31/07/2020

Juan Gabriel Caro Rivera - Norberto Ceresole e a Crise Venezuelana

por Juan Gabriel Caro Rivera 

(2019)



Hoje o nome de Norberto Ceresole talvez seja desconhecido para a maioria das pessoas que nem conhecem seu trabalho, mas este sociólogo militar e analista geopolítico foi um dos grandes teóricos da revolução bolivariana na Venezuela.

Norberto Ceresole conheceu Hugo Chávez muito antes de ele se tornar presidente, em suas primeiras viagens à Venezuela em 1995. Naquela época, o exilado argentino tentou aconselhar Chávez e convencê-lo da necessidade de uma revolução baseada em uma geopolítica continentalista e em um caudilhismo pós-democrático que se tornaria um futuro farol de liberdade para a América Latina. Ceresole procurou aplicar seu modelo revolucionário segundo o qual o exército, o caudilho e o povo formariam uma tríade capaz de se entrelaçar em um destino comum, cujo objetivo seria a soberania, a independência técnico-militar e a criação de uma frente multipolar, aliada a outras nações do Terceiro Mundo, especialmente no Oriente Médio e próxima ao nacionalismo árabe. 

07/07/2020

Andrea Virga - Socialismo e Família: O que dizia o Direito de Família dos Países Socialistas?

por Andrea Virga

(2019)



Este artigo oferece uma antologia das concepções de família expressas nas mais importantes experiências políticas socialistas dos séculos XX e XXI, através de suas cartas constitucionais. Como se pode observar, quase todas reconhecem que a família é uma parte fundamental da sociedade, merecedoras portando de proteção por parte do Estado, e que o matrimônio, tendo como finalidade a procriação e a educação da prole, é também reconhecido explicitamente como união entre um homem e uma mulher, mesmo nos lugares em que se aceitam as uniões civis. Para além das diferenças culturais, o contraste com a esquerda progressista de matriz individualista e liberal, que prega a dissolução da família sobre uma base subjetivista, não poderia ser maior.

05/07/2020

Andrew Korybko - A Guerra Híbrida chegou aos EUA

por Andrew Korybko

(2020)


Dezenas de Desestabilizações


Está se tornando norma os comentaristas opinarem que “a América está mais dividida do que nunca” a cada dia que passa, mas isso na verdade é um reflexo preciso da realidade atual, especialmente no contexto dos tumultos de quase uma semana que tomaram conta de dezenas das grandes cidades americanas. O pretexto para essa desestabilização é a morte de George Floyd nas mãos de (ou melhor, sob o joelho de) um policial de Minneapolis, mas ao invés de protestos pacíficos inspirados em Martin Luther King serem o método através do qual os enlutados memorializam o homem que muitos acreditam ter sido vítima de um abuso de poder racista por parte da polícia, muitos deles em vez disso exploraram esse incidente como um pretexto conveniente para realizar uma onda de crimes em âmbito nacional. Pilhagens e saques tem infelizmente caracterizado muitos desses supostos “protestos pacíficos”, dividindo ainda mais os americanos no processo.

“Os Manifestantes são Revolucionários Heróicos Dedicados à Paz e à Justiça!”


Aqueles que apóiam essas multidões violentas que estão se espalhando por todo o interior do país acreditam que esses crimes de destruição são “atos legítimos de protesto” ou mesmo o início de um “movimento de resistência revolucionário”. Não importa para eles que pessoas inocentes e seus bens estejam sendo atacados porque os perpetradores tendem a ser afro-americanos, o que lhes dá carta branca para fazerem o que quiserem aos olhos de praticamente todos os críticos dos EUA, sejam eles esquerdistas ou “anti-imperialistas”. Alguns chegaram a inventar a ridícula teoria de que todo criminoso capturado pelas câmeras é na verdade um “policial disfarçado” ou “supremacista branco”, o que desafia a crença, pois é óbvio, pela infinidade de filmagens disponíveis, que estes são apenas puros oportunistas que viram uma chance de roubar coisas e causar estragos. No entanto, esses criminosos estão sendo saudados como heróis, e qualquer reação de autodefesa a eles é enquadrada como um “crime de ódio racista”.

02/07/2020

Thierry Meyssan - Genealogia da Questão Curda

por Thierry Meyssan

(2019)



Todas as guerras envolvem um processo de simplificação: existem apenas dois campos no campo de batalha e cada um deve escolher o seu. No Oriente Médio, onde há uma quantidade incrível de comunidades e ideologias, esse processo é particularmente aterrorizante, pois nenhuma das particularidades destes grupos pode mais ser expressa e cada um tem que se aliar a outros que desaprova.

Quando uma guerra termina, todos tentam apagar os crimes que cometeram, voluntariamente ou não, e às vezes erradicar aliados problemáticos que desejam esquecer. Muitos, então, tentam reconstruir o passado para dar a si mesmos um papel formidável. É exatamente isso que estamos testemunhamos com a operação turca “Nascente de Paz” na fronteira síria e as incríveis reações a ela.

Para entender o que está acontecendo, não é o suficiente saber que todos estão mentindo. É necessário você descobrir o que todos estão escondendo e aceitar isso, mesmo quando constatar que aqueles que você admirava até então eram, na verdade, bastardos.

Genealogia do Problema


Se acreditarmos na mídia europeia, pensar-se-ia que os turcos perversos exterminarão os bons curdos que os sábios europeus estão a tentar salvar, apesar dos covardes americanos. No entanto, nenhuma destas quatro potências desempenham o papel que lhe foi atribuído.