02/11/2016

Anthony Migchels - As Dez Principais Mentiras e Erros da Escola Austríaca

por Anthony Migchels



1 - "Banqueiros odeiam ouro"

Hoje em dia, todos sabem que o século XIX foi chamado de "a Era dos Rothschild". Eles controlavam o mercado do ouro e se tornaram incrivelmente ricos emprestando o metal a governos. 

O Poder Financeiro ascendeu através do Ouro.

Eles o amam porque ele é deflacionário, eles podem taxá-lo com juros, eles podem criar ciclos de boom/recessão com ele e podem controlá-lo completamente.

Obviamente os banqueiros não odeiam ouro. A Europa esteve sob o padrão-ouro por todo o século XIX e só o abandonaram na década de 30, graças à horrível deflação que foi a Grande Depressão. Populistas da época finalmente conseguiram forçar seus governos a se livrar dele. Eles vinham alertando sobre suas tendências deflacionárias há eras.

O Ouro é a Moeda Global de facto.

Ron Paul: "A moeda-mercadoria se aceita voluntariamente e universalmente poderia nos dar uma única moeda global que não demande quaisquer gerenciadores de dinheiro, quaisquer manipuladores orquestrando um ciclo econômico humano com inflação descontrolada" - Ron Paul, Congressional Record, 13 de março, 2001.

Antigamente, os economistas austríacos diriam que os governos odeiam o padrão-ouro. Alan Greenspan, um dos mais famosos banqueiros austríacos amantes de ouro, escreveu em 1966: "Um antagonismo quase histérico ao padrão-ouro é uma questão que une estatistas de todas as orientações". 

O governo, é claro, é o inimigo clássico da economia austríaca, mas o adversário do dia no "Movimento pela Verdade" são os banqueiros. Assim, para vendermos algo, falamos que os banqueiros o odeiam. 

Eles de fato se depararam com o pequeno problema de que os populistas americanos dificilmente se convenceriam disso. Um dos motivos sendo por causa do livro "Segredos da Reserva Federal" de Eustace Mullins, que famosamente descreveu a quem pertence o FED e como ele nasceu. Mullins, naturalmente, foi bastante explícito em sua análise do Ouro como a moeda favorita do banqueiro.

Mas Ed Griffin resolveu isso para eles. Ele escreveu um livro ainda mais famoso: "A Criatura da Ilha Jekyll". É basicamente um plágio do livro de Mullins, com uma diferença: ele propõe o padrão-ouro para se livrar do FED.

Dessa maneira, Griffin obscureceu a verdade para milhões de pessoas, que acharam que ele estava basicamente falando o mesmo que Mullins.

2 - "O governo é o principal problema"

Essa é a manobra de distração pela qual a economia austríaca é mais famosa. Tal como a economia hegemônica, ela ignora completamente o Poder Financeiro.

A economia austríaca também é incrivelmente "ingênua" no que concerne interesses privados no controle de mercados. A economia austríaca sempre explicará que governos não devem interferir com a economia, ao mesmo tempo que ignoram a inclinação monopolista do Capital.

Como resultado, a economia austríaca é o sonho molhado dos trilionários, na medida em que eles resistirão a qualquer ação governamental contra eles e suas transnacionais.

A economia austríaca vai realmente culpar o governo pelo fato de que os mercados são agora controlados por carteis transnacionais. Por que eles nunca parecem considerar os acionistas e controladores como responsáveis permanece uma questão aberta.

Para ser justo, a análise da economia austríaca sobre as implicações negativas de várias regulações é certeira e esclarecedora.

Porém, ignorar a disputa por poder que é inevitável tanto no mercado quanto na política é tão ingênuo e aprazível para o poderoso que é quase impossível compreender como alguém que não eles poderia ter pensado nisso. 

