03/03/2016

Eugene Montsalvat - A Direita Alternativa: Uma Autópsia

por Eugene Montsalvat



Quando o amplo movimento agora chamado "direita alternativa" pareceu surgiu por volta de 2010, as esperanças eram bem elevadas. O então editor do Occidental Quarterly afirmou que ele esperava que isso introduziria jovens conservadores a coisas como a Nova Direita europeia, a Terceira Posição, a Revolução Conservadora, o Tradicionalismo, e o anticapitalismo de direita. O objetivo de ampliar suas mentes e afastar conservadores americanos das picuinhas partidárias usuais na direção de questões mais radicais e importantes não foi atingido. Ao invés, ela levou a uma solidificação dos piores elementos do conservadorismo americano, agora repaginado como algo vanguardista. Ao invés de se tornar ponta-de-lança para o pensamento de figuras conservadoras revolucionárias ou novo-direitistas como Oswald Spengler, Alain de Benoist ou Aleksandr Dugin entrar no discurso político americano, ela se tornou um foco de atração para aqueles que querem defender o capitalismo contra populações de QI baixo, todas as suas teorias estando embasadas na terminologia mais imatura retirada dos esgotos da internet. Ao invés de levar a um novo movimento revolucionário nos EUA, simplesmente recuperou algumas das ideias conservadoras americanas mais retrógradas do passado com uma estética mais "vanguarda" projetada para atrair os elementos mais juvenis da sociedade. A direita alternativa falhou em articular as críticas necessárias à ordem atual, deixando o campo da ideologia populista nacional vazio de uma alternativa real e desesperadamente necessária. A direita alternativa em seu estado atual não tem futuro. Ela deve ser reformada com o poder de olhar para além das barreiras artificiais de esquerda e direita, barreiras definidas pela elite hostil da política americana.

Talvez o traço mais unificador das várias correntes na direita alternativa americana é seu foco nas definições biológicas de raça. Certamente, a compreensão científica das diferenças humanas possui seu lugar. Porém, uma definição meramente materialista é na melhor das hipóteses insuficiente, na pior delas contraprodutiva. No melhor caso, é um passo no longo processo de tirar uma pessoa do paradigma do igualitarismo liberal na direção de uma concepção filosófica das diferenças humanas. Nesse sentido, uma compreensão biológica da desigualdade humana deve ser vista como uma fase transitória. Sim, humanos são realmente diferentes biologicamente, porém essa concepção biológica da diferença é apenas uma compreensão superficial das diferenças humanas essenciais. Para uma compreensão mais profunda da desigualdade humana, devemos avançar para além do materialismo biológico, que replica uma compreensão racionalista e iluminista do mundo, e adentrar na doutrina Tradicionalista sobre raça, como compreendida por Julius Evola. Há um aspecto biológico, realmente, porém nós devemos também transcender na direção de um entendimento da "raça da alma" e uma "raça do espírito".

Com "raça da alma", nós podemos falar sobre as várias características espirituais que definem um certo povo. Assim, se alguém segue uma moralidade judaica, essa pessoa pode ser membro da "raça judaica da alma" ao mesmo tempo sendo inteiramente gentia em sentido biológico. Quanto à "raça do espírito", ela define como diferentes pessoas em uma sociedade se relacionam com o divino. Nas civilizações antigas, diferentes sexos e classes sociais adoravam diferentes deuses. Os patrícios romanos representam uma "raça do espírito" diferente dos plebeus romanos, e os brâmanes hindus representam uma "raça do espírito" diferente dos ksatriyas. As mulheres representam uma "raça do espírito" diferente dos homens. Certamente, nessa concepção tripartite de raça, os três aspectos de biologia, alma e espírito estão entrelaçados. Porém, isso não pode ser simplesmente reduzido à biologia da qual todas as coisas fluem. Essa obsessão com distinções científicas entre raças e a necessidade de mensurar cada diferença biológica (e eu realmente me refiro a cada diferença) está muito longe de um entendimento profundo, filosófico, das distintas essências espirituais dos povos que caracterizavam as raízes antigas de nossa civilização. Ademais, isso é patentemente pouco inspirador, já que homem algum vai atacar uma metralhadora para defender um estudo sobre QI. Os homens morrem por visões superiores e transcendentes do ser. É melhor falar sobre o espírito da nação do que entediar pessoas comuns até as lágrimas com tabelas demonstrando diferentes medições cranianas.

