A atual crise financeira mundial marca a conclusão do dano feito pela ideologia liberal que, tento aparecido durante a época do Iluminismo Ocidental, por décadas dominou a maior parte do planeta.
Vozes perturbantes e criticismo começaram durante o final do último século, com o nascimento de fenômenos como a globalização e o unimundialismo. Este criticismo soou não somente de oponentes externos – conservadores, Marxistas e povos indígenas –, mas começou dentre o campo da comunidade Ocidental. Pesquisadores perceberam que o moderno choque de globalização é a conseqüência do liberalismo universal, que se opõe a qualquer manifestação de distinções. O programa último do liberalismo é a aniquilação de quaisquer distinções. Por isso, o liberalismo mina não somente o fenômeno cultural, mas também o próprio organismo social. A lógica do liberalismo Ocidental contemporâneo é aquela do mercado universal desprovido de qualquer cultura que não seja aquela do processo de produção e consumo. [1]
A experiência histórica provou que o mundo liberal Ocidental tentou forçosamente impor sua vontade sobre todos os outros. De acordo com esta idéia, todos os sistemas públicos no Mundo são variantes do sistema – liberal – Ocidental [2], e suas características distintas devem desaparecer antes da aproximação da conclusão desta época mundial. [3]
Jean Baudrillard também declara que este não é o choque de civilizações, mas a quase resistência inata entre uma cultura homogênea universal e aqueles que resistem a esta globalização. [4]
Ideologias Universais
Além do liberalismo outras duas ideologias são conhecidas por terem tentando atingir a supremacia mundial: Nomeadamente, o Comunismo (isto é, o Marxismo em seus vários aspectos) e o Fascismo/Nacional-Socialismo. Como Aleksandr Gelyevich Dugin bem observa, o Fascismo surgiu após as duas outras ideologias e desapareceu antes delas. Após a desintegração da URSS, o Marxismo que nasceu no século XIX foi definitivamente desacreditado também. O liberalismo, baseado principalmente em uma sociedade individualista e atomista, nos direitos humanos e no Estado-Leviatã, descrito por Hobbes, emergiu por conta do bellum omnium contra omnes [5] e há desde então se manteve a isso.
Aqui é necessário analisar a relação das ideologias supracitadas no contexto da época e locos dos quais elas emergiram.
Sabemos que o Marxismo foi de certa forma, uma idéia futurística – o Marxismo profetizava a futura vitória do comunismo em uma época que, contudo, permaneceu incerta. Neste respeito, é uma doutrina messiânica por ver a inevitabilidade de sua vitória, que conduziria à culminação e ao fim do processo histórico. Mas Marx foi um falso profeta, e a vitória nunca aconteceu.
O Nacional-Socialismo e o Fascismo, ao contrário, tentaram recriar a abundancia de uma mítica Era Dourada, mas com uma forma modernista [6]. Fascismo e Nacional-Socialismo foram tentativas de inaugurar um novo ciclo, lançando as bases para uma nova Civilização como conseqüência do que foi visto como o declínio cultural e a morte da Civilização Ocidental (assim, de forma mais apropriada com idéia do Reich de Mil anos). Isto foi abortado também.
O Liberalismo (como o Marxismo) proclamou o fim da história, mais convenientemente descrita por Francis Fukuyama (o Fim da história e o último homem) [7]. Tal fim, contudo, nunca aconteceu; e temos, ao invés disso, um tipo nômade de “sociedade da informação”, composta de indivíduos egoístas atomizados [8], que consomem avidamente os frutos da técno-cultura. Além disso, colapsos econômicos tremendos acontecem em todo o mundo; conflitos violentos ocorrem (muitas revoltas locais, mas também guerras de longo termo em escala internacional); e assim, o desapontamento domina nosso mundo ao invés da utopia universal prometida em nome do “progresso” [9].
A Quarta Teoria Política e o Contexto do Tempo
Como deveriam os especialistas da nova quarta teoria política enquadrar suas análises no contexto das épocas do tempo histórico? Deveria ser a união com a eternidade, sobre a qual o teórico conservador-revolucionário Arthur Moeller van den Brück expõe em seu livro Das Dritte Reich.