O fato é que os governos ao redor do mundo foram subvertidos por interesses privados. E estes interesses privados são bastante homogêneos. Essa centralização internacional do poder, concentrada ao redor de famílias bancárias extremamente ricas, o Poder Financeiro, é o problema.

O governo é uma instituição neutra, associada com uma Nação. A opinião pública pode sempre se impôr sobre ele. 

Mas quando tanto o próprio governo quanto a opinião pública são cativos do Poder Financeiro, o governo se tornará bastante intragável.

Logo, ele se tornará obsoleto, na medida em que rende sua soberania ao Governo Mundial e à Moeda Global. Os governos e, certamente, as nações jamais renderão voluntariamente sua soberania.

Estes projetos claramente pertencem ao Poder Financeiro.

3 - "A Manipulação do Volume de Oferta de Dinheiro é o principal problema com nosso dinheiro"

Outro desvio de atenção: manipulação de volume certamente um flagelo. Mas ele ignora um problema ainda maior: juros.

O governo atualmente paga 700 bilhões por ano em serviço da dívida para a Dívida Nacional. Não importa se isso é pago por Ouro ou papel.

Nós atualmente pagamos $150.000 dólares em juros por mais de trinta anos por causa de uma hipoteca de $100.000. A maior parte dessa hipoteca foi criada por simples contabilidade no momento em que pegamos o empréstimo.

45% dos preços que pagamos por nossas necessidades diárias são compensação por custos de capital incorridos pelo produtor.

Nós somos Escravos dos Juros.

Mas se nós pudermos ter crédito por contabilidade, claramente nós deveríamos conseguir dinheiro sem juros, porque o crédito é nosso, não do banco.

4 - "Ouro garante um volume constante"

Essa é uma outra suposição bem estranha. Afinal, os padrões-ouro do passado viram bolhas terríveis. 

O ciclo boom/recessão não tem nada a ver com moeda, mas com se a oferta de dinheiro está sendo manipulada. 

A ideia de que o Ouro não pode ser impresso e de que isso dá segurança sobre o volume é besteira. Banqueiros rotineiramente tem segurado vastas quantias em espécie de circulação, só para inflacionar novamente depois.

5 - "Inflação é ruim"

É certamente verdadeiro que a inflação traz problemas.

A inflação é ruim para poupadores, credores e pessoas com renda fixa. Mas ela é boa para devedores, os quais há em quantidade muito maior que credores. E, muito importante, inflação está ligada a crescimento econômico. As pessoas param de acumular dinheiro e preferem investir e gastar.

O foco unidimensional do austrianismo na inflação, promovendo efetivamente o horror da deflação faz parecer que eles estão demonizando a inflação para fazer a deflação parecer mais palatável. 

6 - "Deflação é bom" 

Essa afirmação é tão incrivelmente favorável para os super ricos, que são basicamente os únicos que se beneficiam com a deflação, que ela coloca a economia austríaca em péssima situação.

Os austríacos claramente promovem a dialética da deflação/inflação, com todas as suas implicações nefastas.

A deflação é ruim para devedores. Ela torna suas dívidas e os juros que eles pagam em cima delas valer mais.

Deflação é uma transferência de riqueza daqueles que possuem bens para aqueles que acumulam dinheiro. 

A deflação corroi o crescimento econômico porque as pessoas preferem acumular dinheiro do que investir ou gastá-lo.

Como resultado, a deflação em todas as frentes torna os ricos mais ricos e os pobres mais pobres.

7 - "Nós não queremos um padrão-ouro, nós queremos um livre-mercado de moedas"

Isso é tão imbecil. Há duas razões principais para ser assim.

a) Na verdade, a ideia de um livre-mercado de moedas é bem atraente. No caso de que todos os sistemas diferentes receberem o mesmo financiamento e propaganda, tal mercado indubitavelmente veria Instituições de Crédito Mútuo fornecendo crédito sem juros prevalecerem, ver abaixo.