Na pior das hipóteses, a concepção biológica de raça leva a uma reiteração de preconceitos iluministas liberais. Ela assume, tal como os neo-ateístas representados por tipos como Richard Dawkins fazem, que todas as questões podem ser reduzidas a meras explicações racionais, científicas. Isso pode levar ao que é geralmente chamado de "elitismo cognitivo". Ela assume que o QI é o árbitro final de valor humano. Isso é absolutamente desastroso para qualquer ideologia política que busque afirmar a identidade livre e única de povos. Se um certo povo possui um QI maior, por que deveríamos ver como imoral se ele conquistar os menos inteligentes? Se este é o caso, então Hong Kong deveria governar o mundo, e nenhuma outra nação deveria se impôr. Ao invés de afirmar diferenças, o elitismo cognitivo afirma a dominação de um povo em detrimento de outros. Ao invés de afirmar o direito de todos os povos de cultivarem sua identidade étnica e cultura tal como a ideologia etnopluralista defendida pela Nova Direita europeia faz, ela involui em um tipo de triunfalismo branco onde o fato de que brancos possuem um QI maior que alguns outros povos significa que eles são superiores, e estão assim justificados em destruir outras culturas. Isso é essencialmente similar ao darwinismo social vitoriano que foi usado para justificar o domínio do Império Britânico. Enquanto alguns possam olhar para essa era como o ponto alto da civilização europeia, ele deve ser visto pelo que é: um período de exploração, tanto dos povos colonizados, como dos trabalhadores pobres das próprias nações coloniais, que lideraram o caminho para a globalização da sociedade e para a emergência do capitalismo internacional como o paradigma econômico dominante, questões que continuam a nos afetar hoje. Este tipo de raciocínio vitoriano ainda encontra ressonância nas visões econômicas da direita alternativa americana.

Entre as grandes falhas da direita alternativa americana tem sido sua incapacidade de criticar o sistema capitalista. Ele é visto como um sistema justo, suas falhas e erros ou são ignorados ou a culpa é colocada em algum outro grupo racial. Eles citarão, de modo darwiniano, que pessoas com QI mais alto ganham mais, e que nações com QI médio alto são mais ricas, então os ricos merecem tudo o que tem, e qualqeur tentativa de redistribuir riqueza é "disgênica", ainda que a vasta maioria das pessoas patrióticas, trabalhadoras e medianas se beneficiasse com um retorno, mesmo que parcial, ao Estado de Bem-Estar da América de Eisenhower, um período para o qual eles ironicamente olham com nostalgia por causa de seus valores sociais sadios. Ainda assim, o período de dominação branca europeia pelo capitalismo é visto como uma marca de orgulho europeu e o zênite da civilização europeia. Eles consideram o sofrimento da vasta maioria dos brancos sob o capitalismo antes da emergência do Estado de Bem-Estar no século XX, como narrado por autores clássicos como Charles Dickens, Jack London, Upton Sinclair ou Louis-Ferdinand Céline, como ou merecido ou irrelevante, se é que eles dão alguma consideração.

