"Nenhum sistema - liberal ou socialista - fundado sobre a autonomia integral e a primazia do econômico, procura a satisfação geral. O homo-economicus existe, mas não é um homem feliz. A satisfação das suas necessidades materiais, das suas necessidades centradas sobre apenas uma esfera, não apazigua o seu desejo. Pelo contrário, reforça-o, torna-o tão insaciável como frustrado. Toda a concepção da sociedade fundada sobre o bem-estar, sobre o 'welfare', não pode senão fracassar na sua ambição de suscitar a felicidade. Esta resulta da apropriação pelo homem do seu ser próprio, da apropriação pelo homem de uma personalidade específica no interior de uma identidade coletiva - enquanto a sociedade mercantil, massificada, desculturalizante, despersonalizante, não se constrói senão pela aglomeração de homens-massa, ou seja, sobre as ruínas das diferenças e das personalidades."