Se os humanos considerarem a si mesmos e ao povo ao qual pertencem não como algo momentâneo, entidades temporais, mas em “perspectiva da eternidade”, então eles serão libertados das desastrosas conseqüências da abordagem liberal para a vida humana, onde os seres humanos são considerados a partir de um ponto de vista estritamente temporal. Se a premissa de A. Moeller van den Brück for alcançada, nós devemos ter então uma nova teoria política, cujos frutos serão simultaneamente conservadores e portadores dos novos valores que nosso mundo desesperadamente necessita.
De tal perspectiva histórica, é possível entender os elos entre a emergência de uma ideologia dentro de uma época histórica particular; ou o que foi chamado de zeitgeist, “espírito da era”.
O Fascismo e o Nacional-Socialismo perceberam as fundações da história no estado (Fascismo) ou na raça (Nacional-Socialismo Hitlerista). Para os Marxistas era a classe trabalhadora e as relações econômicas entre as classes. O Liberalismo, por outro lado, vê a história em termos do indivíduo atomizado, separado de um complexo de herança cultural, contato inter-social e comunicação. Contudo, ninguém considerou como sujeito da história o Povo como um Ser, com toda a riqueza dos elos interculturais, traduções, características étnicas e cosmovisão.
Se considerarmos as várias alternativas, até mesmo países nomeadamente “socialistas” adotaram mecanismos e modelos liberais que expuseram regiões com um modo de vida tradicional a uma acelerada transformação, deterioração e obliteração total. A destruição do campesinato, religião e laços familiares pelo Marxismo foram manifestações deste rompimento das sociedades orgânicas tradicionais, seja na China Maoísta ou na URSS sob Lênin e Trotsky.
Esta oposição fundamental à tradição, incorporada em ambos, liberalismo e Marxismo, pode ser entendida pelo método de análise histórica considerado acima: tanto o liberalismo quanto o Marxismo emergiram do mesmo zeitgeist na instância destas doutrinas, do espírito do dinheiro [10].
Alternativas ao Liberalismo
Muitas tentativas de criar alternativas ao neoliberalismo são agora visíveis – o socialismo Libanês de Jamahiria, o Xiismo político no Irã, onde o principal objetivo do estado é aceleração para a chegada do Mahdi e a revisão do socialismo na América Latina (as reformas na Bolívia são especialmente indicativas). Estas respostas anti-Liberais, no entanto, são limitadas dentro das fronteiras do Estado-Nação singular em questão.
A antiga Grécia é a fonte de todas as três teorias da filosofia política. É importante entender que no principio do pensamento filosófico, os Gregos consideravam primeiramente a questão do Ser. Contudo, eles arriscaram o ofuscamento pelas nuances das altamente complicadas relações entre o ser e o pensamento, entre o puro ser (Seyn) e sua expressão na existência (Seiende); entre o ser humano (Dasein) e o próprio ser em si (Sein). [11]
Por isso, a renúncia ao (neo) Liberalismo e a revisão das antigas categorias e, talvez, de toda Filosofia Ocidental são necessárias. Nós deveríamos desenvolver uma nova ideologia política que, de acordo com Alain de Benoist, será o Novo (Quarto) Nomos da Terra. O filósofo Francês está certo em sua observação de que a reconsideração positiva da identidade coletiva é necessária; para o nosso inimigo não é “o outro”, mas uma ideologia que destrua todas as identidades. [12]
É digno de nota que três ondas de globalização foram os corolários das três teorias políticas supramencionadas (Marxismo, Fascismo e Liberalismo). Como resultado, depois disso nós precisamos de uma nova teoria política, que geraria a Quarta Onda: o restabelecimento do Povo (todos eles) com seus valores eternos. E, é claro, após a consideração filosófica necessária, a ação política deve acontecer.
