19/06/2019

Free West Media - Entrevista com Alain de Benoist: A Europa é uma Colônia dos Mercados Financeiros

Entrevista concedida à Free West Media

(2019)



Qual o impacto da ocupação sobre os ocupados? O liberalismo reconhece apenas uma forma de soberania: a do indivíduo. Assim, povos, nações e culturas são vistos apenas como agregados de indivíduos cujas relações essenciais são reduzidas a contratos legais e trocas no mercado. Os europeus se tornaram consumidores na esfera anglo-americana - eles não são mais cidadãos de seus respectivos países, acredita Benoist.

Sr. de Benoist, o embaixador dos EUA em Berlim, escreveu cartas de chantagem há algumas semanas para empresas alemãs envolvidas na construção do Nord Stream 2. Os americanos estão certos em se sentir em posição de força por sobre a Alemanha e a Europa?

Benoist: Os americanos se sentem fortes porque sabem que os europeus são fracos. As notícias provam todos os dias que a União Europeia não é uma potência europeia, mas apenas um mercado europeu. Neste mercado, no entanto, os americanos têm uma vantagem significativa. Um dos princípios mais importantes é a extraterritorialidade da lei americana. Isso permite que Washington se defenda de operações e influências financeiras ou comerciais. Por exemplo, vários bancos franceses foram multados em bilhões de euros por não levar em conta as sanções dos EUA contra este ou aquele país.

Pergunta curta: Seria a Alemanha, a Europa - ou melhor, a UE - um “território ocupado”?

Benoist: Sim, podemos falar em um "território ocupado", mas o termo "ocupação" é ambíguo. Nós não estamos em um tipo brutal de heteronomia, mas em um condicionamento progressivo pelo chamado “soft power”. Pode-se falar também de “colonização” - mas de uma colonização que começou com a colonização de atitudes e valores.

04/06/2019

Alain de Benoist - Soldado, Trabalhador, Rebelde, Anarca: Uma Introdução a Ernst Jünger

por Alain de Benoist

(1997)



Nos escritos de Ernst Jünger, quatro grandes figuras aparecem sucessivamente, cada uma correspondendo a um período bastante distinto da vida do autor. Eles são, cronologicamente, o Soldado do Front, o Trabalhador, o Rebelde e o Anarca. Através dessas figuras, pode-se adivinhar o interesse apaixonado que Jünger sempre manteve em relação ao mundo das formas. Formas, para ele, não podem resultar de ocorrências fortuitas no mundo sensível. Em vez disso, as formas guiam, em vários níveis, os modos pelos quais os seres sensíveis se expressam: a “história” do mundo é, acima de tudo, morfogênese. Ademais, como entomólogo, Jünger estava naturalmente inclinado a classificações. Para além do indivíduo, ele identifica a espécie ou o tipo. Pode-se ver aqui um tipo sutil de desafio ao individualismo: "O único e o típico excluem um ao outro", escreve ele. Assim, como Jünger vê, o universo é um em que as Figuras dão às épocas seu significado metafísico. Nesta breve exposição, gostaria de comparar e contrastar as grandes Figuras identificadas por Jünger.