Ademais, essa combinação de fetichismo com QI e ideologia de mercado leva a uma defesa contraditória e confusa das fronteiras nacionais. Direitistas alternativos americanos reconhecem que comunidades imigrantes de países com baixo QI médio tendem a votar em favor do Estado de Bem-Estar; portanto, nós devemos controlar nossas fronteiras para salvar o capitalismo. Essa análise é ruim em vários níveis. Primeiro e mais importante, são os capitalistas americanos que trazem os imigrantes, legalmente ou ilegalmente, para cortar os salários de trabalhadores nascidos nos EUA. A mais forte oposição a propostas de fechar a fronteira ou limitar a imigração vem da própria classe capitalista americana. A liderança de companhias famosas como eBay, Google, PayPayl e Yahoo liderou esforços para convencer o Congresso a aprovar leis ampliando a imigração. A direita alternativa não consegue compreender que a oposição à interferência no fluxo de trabalho e capital entre países tem sido uma faceta fundamental do capitalismo desde a época de Adam Smith e Bastiat, que se opunham ao protecionismo mercantilista. Como o importante pensador da Nova Direita europeia, Alain de Benoist, afirmou em seu clássico ensaio, "Imigração: O Exército de Reserva do Capital": "Quem criticar o capitalismo, ao mesmo tempo que aprova a imigração, sendo o proletariado sua primeira vítima, é melhor silenciar. Quem criticar a imigração, ao mesmo tempo que silencia sobre o capitalismo, deve fazer o mesmo". Capitalismo e imigração em massa são dois lados da mesma moeda. Eles não conseguem entender que o capitalismo não aceita fronteiras, seja fisicamente ou mentalmente, no que concerne a busca pelo lucro. Se o Estado-Nação, a família tradicional, ou a religião ficarem no caminho, eles devem ser descartados. Citando Alain de Benoist novamente, em "Essa Direita que não se importa com seu povo":

"Eles ainda não entendem que o capitalismo é intrinsecamente globalista, porque ele demanda a abolição de fronteiras ('laissez faire, laisser passer!'). Por razão de sua propensão à ilimitação, ele não pode existir sem revolucionar constantemente as relações nacionais, ou sem ver as identidades nacionais como estando entre tantos outros obstáculos para a expansão do mercado globalizado. O modelo antropológico que ele leva, que é o de um indivíduo que está sempre buscando a maximização de seu próprio interesse, está tanto em funcionamento no liberalismo econômico como no liberalismo social, e os axiomas do interesse e o maquinário do lucro são pilares da ditadura dos valores mercantis".


Foi sob o capitalismo, não sob o socialismo, que o feminismo, o multiculturalismo, a teoria de gênero, e a liberação sexual encontraram suas mais poderosas expressões. Porém, ao invés de reconhecer este fato, a direita alternativa recorre à teoria do "marxismo cultural".


"Marxismo cultural" pode significar muitas coisas. Em uma interpretação extrema, é uma perspectiva altamente conspiratória que propõe que os soviéticos infiltraram vários órgãos governamentais, acadêmicos e empresariais nos EUA com o objetivo de enfraquecer os valores morais da sociedade para torná-la mais adequada para uma revolução comunista guiada pelos soviéticos. Em outra, ela pode significar a influência dos pensadores da Escola de Frankfurt na sociedade. Nós podemos rapidamente descartar a primeira, considerando que coisas como homossexualidade eram punidas severamente na URSS, e que, após uma fase inicial de liberação sexual, Stálin reprimiu essa lassidão moral, limitando o divórcio e o aborto. No Bloco Oriental, o "movimento hippie", onde existisse, era visto com suspeitas e sujeito a repressão por suas raízes americanas. As origens dessa teoria da conspiração tendem a voltar ao testemunho do dissidente soviético Yuri Bezmenov, que se tornou uma figura popular em círculos anticomunistas americanos, onde ele frequentemente coletava taxas para repetir em palestras o que as pessoas já acreditavam. Curiosamente, a direita alternativa toma as afirmações de um imigrante preenchendo um nicho no mercado americano a sério. Em contraste, não foi a KGB, mas a CIA que apoiou a arte moderna como um desafio ao "realismo socialista" de inspiração clássica na URSS, e contratou a radical Gloria Steinem como agente para este fim. De fato, a CIA recebeu muitos comunistas anti-stalinistas em seu "Congresso para a Liberdade Cultural", que foi estabelecido em 1950 para atrair esquerdistas para uma posição anti-soviética. Ademais, nós devemos notar que muitas figuras da Escola de Frankfurt culpadas pelo "marxismo cultural" em versões menos conspiratórias encontraram um refúgio do nazismo não na URSS, mas nos EUA.

