por Serge Ayoub
A globalização ultraliberal reivindicada como o alfa e o ômega da felicidade no mundo tem de liberal só o nome. Em realidade, é um sistema mercantil totalitário. Um mecanismo que escraviza o homem em lugar de lhe servir. Um capitalismo mundial que periclita e se converte em uma crise sistêmica institucionalizada. A Terra, a flora, a fauna e a humanidade já não existem mais que para o benefício e o desfrute de uma pequena minoria de proprietários.
Essa é a breve resenha que podemos fazer de nosso mundo. Essa triste realidade não é inevitável, porém é a vontade de um punhado de oligarcas despojar aos trabalhadores, à humanidade e a toda a natureza de suas riquezas com o único propósito de aumentar sua taxa de lucros.
Rechaçamos semelhante mundo.
O homem não deve estar a serviço da economia, senão a economia a serviço do homem.
O benefício não é a meta da humanidade. O lucro se faz sobre as costas de alguém e esse alguém é o povo, que somos nós!
A economia totalitária de mercado chamada "livre-comércio" não é nada liberal senão selvagem: se assenta na miséria dos produtores e na estupidez dos consumidores.
A crescente interdependência econômica dos Estados não é uma liberdade senão a obrigação de encadear os países no mesmo destino capitalista e à mesma sorte.
O homem vê sua identidade, sua família, as tradições, as religiões violadas, abusadas, destruídas, atomizadas e reconstruídas seguindo os caprichos dos mercados, dando a luz normalmente a um ser amnésico, deslocado, deportado, deslocalizado, flexível e mobilizável, novamente recortável e explorável, e logo independentemente dos continentes, climas, raças ou países. O trabalhador se converteu em um animal de carga mundial.
Rechaçamos que o trabalhador seja um sub-humano do capitalismo mundial, enquanto que é o motor da economia por seu gênio, seu trabalho, sua produção, seu consumo.
Não só essa ideologia ultraliberal, ainda que tingida de humanismo abstrato, não proporciona nenhum benefício tangível para as classes dominadas, senão que conduz ao empobrecimento dos trabalhadores pela erosão da classe média, ganhando os ricos uma quota cada vez maior.
Marx lamentavelmente não se equivocava ao falar da luta de classes, há uma "hiperclasse" ultra minoritária e onipotente oposta a uma classe de oprimidos que se dividirá bem logo em duas categorias: os que caminham com sapatos e os que nem mesmo tem.
Não, esse sistema totalitário mercantil não será a humanidade.
Não, outro futuro não só é possível, é essencial!
Sim, há outro mundo!
Queremos uma economia de produção contra a economia vampira da finança.
Nós somos nacionalistas, porque a nação é a arma mais eficaz na luta contra a globalização e seus agentes, para se defender dos bancos e das multinacionais depredadoras. A Nação é a ferramente mais natural para organizar a vida social do povo, já que sabe assegurar a coerência e a prosperidade legítimas. Os trabalhadores de cada país tem objetivos e lutas específicas: os problemas são globais, porém as respostas não podem ser mais que nacionais. O êxito de uma nação pode influenciar na outra.
Sabemos que os povos dessa Terra tem aspirações e culturas específicas: a humanidade tem como dever salvaguardá-los, já que sem essa diversidade ela é uma palavra oca que seus verdadeiros inimigos usam contra ela.
Defendemos a liberdade de empreender como um direito fundamental. Essa liberdade se vê ameaçada mais pela crescente concentração dos mercados do que pela justa intervenção de um Estado soberano.
O mercado deve obedecer às leis como tudo e todos nesse mundo.
Essas leis regulam uma economia a serviço do povo.
Queremos que a lei regule a economia, e não que nossas leis lhe sejam submissas, já que só o interesse supremo do povo e da nação que emana dele deve reger a política econômica.
O futuro de um povo não fica selado a curto prazo e para o benefício privado, senão a longo prazo e para o interesse geral.
Para que fique garantido que servirá bem a seu povo a política econômica deve ser prioritariamente nacional e orientada pelo Estado segundo as exigências do país.
A política econômica do país será definida de acordo com os objetivos estratégicos dos setores vitais da economia nacional.
