20/07/2012

A Paz Mundial é Possível?


por Oswald Spengler

A questão de saber se a paz mundial será um dia possível só pode ser respondida por alguém familiarizado com a história mundial. Estar familiarizado a história mundial significa, no entanto, saber como os seres humanos têm sido e sempre serão. Há uma grande diferença, que a maioria das pessoas nunca vai compreender, entre ver a história futura como ela vai ser e ver como gostaríamos que ela fosse. Paz é um desejo, guerra é um fato; e a história nunca reparou nos ideais e desejos humanos.

A vida é uma luta envolvendo plantas, animais e humanos. É uma luta entre indivíduos, classes sociais, povos e nações, e pode tomar a forma de competição econômica, social, política ou militar. É uma luta pelo poder de fazer sua vontade prevalecer, explorar essa vantagem, ou avançar com sua opinião do que é justo ou conveniente. Quando todos os outros meios falham, um recurso será usado uma e outra vez até o fim: violência. Um indivíduo que usa a violência pode ser chamado de criminoso, uma classe pode ser chamada de revolucionária ou traidora, um povo pode ser chamado de sanguinário. Mas isso não altera os fatos. O comunismo moderno chama suas guerras de “levantes”, nações imperialistas descrevem as suas como “pacificação dos povos estrangeiros”. E se o mundo existisse como um estado unificado, as guerras seriam chamadas de “levantes”. As distinções são puramente verbais.

Falar de paz mundial hoje somente é possível entre os povos brancos, e não entre os muito mais numerosos povos de cor. Este estado de coisas é perigoso. Quando pensadores individuais e idealistas falam de paz, como tem feito desde tempos imemoriais, o efeito é sempre insignificante. Mas quando povos inteiros se tornam pacifistas, é um sintoma de senilidade. Raças fortes e por utilizar não são pacifistas. Adotar tal posição é abandonar o futuro, pois o ideal pacifista é uma condição estática e terminal que é contrária aos fatos básicos da existência.

Enquanto o homem continuar a evoluir haverão guerras. Se os povos brancos se tornarem tão cansados da guerra que seus governos não possam mais incitá-los a travá-la, a terra cairá inevitavelmente como vítima dos homens de cor, assim como o Império Romano sucumbiu aos Germânicos. Pacifismo significa deixar o poder para não-pacifistas inveterados. Entre os últimos sempre haverão homens brancos – aventureiros, conquistadores, líderes – que aumentam com todos os acontecimentos. Se uma revolta contra os brancos ocorresse hoje na Ásia, muitos brancos se juntariam aos rebeldes simplesmente porque eles estão cansados de viver em paz.

Pacifismo continuará um ideal, e a guerra um fato. Se as raças brancas resolverem nunca mais fazer a guerra, os homens de cor atuarão diferente e serão os governantes do mundo.