A Escola de Frankfurt é considerada como uma das principais bases para o desenvolvimento da ideologia freudo-marxista, particularmente por seu notável membro, Herbert Marcuse. Outro é o pensador judeu-alemão Wilhelm Reich, que também encontrou refúgio nos EUA após perseguição nazista. No livro de Marcuse Eros e Civilização, a liberação sexual está misturada com ideias sobre libertação da alienação econômica também. Porém, Marcuse modifica a base fundamental do marxismo. A história não é mais explicada pela luta de classes, mas como uma luta contra a repressão, com o capitalismo moderno sendo o tipo mais repressivo de sociedade. Esse desvio da teoria marxista clássica mostra o motivo pelo qual a Escola de Frankfurt não foi bem recebida na URSS. Ao invés de demandarem um socialismo no qual os desejos individuais estivessem sujeitos aos objetivos de um planejamento central pelo benefício da nação, ele defende uma plena liberalização dos desejos humanos. Essa crítica provou ser popular nos campi universitários americanos e influenciou os radicais da década de 60, que defendiam uma revolução através do "rock n' roll, drogas e sexo nas ruas", em uma frase notável de John Sinclair. Porém, a ideologia da gratificação sensorial total foi completamente assimilada pelo capitalismo. Depravação na música, nos filmes e na televisão alimentou os cofres das grandes corporações midiáticas, sem mencionar a ascensão simultânea da indústria pornográfica. Na verdade, essa ideologia se encaixa perfeitamente com o capitalismo: o cliente sempre tem razão, e os desejos hedonistas se tornam ainda mais escolhas de consumo para serem satisfeitas pelo mercado. Certamente, a ideologia da gratificação sensorial ilimitada criou novos campos vastos de exploração para o capitalismo.

Ademais, essa ideologia radical da nova esquerda demonstrou um efeito maligno sobre a centro-esquerda hegemônica, que, apesar de não ser marxista, trabalhava no domínio clássico da política classista, lutando por um Estado de Bem-Estar maior e pelos direitos do proletariado (deve-se notar a imensa ironia de alguns elementos da direita alternativa olharem com saudades para os "bons e velhos dias" da América pré-1968, quando o Estado de Bem-Estaro e o poder sindical estavam em seu ápice). Abandonando preocupações caras aos corações do trabalhador médio, a esquerda hegemônica gradualmente adotou ideologias como o feminismo, o pró-imigracionismo e a libertação homossexual. Enquanto a classe trabalhadora padece com dificuldades cada vez maiores, e valores tradicionais são apagados, o capitalismo é mais forte do que nunca. Porém, a direita alternativa permanece proximamente ligada ao capitalismo, apesar de críticas a várias facetas do capitalismo, tal como a usura, desde uma perspectiva europeia tradicional vindo desde Aristóteles e dos antigos gregos, dos Pais da Igreja, e Tomás de Aquino. De fato, a história do anticapitalismo conservador é muito mais longa e profunda, mesmo nos EUA quando olhamos para figuras como Ezra Pound e Padre Coughlin, do que a história da defesa conservadora do capitalismo. Essa contradição aparente passa desapercebida pela direita alternativa.

Essa falta de vontade de transitar além da perspectiva capitalista americana trouxe algumas consequências geopolíticas para a direita alternativa. Ainda que ela ocasionalmente demonstre uma postura menos belicista que o conservadorismo americano hegemônico, normalmente tendendo a um não-intervencionismo paleoconservador, ela ainda expressa uma certa paranoia da Guerra Fria em relação ao socialismo. Em uma nota positiva, a atitude tóxica em relação a Rússia foi razoavelmente moderada, ainda que por razões do aparente masculinismo de Putin mais do que por uma consideração séria de sua política externa. E ainda assim, essa russofobia não desapareceu. Há muitos no milieu que foram enganados pela propaganda do banderismo em se alinharem com a UE e a OTAN contra a Nova Rússia. Ademais, a atitude da direita alternativa em relação ao socialismo na América do Sul ainda é uma de hostilidade e neocolonialismo. Figuras como Hugo Chávez e Juan Perón são demonizadas, e a ideologia do socialismo, ao invés do capitalismo neocolonial americano, é culpada pelos sofrimentos da América Latina. Eles exaltam aquele lacaio da CIA, Augusto Pinochet, enquanto fantasiam sobre arremessar "comunistas" de helicópteros para salvar o capitalismo. É grosseiramente hipócrita para um movimento que afirma ser nacionalista elogiar um homem que derrubou o governo de seu próprio país com apoio estrangeiro e que então entregou bens públicos para corporações multinacionais sem qualquer lealdade para com qualquer nação.