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Vozes perturbantes e criticismo começaram durante o final do último século, com o nascimento de fenômenos como a globalização e o unimundialismo. Este criticismo soou não somente de oponentes externos – conservadores, Marxistas e povos indígenas –, mas começou dentre o campo da comunidade Ocidental. Pesquisadores perceberam que o moderno choque de globalização é a conseqüência do liberalismo universal, que se opõe a qualquer manifestação de distinções. O programa último do liberalismo é a aniquilação de quaisquer distinções. Por isso, o liberalismo mina não somente o fenômeno cultural, mas também o próprio organismo social. A lógica do liberalismo Ocidental contemporâneo é aquela do mercado universal desprovido de qualquer cultura que não seja aquela do processo de produção e consumo. [1]
A experiência histórica provou que o mundo liberal Ocidental tentou forçosamente impor sua vontade sobre todos os outros. De acordo com esta idéia, todos os sistemas públicos no Mundo são variantes do sistema – liberal – Ocidental [2], e suas características distintas devem desaparecer antes da aproximação da conclusão desta época mundial. [3]
Jean Baudrillard também declara que este não é o choque de civilizações, mas a quase resistência inata entre uma cultura homogênea universal e aqueles que resistem a esta globalização. [4]
Ideologias Universais
Além do liberalismo outras duas ideologias são conhecidas por terem tentando atingir a supremacia mundial: Nomeadamente, o Comunismo (isto é, o Marxismo em seus vários aspectos) e o Fascismo/Nacional-Socialismo. Como Aleksandr Gelyevich Dugin bem observa, o Fascismo surgiu após as duas outras ideologias e desapareceu antes delas. Após a desintegração da URSS, o Marxismo que nasceu no século XIX foi definitivamente desacreditado também. O liberalismo, baseado principalmente em uma sociedade individualista e atomista, nos direitos humanos e no Estado-Leviatã, descrito por Hobbes, emergiu por conta do bellum omnium contra omnes [5] e há desde então se manteve a isso.
Aqui é necessário analisar a relação das ideologias supracitadas no contexto da época e locos dos quais elas emergiram.
Sabemos que o Marxismo foi de certa forma, uma idéia futurística – o Marxismo profetizava a futura vitória do comunismo em uma época que, contudo, permaneceu incerta. Neste respeito, é uma doutrina messiânica por ver a inevitabilidade de sua vitória, que conduziria à culminação e ao fim do processo histórico. Mas Marx foi um falso profeta, e a vitória nunca aconteceu.
O Nacional-Socialismo e o Fascismo, ao contrário, tentaram recriar a abundancia de uma mítica Era Dourada, mas com uma forma modernista [6]. Fascismo e Nacional-Socialismo foram tentativas de inaugurar um novo ciclo, lançando as bases para uma nova Civilização como conseqüência do que foi visto como o declínio cultural e a morte da Civilização Ocidental (assim, de forma mais apropriada com idéia do Reich de Mil anos). Isto foi abortado também.
O Liberalismo (como o Marxismo) proclamou o fim da história, mais convenientemente descrita por Francis Fukuyama (o Fim da história e o último homem) [7]. Tal fim, contudo, nunca aconteceu; e temos, ao invés disso, um tipo nômade de “sociedade da informação”, composta de indivíduos egoístas atomizados [8], que consomem avidamente os frutos da técno-cultura. Além disso, colapsos econômicos tremendos acontecem em todo o mundo; conflitos violentos ocorrem (muitas revoltas locais, mas também guerras de longo termo em escala internacional); e assim, o desapontamento domina nosso mundo ao invés da utopia universal prometida em nome do “progresso” [9].
A Quarta Teoria Política e o Contexto do Tempo
Como deveriam os especialistas da nova quarta teoria política enquadrar suas análises no contexto das épocas do tempo histórico? Deveria ser a união com a eternidade, sobre a qual o teórico conservador-revolucionário Arthur Moeller van den Brück expõe em seu livro Das Dritte Reich.
Se os humanos considerarem a si mesmos e ao povo ao qual pertencem não como algo momentâneo, entidades temporais, mas em “perspectiva da eternidade”, então eles serão libertados das desastrosas conseqüências da abordagem liberal para a vida humana, onde os seres humanos são considerados a partir de um ponto de vista estritamente temporal. Se a premissa de A. Moeller van den Brück for alcançada, nós devemos ter então uma nova teoria política, cujos frutos serão simultaneamente conservadores e portadores dos novos valores que nosso mundo desesperadamente necessita.
De tal perspectiva histórica, é possível entender os elos entre a emergência de uma ideologia dentro de uma época histórica particular; ou o que foi chamado de zeitgeist, “espírito da era”.
