por FPLP
1 - Guerra Convencional é Guerra Burguesa. Guerra Revolucionária é Guerra Popular
A burguesia árabe desenvolveu exércitos que não estão preparados para sacrificar seus próprios interesses ou arriscar seus privilégios. O militarismo árabe tornou-se um aparato para a opressão de movimentos socialistas revolucionários nos estados árabes, enquanto ao mesmo tempo afirma ser radicalmente anti-imperialista. Sob a máscara da questão nacional, a burguesia tem usado seus exércitos para fortalecer seu poder burocrático sobre as massas, e para prevenir que trabalhadores e camponeses conquistassem o poder político. A burguesia nacional usualmente chega ao poder através de golpes militares e sem qualquer atividade por parte das massas, e logo que chega ao poder reforça sua posição burocrática. Através da aplicação generalizada do terror ela é capaz de falar em revolução enquanto ao mesmo tempo suprime todos os movimentos revolucionários e prende todos que tentam defender a ação revolucionária. A burguesia árabe tem utilizado a questão palestina para distrair as massas árabes de perceber seus próprios interesses e seus próprios problemas domésticos. A burguesia sempre concentrou suas esperanças em uma vitória fora das fronteiras estatais, na Palestina, e desse modo eles foram capazes de preservar seus interesses de classe e suas posições burocráticas.
A guerra de junho de 1967 refutou a teoria burguesa da guerra convencional. A melhor estratégia para Israel é atacar rápido. O inimigo não é capaz de mobilizar seus exércitos por um longo período de tempo porque isso intensificaria sua crise econômica. Ele recebe apoio completo do imperialismo americano e por essas razões necessita de guerras rápidas. Portanto para nosso povo pobre a melhor estratégia a longo prazo é uma guerra popular. Nosso povo deve superar suas fraquezas e explorar as fraquezas do inimigo através da mobilização dos povos árabes e palestino. O enfraquecimento do imperialismo e do sionismo no mundo árabe demanda uma guerra revolucionária como meio de confronto.
2 - Combate de Guerrilha como Forma de Pressão pela "Solução Pacífica"
A luta palestina é parte da totalidade do movimento de liberação árabe e do movimento de liberação global. A burguesia árabe e o imperialismo global estão tentando impor uma solução pacífica sobre esse problema palestino mas essa sugestão meramente promove os interesses do imperialismo e do sionismo, a dúvida na eficácia da guerra popular como meio de liberação e a preservação das relações da burguesia árabe com o mercado imperialista global. A burguesia árabe tem medo de se isolar desse mercado e de perder seu papel de mediadora do capitalismo global. É por isso que os países produtores de petróleo romperam o boicote contra o Ocidente (instituído durante a guerra de junho) e por essa razão McNamara, como presidente do Banco Mundial, estava disposto a oferecer créditos a eles.
Quando a burguesia árabe busca uma solução pacífica, ela está em verdade buscando o lucro que ela pode conseguir a partir de seu papel como mediadora entre o mercado imperialista e o mercado interno. A burguesia árabe ainda não se opôes à atividade das guerrilhas, e às vezes até a ajuda; mas isso é porque a presença das guerrilhas é um meio de pressão para uma solução pacífica. Enquanto as guerrilhas não tiverem uma clara afiliação de classe e uma clara posição política elas serão incapazes de resistir às implicações dessa solução pacífica; mas o conflito entre as guerrilhas e aqueles que lutam por uma solução pacífica é inevitável. Portanto as guerrilhas devem avançar para transformar suas ações em uma guerra popular com objetivos claros.
3 - Não há Guerra Revolucionária sem uma Teoria Revolucionária
A fraqueza fundamental do movimento guerrilheiro é a ausência de uma ideologia revolucionária, que poderia iluminar os horizontes dos combatentes palestinos e que incarnaria as fases de um programa político militante. Sem uma ideologia revolucionária a luta nacional permanecerá prisioneira de suas necessidades práticas e materiais imediatas. A burguesia árabe está bem preparada para uma satisfação limitada das necessidades da luta nacional, desde que sejam respeitados os limites que a burguesia estabelece. Uma ilustração clara disso é a ajuda material que a Arábia Saudita oferece ao Fatah enquanto o Fatah declara que ela não interferirá nos assuntos internos de qualquer país árabe. Como a maioria dos movimentos de guerrilha não possui armas ideológicas, a burguesia árabe pode decidir seu destino. Portanto, a luta do povo palestino deve ser apoiada pelos trabalhadores e camponeses, que irão lutar contra qualquer forma de dominação pelo imperialismo, pelo sionismo ou pela burguesia árabe.
