28/02/2021

John Morgan - O Homem do Século XX: Recordando Ernst Jünger

por John Morgan

(2018)


Se eu pudesse escolher ser qualquer pessoa do século XX, não hesitaria por um momento em escolher Ernst Jünger. O homem fez praticamente tudo o que era possível fazer em seu tempo e esticou os limites do que um indivíduo pode realizar em uma vida até seu ponto de ruptura. Só sua incrível vida (ele morreu há um mês de completar 103 anos) abrangeu o Kaiserreich, a Revolução Alemã, a República de Weimar, o Terceiro Reich, a República Federal da Alemanha e, finalmente, a Alemanha unificada em sua última década - e ele foi ativo em todos eles. Enquanto tal, sua própria vida pode ser vista como um símbolo da Alemanha no século XX, embora ele tenha permanecido pouco convencional durante todas as suas fases.

Embora Jünger seja comumente visto como tendo sido algo como um aristocrata prussiano, na verdade ele nasceu em uma família de classe média em Heidelberg, Baden-Württemberg. Jünger era bastante ativo fisicamente quando jovem, e desenvolveu uma paixão pela leitura e pela escrita desde cedo. Em 1913 ele fugiu de casa para se juntar à Legião Estrangeira francesa e chegou à Argélia, mas foi demitido do serviço apenas seis semanas depois que o Ministério das Relações Exteriores alemão (agindo em nome de seu pai) informou às autoridades legionárias que Jünger era menor de idade.

26/02/2021

François Bousquet - Geração Identitária: A Solução, Não a Dissolução

por François Bousquet

(2021)


Gérald Darmanin é um homem emotivo - e apressado. Em 26 de janeiro, ele disse que estava "escandalizado" pelas operações antimigrantes da Geração Identitária nos Alpes e nos Pirineus. O pobre homem! Tartuffe sempre se escandalizada por nada, e é assim que reconhecemos o personagem de Molière. Muito bom! Mas um Ministro do Interior, não é de se admirar. Seria de se esperar que tal homem, "o primeiro policial da França", ficasse escandalizado pela enchente de migrantes que fazem selfies à medida que atravessam nossas fronteiras. Este aparentemente não é o caso: os contrabandistas de migrantes têm direito a toda a atenção midiática. Os sentinelas simbólicos, ao contrário, que vigiam nossas fronteiras, são o único perigo. Assim, em 26 de janeiro, Darmanin anunciou que não hesitaria em dissolver a Geração Identitária, usando seus poderes de censura administrativa. Quinze dias depois, em 12 de fevereiro, seus serviços incomumente diligentes e eficientes lançaram o procedimento para dissolver o movimento.

13/02/2021

Aleksandr Dugin - Sionismo é Satanismo Judaico

por Aleksandr Dugin

(2019)


Como toda religião, o judaísmo possui inúmeras facetas. Neste sentido, pensá-lo apenas em uma perspectiva pró ou contra não passa de uma atitude vulgar.

O judaísmo está associado à noção de que os judeus são o povo escolhido (principalmente no sentido religioso). Sua razão de ser? Aguardar a vinda do Messias, que deverá reinar sobre Israel. Deste modo, o judaísmo configura-se como uma religião fundamentalmente atada a um sentido de expectativa em torno da figura do Mashiach.

No início do primeiro milênio, de acordo com o judaísmo, os judeus foram dispersos: o Segundo Templo foi destruído e uma história de dois mil anos de diáspora se iniciou. No entanto, tal período não deixa de ter um sentido dentro da própria tradição judaica: seu objetivo é expiar os pecados de Israel, acumulados em etapas históricas pretéritas, de modo que, uma vez que a Expiação se consolide (nos termos de um arrependimento profundo), de acordo com a tradição judaica, o Messias se manifeste, trazendo a bênção para o povo escolhido de Deus – que, neste caso, implicará no retorno dos judeus a Israel, no estabelecimento de um Estado independente e na construção do Terceiro Templo. Essa é a estrutura da cultura judaica da expectativa.

09/02/2021

Christian Bouchet - Intermarium: A Extrema-Direita Contra o Continente

 por Christian Bouchet

(2017)


Formulada pela primeira vez no século XIX, a ideia do Intermarium só se materializou durante o período entre guerras, antes de ser totalmente esquecida após a vitória dos Aliados. Reapareceu durante o colapso do bloco soviético e, atualmente, é ativamente apoiada pelos Estados Unidos e por uma facção minoritária da extrema-direita europeia.

Intermarium: uma velha ideia

A ideia de uma aliança ou confederação das nações da Europa Central, da costa do Mar Báltico aos Bálcãs, objetivando fazer oposição à Rússia e à Prússia, surgiu no século XIX, mas permaneceu apenas como uma perspectiva geopolítica por conta da ausência de condições políticas ou por não haver um Estado capaz de sustentá-la. No entanto, foi adotada pela nacionalista polonês Józef Piłsudski que, em 1904, durante a Guerra Russo-Japonesa, chegou a solicitar o apoio japonês para implementá-la – ao que os japoneses responderam com indiferença. A conclusão da Primeira Guerra Mundial, no entanto, com a independência da Polônia, deu a Piłsudski o posto supremo de poder (que ele a ocupou entre 1918-1922 e 1925-1935). Foi então que ele tentou, em vão, forjar uma aliança de nações soberanas, do Mar Báltico ao Mar Negro, com a finalidade de se opor à União Soviética e ao Renascimento Alemão, como também de se consolidar como um fiel aliado das potências da Europa Ocidental. Paralelamente, ele desenvolveu a doutrina do Prometeísmo, que consistia no apoio e suporte a todas as minorias nacionais que pudessem contribuir com a desintegração da URSS.