29/10/2011

Eduard Alcántara - A Luta Interior

por Eduard Alcántara


Muitas vezes, quando pretendemos oferecer uma alternativa ao mundo decrépito no qual coube-nos viver, apresentamos as soluções econômico-político-sociais que acabariam com o trambolho que oprime-nos exteriormente e esquecemo-nos de que também existe outro gênero de opressão, muito mais profunda, que impede-nos de sermos livres no sentido menos formal e mais existencial deste termo. E é que ao longo de séculos de decadência de nossa civilização o homem tem, paulatinamente, embrutecido-se, por um lado, e, por outro, submetendo-se aos influxos caóticos do submundo emocional que irrompe desde os estratos mais abismais de nossa mente.

Se queremos apresentar uma alternativa integral aos tempos corrosivos que denigrem-nos e escravizam-nos temos que começar por travar a grande batalha: a batalha interna que conduza à vitória do imutável, do fixo, do imóvel e do eterno frente ao variável, frente ao marasmo que flui sem rumo fixo, frente ao perecedouro e frente ao mutável e mutante. Que faça vencer ao impassível e estável frente ao instável e contraditório. Que consiga o triunfo do Espírito, da Alma, da Shakti do hinduísmo, do Nous dos gregos, do Alto frente aos baixos impulsos e instintos, frente ao emocional, o passional, os sentimentos descontrolados e cegadores, frente ao baixo.

Temos que conseguir poder utilizar todo o embragador e sugestivo que oferece-nos maliciosamente o ruinosos mundo que rodeia-nos como se tratasse-se de provas a superar que robusteçam-nos interiormente. Temos que trilhar nossa via, nosso Do, nosso caminho iniciático enfrentando-nos aos monstros e titãs, medos e fraquezas que habitam em nosso interior e que são despertados, sublevados, açulados e esporeados por este falso mundo de Maya, segundo, novamente, o hinduísmo, que chega-nos através dos sentidos. Temos de converter o veneno em remédio. Que o que não destrua-nos, torne-nos, cada vez, mais fortes! Que o herói solar derrote à besta, ao animal primário que levamos dentro! Cavalguemos o tigre de nossas debilidades! Dominemo-lo! Que ele não submeta-nos! Que não despedace-nos com suas terríveis garras! Que não destrua-nos! Cavalguemo-lo até que morra de cansaço e desista em seus propósitos! Até que caia submisso diante de nós; diante e sob nossos pés! Destruamos em nosso foro interno o que ele simboliza e, assim, nosso Espírito assenhorar-se-á de nós! Deste modo nossa alma será um espelho do Espírito e não um receptáculo do imundo que subjuga-nos e converte-nos em míseros anões que arrastam-se ao longo de uma pútrida existência. Sejamos cavaleiros invencíveis e heróis indômitos! Façamos guarda perpétua! Sejamos guerreiros de ademã impassível! Que nada consiga alterar-nos! Tenhamos robustez marmórea! Renasçamos para o Suprassensível através de uma vontade granítica! A luta encarniçada contra o tigre existe somente para os homens combativos que querem alcançar a Imortalidade; ainda em vida. Eterno combate metafísico!

O do Bem contra o Mal. O do Solar contra o Lunar. O do Espírito contra a Matéria. O do Vertical contra o Horizontal. O do Urânico contra o Telúrico, contra o Pelásgico, contra o Ctônico. O do Olímpico e Heróico contra o Titânico. O dos Aesir contrao os Gigantes. O do Aristocrático contra o Demônico. O do Viril contra o Afeminado. O do Diferenciado contra o Igualitário. O do Orgânico contra o Inorgânico. O do Hierárquico contra o Anárquico. O da Qualidade frente à Quantidade. O do que tem forma frente ao informe, amorfo, indiferenciado. O do Homem frente a Massa. O da medida, do equilíbrio e da proporção frente à desmesura, o desequilíbrio e o desproporcional. O do lacônico frente ao ostentoso e enfastiante. O da sensatez frente à insensatez. O da constância frente à inconstância. O do vigor frente a abulia. O do valor frente à covardia. O do inacessível ao desalento frente ao derrotista e à moleza. O da firmeza frente à pusilanimidade. O da cordura frente ao impulsivo. O da temperança frente à concupiscência e ao desenfreio. O da serenidade frente à voluptuosidade. O da linha frente à curva. O do reto frente ao torto. O da sobriedde frente à ebriedade. O do impertérrito frente ao volúvel. O da ética, do estilo e da retidão frente à imoralidade e a corrupção. O da Virtude frente ao vício. O do senhorial frente ao grosseiro. O da franqueza e da sinceridade frente ao velhaco e ao engano. O da nobreza frente à ruindade. O da austeridade frente ao luxo. O de Esparta frente a Sodoma. O da Idéia frente ao capricho. O do patriarcal frente ao matriarcal. O do Imperium frente ao tribal. O do guibelino frente ao guelfo. O do Acima frente ao abaixo. O do Suprassensível frente ao sensível ou sensitivo. O do Metafísico frente ao físico. O da Consciência frente ao inconsciente e ante o subconsciente. O do Super-Homem contra o homenzinho moderno. O da Luz do Norte contra a luz do sul.

Em definitiva: Nosso Combate! Nossa Luta!