4 - A Guerra de Liberação é uma Guerra de Classes Guiada por uma Ideologia Revolucionária
Nós não devemos ficar satisfeitos com ignorar os problemas de nossa luta, dizendo que nossa luta é apenas nacional e não uma luta de classes. A luta nacional reflete a luta de classes. A luta nacional é uma luta por terra e aquelas que lutam por ela são os camponeses que foram expulsos de suas terras. A burguesia está sempre disposta a liderar um movimento tal, esperando ganhar o controle do mercado interno. Se a burguesia for bem sucedida em colocar o movimento nacional sob seu controle, o que fortalecerá sua posição, ela poderá liderar o movimento sob a ma´scara de uma solução pacífica na direção de compromissos com o imperialismo e com o sionismo. Portanto, o fato de que a luta de liberação é fundamentalmente uma luta de classes enfatiza a necessidade de que trabalhadores e camponeses devem desempenhar um papel central no movimento de liberação nacional. Se a pequena burguesia assumir o papel de liderança, a revolução nacional cairá vítima dos interesses de classe dessa liderança. É um grande erro começar dizendo que o desafio sionista demanda unidade nacional porque isso apenas demonstra que não se conhece a verdadeira estrutura de classes do sionismo. A luta contra Israel é primordialmente uma luta de classes. Portanto a classe oprimida é a única classe capaz de realizar um confronto com o sionismo.
5 - O Principal Campo de Nossa Revolução é a Palestina
A batalha decisiva deve ser na Palestina. A luta popular armada pela Palestina pode ajudar a si mesma com as armas mais simples de modo a arruniar as economias e máquinas de guerra de seu inimigo sionista. A movimentação das lutas populares para a Palestina dependem da agitação e organização das massas, mais do que de ações de fronteira no vale do Jordão, ainda que essas ações sejam importantes para a luta na Palestina.
Quando as organizações de guerrilha começaram suas ações nas áreas ocupadas, elas foram confrontadas por uma brutal repressão militar pelas forças armadas do sionismo. Porque essas organizações não tinham uma ideologia revolucionária e, portanto, qualquer programa, elas se entregaram às demandas de autopreservação e recuarão para a Jordânia oriental. Toda sua atividade transformou-se em ação de fronteira. Essa presença das organizações de guerrilha no Jordão permite que a burguesia jordaniana e seus agentes secretos esmaguem essas organizações quando elas não são mais úteis como pressão por uma solução pacífica.
6 - Revolução em Ambas as Regiões do Jordão
Nós não devemos negligenciar a luta na Jordânia oriental pois está terra está ligada à Palestina muito mais do que com qualquer outro país árabe. O problema da revolução na Palestina está dialeticamente conectado com o problema da revolução na Jordânia. Uma cadeia de cocnspirações entre a monarquia jordaniana, o imperialismo e o sionismo tem provado essa conexão.
A luta na Jordânia oriental deve assumir o caminho correto, aquele da luta de classes. A luta palestina não deve ser utilizada como meio de apoiar a monarquia jordaniana sob a máscara da unidade nacional. E o principal problema na Jordânia é a criação de um partido marxista-leninista com um claro programa de ação segundo o qual as massas possam ser organizadas para realizar a luta nacional e de classes. A harmonia da luta nessas duas regiões deve ser realizada através de órgãos de coordenação cuja tarefa será a de garantir reservas dentro das Palestinas e mobilizar os camponeses e soldados em territórios fronteiriços.
Esse é maneira pela qual Amman pode se tornar uma Hanói árabe: uma base para revolucionários lutando na Palestina.