Círculo Proudhon, na França, onde teve lugar um diálogo entre monarquistas nacionalistas e sindicalistas anti-reformistas, onde homens de boa vontade uniram-se para além das suas origens nos mesmos valores de nobreza de coração, honra, combate e amor ao país, tentaram formar uma improvável união sagrada anti-burguesa. Uma sagrada união de homens de boa vontade a que o sistema respondeu com uma bandeira acenando união sagrada contra os alemães.
Alemães Ontem, Árabes Hoje ...
Como no passado, hoje o mesmo sistema tenta impedir a união sagrada das vítimas do Mercado: pequenos empresários, artesãos, empregados, proletários de todas as origens, por uma união sagrada contra os árabes. Ódio por esses norte-africanos que esses mesmos burgueses no poder trouxeram para nossa terra em grande número.
A Armadilha do Choque de Civilizações...
Apesar dos fracassos das tentativas cruzadas anteriores, penso que ainda é responsabilidade desta "terceira via", esta união sagrada ampla e subversiva, vilipendiada tanto pela direita liberal quanto pela esquerda trotskista, no pólo oposto da teoria de hoje do "choque das civilizações", encontrar para si a salvação da França e uma alternativa ao mundo burguês. Uma alternativa a este mundo burguês hoje plenamente incorporado pelo imperium americano, seus valores tribais e não-igualitários por trás dos quais se esconde o desejo do capitalismo financeiro globalista pela onipotência oculta o destruidor de espiritualidade, das culturas, das diferenças de identidade. Um espírito mercantil generalizado essencialmente judaico-anglossaxão, longe dos nossos valores helênico-cristãos, celtas, galo-romanos e do nosso destino euro-mediterrâneo.
Sobre o Totalitarismo Mercantil
Depois do fracasso, muitas vezes no sangue e no fogo, de todos os regimes que o opuseram, devemos muito bem admitir que a democracia do Mercado, onde a democracia é de fato apenas o meio do Mercado, só marcou pontos e estendeu-se desde os anos 80. Ela se estendeu de onde nasceu, na Europa Ocidental, a todos os domínios da vida, incluindo os do espírito, pela comercialização íntima do corpo, da cultura, da medicina e até mesmo da religião, também reduzida à lei liberal dos Direitos Humanos, longe de qualquer transcendência. Democracia de mercado que só marca pontos e se estende geograficamente: para a índia, para a China, só a África escapa dela através da miséria. E que se revela, de fato, como o único totalitarismo verdadeiro, contrariamente à ingenuidade de Hannah Arendt.
Parte Dois: O que deve ser feito?
Então o que deve ser feito? Sem retornar às experiências passadas, procuramos ver, hoje, aqui, através da realidade e das forças atuais, quais são as alternativas possíveis ao mundo burguês, a esse mercado em direção ao totalitarismo mercantilista que nunca pára de se transmutar para se reforçar e sobreviver .
Do Moralismo à Pornografia
Empurrada pela lei do lucro, forçada a encontrar novos mercados, a burguesia, para permanecer mestre do jogo, não deixa de mudar, mudando até negar os valores que lhe permitiram impor-se. Empreendedora e parcimoniosa no período da descolagem, ela funciona hoje, ao contrário, como o oposto do moralismo burguês do século XIX, demonstrando o primeiro princípio, o princípio maior do mundo burguês, pelo qual é capaz de sacrificar todos os outros, o sagrado lucro.
Do Liberalismo Libertário ao Liberalismo da Segurança
Um liberalismo que era puritano tornou-se libertário, depois e graças ao Maio 68, que então evoluiu e se transformou desde a eleição de Sarkozy em um liberalismo de segurança. O liberalismo da segurança, ou seja, um regime liberal para a burguesia globalista e todos os que favorecem o enfraquecimento da Nação, mas um regime de segurança, não para delinquentes ou imigrantes ilegais que criam problemas para o povo, mas para os trabalhadores e as classes médias que podem querer se revoltar contra a elite liberal. Um regime de segurança liberal que também podemos definir, longe de estar fora de ordem, como um liberalismo libertário que, sentindo-se ultrapassado, finge resolver os problemas que ele mesmo criou e continua a agravar por duas ou três leis fajutas que sempre penalizam o pequeno burguês e os brancos de classe baixa. Um regime de segurança para com os trabalhadores, sem sequer tocar, na realidade, na delinqüência do lumpemproletariado ou nos predadores de elite. Uma sociedade de segurança liberal que também podemos qualificar como a "sociedade do consumo policiado", tanto permissiva para o consumidor semi-idiota quanto repressiva para o cidadão produtivo, no modelo americano.
O Mundo Anglossaxão...contra a Europa e a França
Este totalitarismo que devemos resistir, apesar da desproporção das forças atuais, nos chega, repito, do mundo anglo-saxão. Hoje incorporado pelo império americano, como foi pelo império britânico no último século, esse poder, essencialmente judaico-protestante, não-igualitário e talassocrático, demonstrou sempre a hostilidade em relação à França católica e cristã, em relação ao seu destino euro-mediterrânico, e sempre ofereceu, em parceria, apenas uma relação de sujeição. Uma submissão que infelizmente é frequentemente realizada com a cumplicidade das elites francesas, seja Philippe Égalité durante a Revolução Francesa, Pascal Lamy através da Comunidade Europeia e, claro, um certo Presidente Sarkozy hoje.