Ademais, enquanto rejeitam as tentativas mas egrégias de neocolonialismo neoconservador no Oriente Médio, eles em sua maioria subscrevem às teses oferecidas por Samuel Huntington em O Choque de Civilizações, que reduz os problemas no Oriente Médio a um choque de civilizações entre Europa e Islã. Isso ignora completamente os papeis que o colonialismo europeu, e o neocolonialismo sionista e americano posterior, desempenharam em desestabilizar a região. A maioria dos muçulmanos não estão imigrando para a Europa em prol da jihad, mas porque eles foram desenraizados pelo capitalismo, pelo colonialismo e por guerras importadas do Ocidente, e são recebidos como uma fonte de mão-de-obra pelos capitalistas ocidentais. Isso, por sua vez, leva a direita alternativa a abraçar figuras como Geert Wilders ou movimentos como a Liga de Defesa Inglesa, que atacam o Islã sem dizer uma única palavra sobre o sionismo ou o capitalismo. Eles saboreiam perversamente relatos extravagantes de estupros e assassinatos por imigrantes. Eles confundem os sintomas do problema, fundamentalmente a imigração, com suas causas raízes: a interferência americana e sionista no Oriente Médio. Alguns, ainda que certamente não todos, na direita alternativa tem chegado ao ponto de afirmar que Israel é um Estado nacionalista étnico modelo e um bastião da civilização ocidental contra o Islã. Porém, eles nem consideram por um momento o que a civilização ocidental significa hoje. Eles se aliariam a feministas, homossexuais, liberais e sionistas contra o Islã meramente porque o Islã condena esses traços que se permitiu enraizar no Ocidente. Nesse caso, eu recomendaria que eles consultassem o pensador italiano radical Giorgio Freda, que disse aos nacionalistas que quisessem defender a "civilização europeia":

"Temos falado em termos de 'civilização europeia', sem nem mesmo arranhar a superfície dessa expressão e sem verificá-la, indo às profundezas do problema: se existe, em realidade, uma civilização europeia homogênea, e quais são os coeficientes autênticos de seu significado à luz de uma situação histórica global na qual a guerrilha latino-americana adere muito mais proximamente a nossa visão de mundo do que o espanhol vassalo de padres e dos EUA; onde o povo guerreiro do Vietnã do Norte, com um estilo heróico, sóbrio, espartano está muito mais perto de nossa concepção da existência do que o trato digestivo italiano, ou o francês ou alemão do Ocidente; onde o terrorista palestino está muito mais perto de nossos sonhos de vingança do que o inglês judaizado (europeu? eu duvido)".

Dançando ao som dos slogans neoconservadores e sionistas de "defender valores ocidentais", a direita alternativa se alinhou com os elementos mais tóxicos dentro da civilização ocidental, os elementos emblemáticos da própria decadência cultural que eles atacam. É absurdo que a direita alternativa subitamente passe de atacar essas coisas para defendê-las quando são atacados por outra cultura. Ao invés de atacarem as raízes do problema, eles atacam apenas seus sintomas, e preparam o palco para mais caos no Oriente Médio e Europa.