A orientação econômica do país será definida por seus planos.
Uma política de grandes projetos se levará a cabo para modernizar e fazer com que nosso país seja competitivo.
Permitirá reindustrializar a França criando postos de trabalho, e fará com que nosso país seja menos interdependente, quer dizer, mais independente.
Essa independência nos fará menos vulneráveis às crises generalizadas do capitalismo global em quebra.
Nossa política econômica se orientará sem dirigismo contraprodutivo, já que os planos nacionais também fomentarão a iniciativa privada.
A política econômica será essencialmente regida por um pragmatismo herdado de uma visão colbertista do governo.
A República tem uma só direção: a felicidade para o povo e o poder para a nação. Quando ela o escraviza ou o distorce trai seu significado e deve ser refundada.
Ainda que cada país encontre seu lugar no concerto das nações.
Sim, que os tratados internacionais entre Estados governem essas relações, com a condição de que não omitam nunca que o homem é o centro do mundo e que o trabalhador é a riqueza principal. A moeda, espelho dessa riqueza, já não se indexará sobre a especulação das taxas de câmbio das outras divisas nem sobre o ouro, senão sobre seu verdadeiro valor: o trabalho produtivo do país.
O progresso tem como único objetivo melhorar a vida humana e o aumento de seu potencial.
O progresso é a meta da humanidade e o caminho de sua felicidade.
Sim, o progresso só se pode conceber em uma dinâmica que favoreça a criação, a investigação e o estudo em todos os níveis da sociedade: a universidade nas empresas.
Contra os dogmas austeros, sustentamos que a justiça social serve à economia e que o único propósito de nossa economia é a justiça social.
Sim, a defesa dos trabalhadores, de todos os trabalhadores será nosso grande combate. Este combate será quotidiano ponto por ponto, em todas as frentes de defesa das conquistas sociais e se fará entrando nos sindicatos de massas para tomar seu controle.
Sim, por trabalhadores nos referimos ao povo: desde o proletário ao empresário que participam tanto um como o outro no êxito econômico do país.
A luta de classes existe: os operários contra a hiperclasse mundialista.
Com o tempo, mediante a aplicação de um programa de participação, o trabalhador se reapropriará de seus meios de produção e se abolirá gradualmente o sistema salarial.
A França tem tido tradicionalmente vocação universal para liberal os povos da opressão, por isso anulará a iníqua e perversa dívida do terceiro mundo para substituí-la com acordos econômicos sustentáveis. Estes acordos econômicos permitirão que se desenvolvam de maneira justa nossos respectivos países. Ademais, a França voltará a seu papel maior entre as nações. Outra via, outro bloco econômico e político nascerá disso.
Nossas legislações sociais e ambientais tem um custo que faremos repercutir sobre as mercadorias de países que pratiquem um dumping desleal mediante a exploração de sua população.
Gravaremos os fluxos dos mercados de valores.
A França tem seu lugar na Europa, porém em outra Europa, a das nações. Uma nova Europa, uma Europa da cultura e uma Europa forte se reconstruirão sobre as ruínas da sinistra União Européia.
Vamos vencer essa tirania mundialista porque seu poder político é tão virtual como seus fundamentos econômicos. Para nossa produção, nosso trabalho e nossa própria existência somos a realidade desse mundo, e o princípio de realidade sempre se impõe.
Há que destruir esse velho mundo, esse mundo mesquinho, esse mundo de mercadores, e construir um futuro de homens livres.
Este outro mundo está diante de nós, um mundo solidário, um mundo que reconcilia o homem com a natureza e com sua natureza.
Sim, entre o angelismo sonhador do esquerdista e o cinismo de pesadelo da direita, outra via política existe.
Somos a única alternativa a essa estafa bipolar da direita e da esquerda, que são só duas faces da mesma moeda, revezando-se uns com os outros para preservarem seus privilégios.
Sim, fora desses becos sem saída a voz do povo se eleva a um espaço tênue, um espaço de liberdade, um caminho para uma sociedade perene, até o sentido, até o homem: esse caminho é o nosso, é a Terceira Via!