Entrevista concedida à Free West Media
(2019)
Qual o impacto da ocupação sobre os ocupados? O liberalismo reconhece apenas uma forma de soberania: a do indivíduo. Assim, povos, nações e culturas são vistos apenas como agregados de indivíduos cujas relações essenciais são reduzidas a contratos legais e trocas no mercado. Os europeus se tornaram consumidores na esfera anglo-americana - eles não são mais cidadãos de seus respectivos países, acredita Benoist.
Sr. de Benoist, o embaixador dos EUA em Berlim, escreveu cartas de chantagem há algumas semanas para empresas alemãs envolvidas na construção do Nord Stream 2. Os americanos estão certos em se sentir em posição de força por sobre a Alemanha e a Europa?
Benoist: Os americanos se sentem fortes porque sabem que os europeus são fracos. As notícias provam todos os dias que a União Europeia não é uma potência europeia, mas apenas um mercado europeu. Neste mercado, no entanto, os americanos têm uma vantagem significativa. Um dos princípios mais importantes é a extraterritorialidade da lei americana. Isso permite que Washington se defenda de operações e influências financeiras ou comerciais. Por exemplo, vários bancos franceses foram multados em bilhões de euros por não levar em conta as sanções dos EUA contra este ou aquele país.
Pergunta curta: Seria a Alemanha, a Europa - ou melhor, a UE - um “território ocupado”?
Benoist: Sim, podemos falar em um "território ocupado", mas o termo "ocupação" é ambíguo. Nós não estamos em um tipo brutal de heteronomia, mas em um condicionamento progressivo pelo chamado “soft power”. Pode-se falar também de “colonização” - mas de uma colonização que começou com a colonização de atitudes e valores.