Porém, só Ouro e talvez Prata, mas não se eles puderem evitar, receberão toda atenção e financiamento. Na verdade, o Crédito Mútuo será resistido ativamente pelo Poder Financeiro.

Isso não será impedido pelo governo, que teria acabado de criar por decreto esse novo "livre-mercado", porque isso seria "interferência estatista".

Assim, só Ouro circulará. 

b) Houvesse um "livre-mercado", ali estaria a Lei de Gresham. Dinheiro ruim expulsa dinheiro bom.

Isso significa que as unidades apreciativas em valor serão acumuladas, enquanto as depreciativas serão usadas para pagamento. 

Todos aceitarão a unidade depreciativa (desde que ela não esteja hiperinflacionando), porque a maioria irá querer pagar com ela e as empresas terão que aceitá-la para acomodar seus clientes. Eles não terão um problema com isso, de qualquer maneira. As empresas não se importam com quanto valerá o dinheiro no espaço de 1 ano. Elas querem saber onde poderão gastá-lo amanhã.

Isso significa que nada vai acontecer se a proposta do Ron Paul de tornar Ouro e Prata moedas de curso forçado for aceita. As pessoas continuarão a pagar com as notas do FED e a acumular Ouro.

Também, se suas opções forem uma hipoteca baseada em Ouro custando 5% ao ano, ou uma hipoteca em Crédito Mútuo a 0% ao ano, o que você escolheria?

Caso encerrado.

8 - "A economia austríaca é odiada pela mídia hegemônica"

Apesar de ser verdade que a economia austríaca é marginal, também em termos de atenção midiática, ela sempre manteve um nicho constante. Não é por nada que Peter Schiff e Gerald Celente estavam prevendo a crise na mídia de massa.

Recentemente, Ed Griffin foi veiculado por Glenn Beck em horário nobre.

O juiz Napolitano consegue todo o espaço que ele quiser na Fox News, expondo seu austrianismo. Surpreendentemente, o fato de que até a Fox News veicula austrianismo não chama a atenção das pessoas.

9 - "Moedas fiduciárias são sempre ruins"

Outro estratagema típico: uma dialética. Tentar enquadrar a situação como uma de Papel vs Ouro. Ambos ignorando juros.

Mas papel sem juros é, obviamente, uma coisa totalmente diferente. No mínimo ele não vai sofrer com a inflação forçada sobre oferta de dinheiro com juros. Como os juros não são gastos e postos em circulação, mas emprestados novamente, nunca há o bastante para pagar toda a dívida + juros. Com padrão-ouro isso é deflacionário, porque a oferta de dinheiro não pode crescer. Com papel, isso é "resolvido" com cada vez mais dívida. Com ainda mais juros. 

O crédito mútuo moderno é livre de inflação. Ou melhor: o mercado está no controle da oferta de dinheiro. Ela cresce quando deve, encolhe quando deve.

Crédito social é possivelmente inflacionário, mas tudo mundo é plenamente compensado por isso por causa do fato de que o dinheiro inflacionário é gasto sendo posto em circulação. Enquanto isso, a inflação estimulará a produção.

Eles estão tentando promover a ideia de que moedas fiduciárias são automaticamente ruins "porque o volume será manipulado".

Isso é o eterno clichê, assassinando todo debate racional sobre como gerenciar todos os diferentes parâmetros nas diferentes propostas.

10 - "O problema é o FED"

O FED é um sintoma, não o problema. O problema é que a oferta de moeda é controlada pelo Poder Financeiro, que usa este controle para nos escravizar com juros, dinheiro escasso e o ciclo boom/recessão.

O FED é seu veículo. Nós queremos nos livrar dele, porque nós queremos o fim do controle da oferta de dinheiro pelo Poder Financeiro. Não é um fim em si mesmo.

Os austríacos usam isso para "combater o FED" e adquirir simpatia e apoio, ao mesmo tempo mantendo o controle da oferta de dinheiro com a plutocracia.