O Ultraliberalismo Místico dos Neo-Conservadores
Um liberalismo brutal, que voltou as costas à moralidade do Iluminismo, e que, já incapaz de justificar seus abusos dominadores e militaristas através da Razão, encontra refúgio hoje no misticismo, o Deus dos escolhidos no Antigo Testamento. Um ultraliberalismo místico que tenta, desde o dia 11 de setembro, nos conduzir a um pseudo "conflito de civilizações", que tenta, especialmente para nós, opor-se à Europa em favor de um Ocidente que é apenas o falso nome da dominação anglossaxã americana, a fim de evitar uma Europa de povos e nações que seja do nosso interesse.
Escapar da Dominação Anglossaxônica, como Modelo Econômico, Cultural e Geopolítico pela Nação de 1789
Esta ofensiva recente do império anglossaxão capitalista ocorre hoje, fora dessa ideologia místico-liberal dos neoconservadores, através da globalização liberal. Uma hegemonia global do Mercado, e daqueles que o controlam, o que necessariamente acontece através da destruição de nações e notavelmente da nação francesa. Uma nação francesa comparada sistematicamente com o período beligerante e de agitação de bandeira de Barrès para liquidar de fato este modelo francês progressista, igualitário, secular e assimilacionista, que protege nossa soberania, a liberdade de consciência e os benefícios sociais do povo. Uma nação que a direita liberal, em nome da luta contra o arcaísmo, ombro a ombro com a esquerda trotskista, em nome da luta contra o nacionalismo, tenta liquidar hoje. Uma colaboração suave que sem dúvida explica a posição do pequeno carteiro de Neuilly, perto da mídia e dos tomadores de decisão liberais nativos também de Neuilly! [Nota do Tradutor: Ele está se referindo aqui a Olivier Besancenot, um político da extrema-esquerda e a Neuilly-sur-Seine, um rico subúrbio de Paris]
A Defesa da Nação Francesa ...
É por isso que, para resistir a essa sujeição imperial e ao seu totalitarismo místico-mercantil, devemos, em primeiro lugar, preservar a nação. Defender, diante das críticas da direita e da esquerda, não um nacionalismo obsoleto e vingativo, mas um novo nacionalismo, protetor dos benefícios sociais advindos do Conselho Nacional da Resistência (CNR). protetor da nossa indústria, dos nossos empregos e da nossa independência política. Um nacionalismo alternativo capaz de considerar uma cooperação saudável entre nações e povos. Um nacionalismo francês, assimilacionista mas não homogeneizante, baseado num Estado forte capaz de ditar as prioridades em matéria econômica para proteger a nossa indústria, os salários base, as pequenas e médias empresas. Um Estado forte também equipado com uma visão estratégica conforme aos nossos interesses nacionais. Interesses que evidentemente não estão sujeitos a um império anglossaxão, do qual sempre desconfiamos no esquema de valores, e que sempre jogou contra nós para enfraquecer nosso brilho: seja no tempo da pérfida Albion no Canadá e na Índia, Ou mais recentemente, com os Estados Unidos, quando reconhecemos o jogo perverso que eles jogaram na Indochina, na Argélia.
Uma União Sagrada de Não Alinhados: Chavez, Putin, Nasrallah ...
Em suma, defender uma França social e não alinhada. Para isso, trabalhar em parceria com todos os regimes que resistem à "Nova Ordem Mundial", da Venezuela de Chávez à Rússia de Putin. Sem esquecer o prestígio e o lugar que ainda é nosso no Mediterrâneo, onde ainda falam francês e onde respeitam o passado da França, apesar do seu governo hoje, no Magreb, no Líbano. Uma união sagrada de todas as sociedades que se colocam ao lado de um certo heroísmo, de uma certa poesia de existência em relação aos tempos, à utilidade, ao cálculo. O mundo eslavo, o mundo árabe, que não são diferentes, para nós, da visão do nosso catolicismo da Idade Média ou do socialismo romantizado por Sorel e Proudhon.
Reacionários e Progressistas Contra os Liberais
Considerando o fracasso do socialismo soviético rejeitado pelos povos e do reformismo social-democrata, inteiramente submisso à ditadura do capital, eu diria, para concluir, que a única alternativa possível ao mundo burguês só pode ocorrer através da sagrada união dos reacionários e progressistas. Uma união de reacionários, sejam monarquistas, católicos, helenistas, muçulmanos, mas todos ligados a uma certa ordem clássica, com os progressistas, todos inimigos do mundo burguês, provenham do PCF de Marchais, do Partido dos Trabalhadores de hoje, da resistência sérvia, ou do chavismo venezuelano. Uma união de reacionários que estão muitas vezes certos e progressistas que têm sido muitas vezes ferrados, contra os liberais que dominam o mundo de hoje e que sempre dividiram para governar. Contra esse império empenhado na destruição de nossas sociedades humanas e da natureza. Contra este mundo singularmente dedicado ao culto de Mammon e cada vez mais causando problemas de superprodução, poluição, desigualdades, que levam a catástrofe. Que projeto, que esperança?
Que Projeto, Que Esperança?
Claro, não o grande dia da revolução amanhã de manhã. Mas, aguardando uma relação de forças mais favorável, não suportando o peso desta ditadura globalista e mercantil de modo muito penoso, unindo-nos em solidariedade. Sem ir ao acampamento dos santos, organizamo-nos em redes, continuamos produzindo críticas necessárias e relevantes de um mundo baseado em mudança permanente. Elaborar uma doutrina de luta e resistência sem cair no escolasticismo, na nostalgia estéril, para escapar, pelo menos consciente e pessoalmente, do sistema que nos reduz à precariedade, à solidão, à depressão, quando não domina nossa mente. Em resumo, participar de um projeto coletivo, definir uma esperança, tentar ser animado e feliz apesar de tudo.
É por isso que estamos reunidos aqui!