O Fascismo e o Nacional-Socialismo perceberam as fundações da história no estado (Fascismo) ou na raça (Nacional-Socialismo Hitlerista). Para os Marxistas era a classe trabalhadora e as relações econômicas entre as classes. O Liberalismo, por outro lado, vê a história em termos do indivíduo atomizado, separado de um complexo de herança cultural, contato inter-social e comunicação. Contudo, ninguém considerou como sujeito da história o Povo como um Ser, com toda a riqueza dos elos interculturais, traduções, características étnicas e cosmovisão.
Se considerarmos as várias alternativas, até mesmo países nomeadamente “socialistas” adotaram mecanismos e modelos liberais que expuseram regiões com um modo de vida tradicional a uma acelerada transformação, deterioração e obliteração total. A destruição do campesinato, religião e laços familiares pelo Marxismo foram manifestações deste rompimento das sociedades orgânicas tradicionais, seja na China Maoísta ou na URSS sob Lênin e Trotsky.
Esta oposição fundamental à tradição, incorporada em ambos, liberalismo e Marxismo, pode ser entendida pelo método de análise histórica considerado acima: tanto o liberalismo quanto o Marxismo emergiram do mesmo zeitgeist na instância destas doutrinas, do espírito do dinheiro [10].
Alternativas ao Liberalismo
Muitas tentativas de criar alternativas ao neoliberalismo são agora visíveis – o socialismo Libanês de Jamahiria, o Xiismo político no Irã, onde o principal objetivo do estado é aceleração para a chegada do Mahdi e a revisão do socialismo na América Latina (as reformas na Bolívia são especialmente indicativas). Estas respostas anti-Liberais, no entanto, são limitadas dentro das fronteiras do Estado-Nação singular em questão.
A antiga Grécia é a fonte de todas as três teorias da filosofia política. É importante entender que no principio do pensamento filosófico, os Gregos consideravam primeiramente a questão do Ser. Contudo, eles arriscaram o ofuscamento pelas nuances das altamente complicadas relações entre o ser e o pensamento, entre o puro ser (Seyn) e sua expressão na existência (Seiende); entre o ser humano (Dasein) e o próprio ser em si (Sein). [11]
Por isso, a renúncia ao (neo) Liberalismo e a revisão das antigas categorias e, talvez, de toda Filosofia Ocidental são necessárias. Nós deveríamos desenvolver uma nova ideologia política que, de acordo com Alain de Benoist, será o Novo (Quarto) Nomos da Terra. O filósofo Francês está certo em sua observação de que a reconsideração positiva da identidade coletiva é necessária; para o nosso inimigo não é “o outro”, mas uma ideologia que destrua todas as identidades. [12]
É digno de nota que três ondas de globalização foram os corolários das três teorias políticas supramencionadas (Marxismo, Fascismo e Liberalismo). Como resultado, depois disso nós precisamos de uma nova teoria política, que geraria a Quarta Onda: o restabelecimento do Povo (todos eles) com seus valores eternos. E, é claro, após a consideração filosófica necessária, a ação política deve acontecer.
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Leonid Savin é o Administrador Chefe do “Movimento Eurasiano Internacional”; Editor Chefe da “Geopolítica do pós-modernismo”, internet media (www.geopolitica.ru); Especialista Sênior no Centro de Pesquisa Geopolítica e Parceiro no Centro de Estudos Conservadores da Faculdade de Sociologida da Univercidade Estadual de Moscou.
Publicado na revista Ab Aeterno No. 3.
[1] Gustav Massiah, “Quelle response a la mondialisation”, em Après-demain (4-5-1996), p.199.
[2] Por exemplo, a insistência que todos os estados e povos deveriam adotar o sistema parlamentar Inglês de Westminster como um modelo universal, independentemente de tradições ancestrais, estruturas sociais e hierarquias.
[3] “Les droits de l´homme et le nouvel occidentalisme”, em L’Homme et la société (numéro spécial [1987]), p.9
[4] Jean Baudrillard, Power Inferno, Paris: Galilée, 2002. Também veja, por exemplo Jean Baudrillard, “The Violence of the Global”. (