por Andrea Veronese
(2000)

Em uma montanha sagrada na Península do Sinai, na área do antigo Egito, Moisés se encontrava ajoelhado diante de uma sarça ardente. Ele estava recebendo ordens do Deus de Israel. Foi-lhe dito: "Fareis uma arca de madeira de acácia e a revestirás de ouro puro. E dentro poreis o testemunho que eu vos darei". Seguindo à risca as instruções recebidas de seu Deus, Moisés obedeceu e construiu um baú de 125 cm de comprimento x 75 cm de altura x 75 cm de largura e a recobriu de ouro. Mais tarde, ele o cobriu com o propiciatório, ou uma tampa que representaria o céu, enquanto o recipiente representaria a terra. De acordo com a tradição cabalística, a forma que melhor o representa em um nível espiritual é o cubo. O "recipiente" era formado por três caixas distintas: as externas eram duas e ambas eram de ouro, enquanto a do meio era de madeira de acácia. A acácia é uma árvore ou arbusto de origem africana e australiana, da família Mimosaceae. Possui folhas pinadas. Existem cerca de 500 espécies de acácia, distribuídas em todo o mundo. As robinias comuns, assim como a mimosa, a alfarroba e a árvore de Judas, pertencem à família das acácias. Sua típica cor verde, símbolo da existência e da vida, faz dele o símbolo da imortalidade e da incorruptibilidade. Nos tempos antigos também era considerado um símbolo da ligação entre o visível e o invisível. A acácia é considerada sagrada sobretudo porque é sistematicamente utilizada pelos hebreus na fabricação de diversos acessórios do Tabernáculo. Segundo a Cabala, a alma dos Mestres e dos Iluminados contém duas macrocategorias: a envolvente e a interna. Cada uma vem com diferentes graus intermediários. As tábuas da Torá dentro do recipiente constituem a alma oculta. Fundamental é a alma interior, pois é limitada, enquanto a primeira se estende até o infinito. Os dois recipientes de ouro constituem o primeiro e o segundo grau da alma envolvente (respectivamente Chaia representando a alma vivente, e Yechidà, que representa a alma da união perfeita com o Divino). Na verdade, um dos propósitos da"alma envolvente" é defender o organismo dos ataques das entidades malignas e negativas, também presentes na dimensão espiritual. Justamente por isso o material utilizado era o ouro, que representa a consciência, o que a Alquimia chama de "ouro filosófico".