por Karl White
(2017)
Desde o início, o empreendimento filosófico tem se concentrado na morte. A filosofia nos ensina como morrer, declarou Sócrates. Segundo ele, estamos fingindo ser sábios quando tememos a morte, pois não sabemos nada sobre ela e, ao contrário de todos os nossos instintos, ela pode ser uma bênção. A filosofia também se esforçou para amenizar nossos medos, reiterando incessantemente um lembrete de nossa mortalidade: ela tenta nos elevar acima do cotidiano para fazer nossa morte parecer nada excepcional; insta-nos a uma espécie de modéstia, onde devemos lembrar que estamos comprometidos com a morte, um constante memento mori (que se traduz literalmente como 'lembre-se de morrer'). Ela tem sucesso em algum desses objetivos? Segundo o pensador romeno E.M. Cioran, a resposta é um retumbante e mortalmente não, pois, segundo ele, "a natureza não foi generosa com ninguém, exceto aqueles que ela dispensou de pensar na morte". Diante da verdadeira catástrofe, a filosofia pode ser apenas uma meditação sobre seu próprio fracasso e impotência quando confrontada com a realidade de nossa extinção.