E para coroar isso tudo, todas essas posições da direita alternativa são articuladas das maneiras mais imaturas e cruas imagináveis. O influxo maciço de pessoas de fóruns virtuais, como o /pol/ do 4chan, no milieu da direita alternativa deu uma coloração de "calouro" a seu discurso. Ao invés de bons argumentos, memes e slogans abndam, muitas vezes de péssimo gosto. Eles ridicularizam negros usando os estereótipos mais banais, ao invés de tentarem instilar um senso de nacionalismo negro que ajudaria na revolta nacionalista contra o liberalismo. Eles se referem a políticos que eles consideram insuficientemente conservadores como "cornos" ou "cornoservadores", se referindo de maneira bastante freudiana a esse fenômeno sexual. A terminologia sexual grosseira continua com referências a esquerdistas como "consolos" e afirmando que pessoas que passaram para o lado liberal foram "carimbadas", se referindo à infecção por HIV por via anal. Isso, é claro, tem apelo com crianças rebeldes, e amplia sua base de apoio entre elas, já que ler livros sérios e desenvolver ideias plenamente articuladas tem apelo entre uma porção cada vez menor da população. Porém, nenhum intelectual sério pode entreter uma ideologia baseada em piadas internas subculturais virtuais, sem contar a vasta maioria da população em geral. Como pode um trabalhador desempregado que teve seu ganha-pão destruído pela globalização e pela imigração pensar que a ideologia dessa claque virtual tem algo a lhe oferecer? É risível que a direita alternativa afirme ser a voz do populismo nacionalista. Ao contrário, quando a direita alternativa consegue ser mencionada pela mídia hegemônica, ela é usada como uma vara curta por liberais para atacar as preocupações legítimas de trabalhadores, que obviamente não tem nada a ver com isso, em relação a imigração associando-os com uma subcultura tão quixotesca quanto essa. As preocupações há muito ignoradas dos trabalhadores e patriotas merecem supostos porta-vozes melhores do que capitalistas adolescentes pueris que estão preocupados com que a imigração ameace seu neoliberalismo.

A direita alternativa não conseguiu desenvolver ideias novas e revolucionárias. No pior dos cenários, ela ameaça macular a causa do populismo nacionalista e se tornar um bicho-papão usado por liberais apenas para deslegitimar preocupações com imigração, identidade nacional e globalização. Nós devemos nos perguntar como podemos melhorar a qualidade do discurso. Em um nível bastante básico nos EUA, nós podemos ampliar o conhecimento sobre a verdadeira herança populista nacional, aquela que desafiou tanto o liberalismo social quanto o liberalismo econômico. Nós podemos nos referir aos velhos líderes sindicais que se opunham à imigração tal como Denis Kearney, e o autor socialista clássico americano Jack London. Nós podemos olhar para figuras da década de 30 como Ezra Pound e o Padre Charles Coughlin, que se opunham à usura. Ademais, nós podemos ampliar nossas mentes lendo a obra de figuras nacionalistas anticapitalistas ao longo da história do planeta, que podem ser encontradas entre movimentos como a Revolução Conservadora e a Noda Direita europeia. Também, nós podemos ousar até fazer análises nacionalistas de movimentos tipicamente considerados de esquerda, desenvolvendo sínteses ideológicas e buscando bases comuns, assim ampliando nosso apelo para esquerdistas que similarmente sentem o chamado da identidade nacional.

Finalmente, nós devemos começar a construir movimentos sérios e desenvolver think-tanks que produzam ideias sérias ao invés de memes. Precisamos começar a olhar para fora do sistema e dos confis do conservadorismo simplista americano e da regurgitação de ideias defuntas. Precisamos ver que a restauração da soberania nacional implica a restauração do controle econômico para o povo, não para corporações globais ou grandes empresários que podem voar para algum paraíso fiscal. Precisamos nos tornar autenticamente, intransigentemente revolucionários. Precisamos desenvolver a coragem de atravessar barreiras ideológicas impostas pela classe governante, encontrar a coragem de cruzar o abismo e a vontade de encarar ideias verdadeiramente radicais. Libertar a nação não é uma tarefa fácil. É uma tarefá que demandará imenso sacrifício, uma disciplina espartana, e um desprezo pela política convencional. Certamente, haverá os negadores que estarão contentes em pular na última campanha eleitoral na esperança de poderem resolver todos os nossos problemas com legislação. Haverá as massas de ideólogos perplexos enfeitiçados nas falsas dicotomias do sistema que reagirão com ira incoerente quando fronteiras ideológicas forem apagadas. Ainda assim, nossa grande tarefa está aí, e nós não vamos ser abalados.

Eu gostaria de convidá-los para participarem de uma nova iniciativa: a formação do Instituto para Estudos Nacional-Revolucionários. Por todo o mundo, a ideologia de revolução nacional, onde uma sede por justiça econômica e um senso profundo de identidade nacional se encontram, tem assumido muitas formas, mas essa corrente permanece ignorada no mundo anglófono. É agora, neste momento, quando a sobrevivência de nosso povo está sob risco, que essa luta deve começar. O futuro será nosso, ou não teremos futuro.