27/04/2021

Aleksandr Dugin - Dois Mundos, Duas Humanidades

 por Aleksandr Dugin

(2017)


Aparentemente, nossa geopolítica já está consolidada. Já se passaram 20 anos desde a primeira edição do livro Fundamentos da Geopolítica, que lançou as bases para a construção da geopolítica nacional eurasiana: o vácuo ideológico que flagelava nossa compreensão acerca de nossa própria posição na esfera geopolítica naquela época foi preenchido pelo Eurasianismo. Antes disso, o mundo era por nós mensurado por meio de conceitos ideológicos (o campo socialista vs. o capitalismo). Porém, mesmo depois que tal dualismo foi abandonado, permaneciam incompreensíveis os motivos que levavam a OTAN a continuar se expandindo para o Oriente, afinal, “já havíamos nos tornado liberais”.

23/04/2021

Dominique Venner – Evola: Filosofia e Ação Direta

 por Dominique Venner

(2008)


Considerado por alguns como "o maior pensador tradicionalista do Ocidente", Julius Evola (1898-1974) sempre teve uma relação difícil com o MSI e ao mesmo tempo exerceu uma influência definitiva nos círculos mais radicais, as FAR (Fasci di Azione Rivoluzionaria) em seu tempo e depois a Ordine Nuovo ou Avanguardia Nazionale. Evola esteve à margem do fascismo durante o Ventennio (1922-1943). Apesar de suas críticas, porém, ele quis se solidarizar com o RSI depois de 1943. Tomando como exemplo tanto Nietzsche quanto Guénon, ele cultivava à maneira do primeiro o desprezo por tudo que era plebeu e o louvor do super-homem autoconstruído. Mas ele se unia a René Guénon em sua interpretação da história como um processo de decadência e involução que levou, segundo a tradição hindu, ao Kali-Yuga, a era demoníaca que antecedia o retorno ao caos original. Ele estava preparado, entretanto, para reconhecer que certas formas políticas, mais ou menos de acordo com sua ideia hierática da Tradição, poderiam retardar o declínio. Esta foi sua interpretação do fascismo, na medida em que ele, através de sua tentativa de reabilitar valores heroicos, constituiu um desafio à sociedade moderna e ao homem massificado e sem rosto.

21/04/2021

Gonzalo Pedano – Nimio de Anquín: Nacionalismo, Geopolítica e Metafísica

 por Gonzalo Pedano

(2020)


Em janeiro de 1972, o filósofo cordobês Nimio de Anquín prefaciou uma compilação de alguns de seus escritos políticos pelo professor Máximo Chaparro. Ali ele deixa algumas chaves de análise que desenvolvemos no presente artigo, a fim de apresentar uma das leituras possíveis sobre sua filosofia política. O próprio De Anquín assinalou, nesse prólogo, que o texto A Argentina no novo Éon do Mundo não deixava margem para dúvidas sobre sua doutrina política, que ele esperava "desenvolver sistematicamente um dia". Sete anos depois, em 1979, o filósofo morreu e essa tarefa parece ter ficado pendente. Mas apesar disso, encontramos no texto acima a primeira pista a seguir: qual é o lugar da América e do nosso país no novo éon do mundo?


Geopolítica e Nacionalismo Integral


A questão não é apenas filosófica, mas geopolítica. E a resposta do autor insiste que estamos na presença de um mundo de dois mil anos que já expirou e está sendo superado - no que Hegel chamou de Aufhebung; e que nosso ser americano, nasc-ente, participa pela primeira vez desse evento universal, antes reservado apenas à Europa e à Ásia. Estamos vivendo em uma nova era ou éon, não no sentido de uma simples renovação transitória, mas no sentido radical de uma etapa totalmente nova em que o mundo, no curso de sua vida eterna, vê todas as instituições expirarem, outra etapa emergindo para reiniciar sua existência. Um novo éon, cuja principal característica é a totalidade do Domínio, ou seja, o controle e absorção em escala global de alguns Estados por outros, através do exercício da força. Não há mais nenhum continente que possa permanecer fora dessa lógica.

14/04/2021

Daniele Perra – Heidegger, Suhrawardi e Parmênides: Uma Síntese Eurasiática

 por Daniele Perra

(2019)


Em alguns trabalhos anteriores publicados no site da revista "Eurasia" foi feita uma tentativa de estabelecer uma ligação entre a filosofia de Martin Heidegger e a teosofia islâmica xiita[1]. Como Claudio Mutti relata em seu texto "Exploradores do Continente", já em 2005, durante uma conferência realizada em Teerã sobre o tema "Martin Heidegger e o futuro da filosofia entre Oriente e Ocidente", o prof. Shahram Pazouki estabeleceu uma comparação entre o filósofo alemão e a gnose islâmica do shaykh medieval Shihaboddin Yahya Sohrawardi, identificando os dois "pensamentos" como o meio ideal para a "comunicação espiritual" entre Oriente e Ocidente[2]. É também bem conhecido que o grande iranista Henry Corbin, em seu tempo, encontrou semelhanças notáveis entre a teosofia islâmica e a analítica de Heidegger. Este autor, em uma obra recentemente publicada intitulada "Ser e Revolução" (NovaEuropa 2019), teve a audácia de ir mais longe, definindo o próprio pensamento de Heidegger como uma forma de teosofia. Isto porque o filósofo de Meßkirch, como os teosofistas "clássicos", no desenvolvimento do seu pensamento usa tanto argumentos racionais como os textos da tradição religiosa (especialmente da Grécia Antiga). Agora, para estabelecer uma primeira conexão entre os três pensadores mencionados no título, pode-se afirmar com algum conhecimento de causa que eles são todos os três "pensadores iniciais". Parmênides representa o início por excelência do pensamento grego e, com isso, "ocidental". Por sua vez, Suhrawardi e Heidegger são "iniciais" no sentido de que ambos se voltam para o início: para o pensamento da Pérsia Antiga o primeiro, para o mundo grego o segundo. E é precisamente neste caminho para o "início" que a originária comunidade espiritual do mundo eurasiático é redescoberta.

10/04/2021

Aleksandr Dugin - O Novo Programa da Filosofia

por Aleksandr Dugin

(2003)


O humano e o mundo. Poderia parecer que a colocação de tal questão é relevante em todos os momentos. No entanto, tudo é muito mais complexo. O "humano" não é uma afirmação, mas um ponto de interrogação. Humano? Ah, sim? A sério? Isso seria "o humano" em essência? De verdade? Você tem assim tanta certeza sobre isso?

O "humano" tem sido entendido como significando coisas completamente diferentes em tempos diferentes, como o estágio da ascensão a partir do animal, ou como o limiar da descida do anjo... "Humano" soa estranho...Humano...

O mundo. Isto também já foi algo claro. Mas também, o que dizer, como dizê-lo... Até a palavra para mundo - mir em russo, Welt em alemão, monde em francês, dunya em árabe, etc. - em diferentes línguas nos remete a coisas diferentes. No entanto, ele sempre significou algo integral, universal, abrangente...