por Esmé Partridge
(2023)
Ferramentas de inteligência artificial como o ChatGPT foram lançadas há menos de um ano, mas já estão invadindo nossos locais de trabalho. Elas podem gerar um documento conciso e limpo (por mais medíocre que seja) em questão de segundos, planejar seu horário semanal ou fazer as atas de suas reuniões sem que você precise ouvir o que foi dito. Recentemente, fiquei sabendo que um dos meus colegas estava tirando proveito disso, usando um robô para transcrever o conteúdo de nossas chamadas semanais na plataforma Zoom. À primeira vista, tudo isso parece relativamente inofensivo: tarefas como fazer anotações são, afinal de contas, tarefas braçais e consomem tempo que poderia ser dedicado a atividades mais criativas. No entanto, as consequências de longo prazo de terceirizá-las para as próteses externas da IA, por meio das quais nossas próprias faculdades cognitivas se tornam praticamente supérfluas, podem ser mais sinistras. Quando se trata de tecnologias que evitam a necessidade de memorizar e buscar informações manualmente, corremos o risco de negligenciar uma tradição que já foi considerada essencial para a cultura: a arte da memória.